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Paper sobre a ralé

Por:   •  30/9/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.988 Palavras (12 Páginas)  •  912 Visualizações

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No Brasil da Ralé.¹ 
SOUZA, Jessé. A Ralé Brasileira; Quem é e como vive.
 
Atualmente no cenário nacional, é corriqueiro ouvirmos dizer por aí que os problemas sociais e políticos do Brasil já são conhecidos. Correntemente, defende-se também a tese de que tais problemas só não puderam ser resolvidos ainda por terem sua gênese em tão longínqua data, não se dissolvendo, portanto, de uma maneira simples, ou em tão pouco tempo. 
Para Jessé Souza tais teses, intimamente relacionadas, não poderiam ser mais falsas. Elas formam o núcleo da violência simbólica brasileira – aquele tipo de violência que não aparece enquanto tal – que torna possível a naturalização da imensa desigualdade social brasileira. Esta desigualdade, diferentemente das velhas formas imaginadas, se estabelece através de meios modernos, e seus agentes em muito diferem das imagens que são ‘vendidas’ nos debates e compradas pelos indivíduos. 
Para o autor, a mera quantificação utilizada hoje em dia por cientistas, jornalistas e políticos, longe de esgotar o debate, borra uma realidade social de natureza já opaca. 
Uma visão economicista e redutoramente quantitativa, como a que se tem hoje, não permite enxergar os verdadeiros conflitos existentes. Neste sentido, é comum, por exemplo, que se veja o mercado como virtuoso, e a vida política como inerentemente corrupta. Por essa concepção, acredita-se que uma melhora nos índices econômicos pode promover também uma melhora nos índices sociais, fazendo crer que a doença do Brasil seria econômica, e não social. Sobre os limites desta concepção, Jessé Souza assinala: “Esconder os fatores não econômicos da desigualdade é, na verdade, tornar invisível as duas questões que permitem efetivamente “compreender” o fenômeno da desigualdade social: a sua gênese e a sua reprodução no tempo.” (SOUZA, 2011, p. 18). 
Ainda na introdução do livro, o autor destaca como a meritocracia se mostra como a mais eficiente ideologia legitimadora das desigualdades brasileiras, acentuando como as camadas sociais mais baixas na estratificação social (a ralé) valorizam e ratificam o julgamento que as condena. 
Antes de iniciar os capítulos que efetivamente versam sobre a ralé, Jessé Souza inicia uma incursão sobre o cenário em que está inscrita a ralé, no qual se reproduz sem que seja sequer reconhecida ou tematizada. Na Parte 1 do livro, de título: “O Mito Brasileiro e o Encobrimento das Desigualdades”, o autor trata especialmente da gênese do mito nacional, seus ecos na ciência e no senso comum, e da tradição científica no Brasil.

No Capítulo 1, A Construção do Mito da Brasilidade, o autor trata do mito fundante nacional, e das prováveis influências que este sofreu e que o constituíram. Todas as nações possuem um mito fundante como fonte de solidariedade entre seus “concidadãos”. O povo da hospitalidade, da alegria, do calor humano e do sexo é o povo brasileiro. Todavia, a construção de um mito nacional que promovesse a solidariedade entre um povo mestiço em um cenário em que a mestiçagem representava, mesmo em teses científicas, uma barreira intransponível ao progresso da nação, não era uma missão nada fácil. Tanto que o primeiro mito fundante nacional exaltava a riqueza natural do território brasileiro; nada associável ao “povo”, de modo que este povo pudesse se ver e ser visto como uma unidade em si. 
Posteriormente, realizando uma inversão dos valores culturais, Gilberto Freyre será responsável pela criação do mito nacional, exaltando a plasticidade herdada da colonização lusitana, que possibilitava a convivência pacífica entre os povos mestiços e os não mestiços. A tese de Freyre encontra apoio nos interesses do estado reformista de 
Vargas e acaba tendo grande influência e repercussão em seu contexto. O corolário desta tese, que servirá de apoio a outras teses nacionais, já é salientado aqui: a aversão ao conflito, mesmo em áreas onde este conflito parece indispensável, como a política ou nos debates intelectuais. 

No Capítulo 2, Jessé Souza trata da relação entre o mito da brasilidade, o senso comum e a justificação da desigualdade. A gênese da identidade nacional é fundamental para compreender como a sociedade e seus membros percebem a si próprios. Assim, o mito do pertencimento nacional faz parte de um “núcleo político” do senso comum. 
Além destas fontes de identidade nacional, existem fontes do “tipo de personalidade” modernas que são comuns a época e ao sistema social. Como exemplo, a meritocracia é fonte ideológica dominante no mundo moderno, funcionando como a chave da consagração do indivíduo, descolado de sua origem social. Feita esta separação, toda uma “economia moral” que permite a incorporação de valores modernos é esquecida. Num contexto onde a ralé não é capaz de alimentar nem materialmente, nem moralmente seus filhos, e a competição entre indivíduos é tomada como justa e as possibilidades de ascensão ou declínio social são vistas sempre atribuindo valores inerentes à pessoas das mais divergentes origens sociais, o autor pontua o objetivo do livro: “contribuir para a explicitação de nossas contradições e conflitos reprimidos (...) fortalecer a consciência crítica de uma sociedade construída para rejeitar e odiar qualquer crítica.” (SOUZA, 2011, p. 18). 

