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A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL PRÁTICAS E DESAFIOS

Por:   •  16/9/2022  •  Monografia  •  5.058 Palavras (21 Páginas)  •  120 Visualizações

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LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL – PRÁTICAS E DESAFIOS

Franciane Heiden Rios – franciane_rios@hotmail.com

Resumo

No presente