No Capítulo 3, intitulado: Como o Senso Comum e a “Brasilidade” se Tornam Ciência Conservadora, Jessé Souza trata mais detalhadamente a forma como uma visão do senso comum influencia uma auto percepção que dificulta uma melhora nos índices sociais, e como a pseudo ciência feita no Brasil, legitima, em termos científicos, as desigualdades da sociedade brasileira. Para o autor, uma visão crítica é a chave para o processo de crescimento tanto dos indivíduos como das sociedades. Em nosso contexto, entretanto, evitamos sempre as contradições e os conflitos, e os bens simbólicos que consumimos exemplificam esta dualidade moral novelizada e sensacionalista que reproduzimos nas diversas áreas de nossas vidas. 
Criticando a ciência produzida hoje no Brasil, Jessé afirma que esta em nada difere do senso comum senão em forma. Tomando Gilberto Freyre como pai do DNA simbólico nacional, o autor põe Sérgio Buarque de Holanda como seu grande sistematizador. Segundo ele, Sérgio Buarque inverte os valores presentes na obra Freyre, e opõe o homem cordial de seu esquema ao protestante ascético americano. 
Tanto para Sérgio Buarque como para todos os cientistas liberais que seguem esta tradição científica pseudo crítica, o Brasil estaria condenado por uma “mal de origem” português. 
Nas críticas de Jessé Souza, o mesmo racismo existente nas teorias racistas do século XIX que condenavam as nações mestiças pela “impureza” de seu povo, condenavam o Brasil e outras nações culturalmente inferiores por sua condição. Apesar de todos os aspectos pejorativos, a tal brasilidade deve oferecer aos indivíduos alguma característica moral positiva para a sua integração. Daí a visão do brasileiro como mais humano, caloroso, hospitaleiro e até mesmo mais sensual. 
A tradição culturalista vê a sociedade como emocionalmente integrada, não havendo distinções entre os indivíduos de diferentes classes que não a renda. Este homem cordial de Buarque desenvolve suas potencialidades negativas apenas quando está no governo, sendo só virtudes no mercado. A base do sucesso deste conceito se dá em dois pontos-chave: permite a ilusão do conhecer, e ao mesmo tempo a externalização da culpa para um sujeito neutro e inexistente. 
Ao final do capítulo, o autor retorna ao seu argumento da importância das relações afetivas para a incorporação destas teorias pseudo científicas, tentando explicar como toda uma economia moral que é recebida desde a mais tenra idade pelos filhos das classes mais abastadas facilita o processo de incorporação das qualidades premiadas em uma instituição moderna, e como, no processo contrário, os filhos da ralé não possuem sequer a possibilidade de incorporação destas qualidades que todos atestam e glorificam, inclusive estes últimos. 

No Capítulo 4, A Tese Patrimonialista, o autor fala sobre os ecos da tese de Sérgio Buarque na ciência social atual. Tendo como exemplo a obra de Alberto Almeida, chamada: A Cabeça do Brasileiro, que alia à tese patrimonialista a teoria da modernização, Jessé Souza fala das limitações da obra de Almeida. 
Seguindo a mesma taxação moral que opõe o homem cordial ao protestante ascético, permanece em sua obra também a percepção do “mal de origem” português como a eterna condenação do povo brasileiro. Como um contraponto ao Brasil e os seus limites culturais intransponíveis, aparece os Estados Unidos da América, exaltados mesmo em áreas onde não possuem bons índices sociais para serem tomados como exemplo. 
Ainda critica a crença de Alberto Almeida em instituições como a escola individualmente considerada, retirada de todo um contexto social no qual os seus alunos estão envolvidos. Por fim, argumenta que visões como a de Almeida só servem para a manutenção e justificação de privilégios e interesses particulares. 
A interpretação patrimonialista, apesar de dominante, não é a única que existe atualmente no debate nacional. No Capítulo 5, intitulado: Os Limites do Politicamente Correto, Jessé Souza fala da tese “politicamente correta” e dos seus limites científicos. A interpretação “politicamente correta”, como será chamada, opera a mesma inversão especular vista anteriormente, atribuindo virtudes aos pobres. 
Como não faz uso de uma análise teórica minuciosa, a visão politicamente correta busca sustentação em uma moral superior mais preocupada com a imagem do que com os efeitos destes trabalhos científicos. A Teodiceia do oprimido por vezes pode surtir efeito mais devastador que a pseudo crítica patrimonialista, agindo de forma parasitária e tomando a miséria social como valores absolutos de virtude. 
Um bom cientista que pode ser enquadrado ao que aqui tem se definido como politicamente correto, Luiz Eduardo Soares, antropólogo, especialista na “área da violência”, constata a relação existente entre violência e desigualdade social, que apesar de parecer óbvia para um grande número de pessoas, é negada por vezes por alguns estudiosos. 
Ainda que estimulado por interesses científicos inegáveis, Soares também não consegue romper a barreira do politicamente correto. Ao invés de denunciar a desigualdade, apresenta alternativas a ela. 
Deste esforço politicamente correto, pontua o autor, resulta um assistencialismo míope e de curto prazo, que apela a um suposto esforço humanitário, que tem, todavia pouca capacidade crítica, como conclui o capítulo. 

Na Parte 2 do livro, chamada O Brasil Além do Mito, Jessé Souza começa a delinear enfim qual será sua perspectiva, contendo já também os resultados dos trabalhos de diversos pesquisadores sobre a ralé. 
O primeiro passo para a construção de uma nova visão da realidade, para Jessé Souza, é a quebra com a percepção do Brasil a partir do mito. Este não é essencialmente mal, mas também não o é científico. A singularidade brasileira é relativa e não absoluta. Esta relativização nos permite a comparação da situação nacional com outras nações sem, todavia esbarrarmos na prisão do mal de origem. 
Diferentemente do culturalismo, onde a cultura é a mesma do Portugal de 1500 e nós nunca vivenciamos a modernidade, devem ser investigados os nossos traços especificamente modernos que garantem, por exemplo, a manutenção dos privilégios de classe. Mercado e Estado têm fundamentalmente o seu peso na formação social atual, mas não na configuração moral dual que julga o patrimonialismo. 
Estas instituições efetivamente comandam nossas vidas, e o fazem por que assim desejamos os benefícios oferecidos a quem busca a ascensão social pelas instituições. Tais instituições, longe de serem neutras, possuem uma hierarquia valorativa que determina quais são os valores morais recompensados e quais são os punidos. 
Buscando a gênese de possíveis fontes de identidade presentes em instituições em todo o mundo, e que influenciam fundamentalmente as instituições modernas brasileira e, sucessivamente, o senso comum, o autor cita duas fontes morais resultantes de importantes processos históricos. A primeira é a Reforma Protestante, que operou uma reforma moral nas sociedades, e que se tornou uma herança das sociedades especificamente modernas. Outra herança moral é o movimento chamado por Taylor de 
expressivismo e muito influenciou nas artes e no comportamento social. 
Essas características, como as fontes de valor moral que permeiam todas as sociedades modernas, são falseadas pelo discurso culturalista, e ainda são postas como indícios de uma pré-modernidade nacional. Desta forma, Jessé Souza avalia que por estas mesmas prerrogativas morais modernas ditas anteriormente, é julgada, condenada e sentenciada diariamente uma parcela de um terço da população brasileira. 
A ralé, ainda que aceite o julgamento e reproduza o discurso que lhe condena, como demonstrarão os capítulos que se sucedem, não pode em sua maioria garantir nem a honra do trabalho nem a expressividade do seu sentimento ou de seu corpo. 
Os Capítulos sobre a ralé, feitos por diferentes autores, se dividem em três partes. As Mulheres da Ralé, Os Homens da Ralé e A Má-fé Institucional. Em As Mulheres da Ralé, o texto de Emerson Rocha e Maria Teresa Carneiro; “Do Fundo do Buraco”, O Drama Social das Empregadas Domésticas, fala da história de Leninha, uma menina da ralé que, após um casamento frustrado, ainda muito jovem, vai trabalhar como doméstica na casa de uma família de classe média na capital. O texto acompanha toda a sua trajetória e as suas aspirações, que se modificam também de acordo com a condição enfrentada por esta. 
O Capítulo 7, ao realizar uma investigação muito próxima a vida de Leninha, mostra como um julgamento antecipado das condições e escolhas que fazem estes indivíduos reforçam os preconceitos e de nada ajudam para compreender por que estas pessoas agem e pensam da maneira que o fazem. 

No Capítulo 8, A Miséria do Amor dos Pobres, Emanuelle Silva, Roberto Torres e Tábata Berg falam dos relacionamentos no subúrbio, partindo das experiências pessoais de duas adolescentes da ralé, falando de como estas adolescentes, não conseguindo a garantia do amor pelos pais, dentro de casa, buscam nos relacionamentos afetivos, a salvação de suas vidas, utilizando da única arma (arma dos fracos por excelência) que dispõe neste jogo que representa efetivamente um jogo de vida ou morte para estas meninas; o seu corpo hipersexualizado.

No Capítulo 9, A Dor e o Estigma da Puta Pobre, Patricia Mattos fala da prostituição na ralé, como as mulheres iniciam nesta vida, as humilhações pelas quais passam e os abusos que passaram ainda quando deveriam ser acolhidas no núcleo familiar. A prostituição como profissão na ralé é tão marginalizada quanto em outras camadas sociais. Os membros da ralé fazem de tudo para se afastar da delinquência  e são vistos com extremo desprezo quando não conseguem garantir um mínimo de decência para suas vidas. 

No Capítulo 10, chamado: “O Crente e o Delinquente”, Emerson Rocha e Roberto Torres falam da trajetória de um menino da ralé que, dentro de um ambiente familiar onde não consegue nem o estímulo nem o exemplo do sucesso escolar, tem suas primeiras experiências por fora do ambiente escolar, até largar de vez a escola e entrar para a delinquência. Depois de sofrer neste último universo, tendo sido preso e quase tendo morrido, converte-se na Igreja Universal do Reino de Deus. Os autores mostram como nas diversas etapas de sua vida, por não desenvolver nenhuma atividade de progressão linear, o rapaz continua apostando na conversão mágica da sua vida, em outra realidade tão sonhada e tão distante. 

No Capítulo 11, Fabrício Maciel e Andre Grillo falam da vida dos catadores de lixo, exemplificando o preconceito que estes sofrem que não distingue qual o real efeito da atividade executada por estes, apenas os condena pela condição social na qual estão imersas as pessoas que optam por esta atividade, ainda que pelo desespero e sofrendo por seus próprios preconceitos pela profissão. 

Na Má-fé institucional, Lorena Freitas, Lara Luna e Priscila Coutinho, as autoras dos Capítulos 12, 13 e 14 respectivamente, exemplificam como as instituições brasileiras estão permeadas pelos mesmos preconceitos e hierarquias que se encontram fora delas, nos indivíduos das mais distintas classes. Lorena Freitas, ao falar da escola, A Instituição do Fracasso, mostra como a exclusão intra muros e um clima de hostilidade e descaso entre os professores e alunos só ajuda a desfazer as possibilidades de ascensão por meio da escola. Lara Luna, em “Fazer Viver e Deixar Morrer”, A Má-fé da Saúde Publica no Brasil, também trata dos descasos e da hostilidade pelos quais passam os membros da ralé que necessitam muitas vezes do atendimento da saúde pública, que sequer enxergam no direito de exigir melhores condições no sistema de saúde pública. Priscila Coutinho, no Capítulo 14, ao falara da Má-fé da Justiça, também exemplifica os abusos sofridos pela ralé, tal qual os catadores de lixo, mais condenado pela condição social em que estes se encontram do que pelo peso de suas ações, a justiça no Brasil responde as pressões sofridas pela sociedade, que cobra constantemente que a ralé, inerentemente má e perversa, na condição de delinquente em potencial, sofra o julgamento que assim deve ser aplicado. 

Sobre o racismo, no Capítulo 15 Emerson Rocha fala das experiências vividas por estudantes de uma escola pública em Minas Gerais, que sintetizaram a construção de uma narrativa idealizada, mas que facilmente seria emparte ou outra, vivida pelos membros da ralé. Estas experiências de racismo se dão dentro da própria família, por vezes por parentes muito próximos como tios, pais e mães. Este preconceito se dá muitas vezes reforçando características físicas que não podem ser esquecidas por aqueles que as carregam. Não se limitando a cor, características físicas que possam ser associadas a alguma descendência negra são motivo de chacota e de humilhação entre os indivíduos que sofrem com o racismo na ralé. 
Na Conclusão do livro, Jessé Souza fala da Má-fé da Sociedade e da Naturalização da Ralé. Retomando os argumentos iniciais, agora apoiados nos exemplos extraídos dos capítulos que contam o sofrimento da ralé. 
O maior objetivo traçado do livro a ser alcançado, como define o autor, é a compreensão da violência simbólica que sofre cotidianamente a ralé brasileira e os excluídos de todo o mundo. 
Os argumentos do livro mostram como a percepção de mundo que temos hoje reafirma as posições sociais dos indivíduos e todas as vivências que estas posições acompanham, sejam os privilégios ou o “fundo do poço”. Ainda que não exista uma elite má, a existência de consensos sociais inarticulados, que perpassam todas as classes, favorecem em geral as classes média e alta que se utilizam da ralé como mero corpo, ainda que para a justificativa de su
a felicidade.

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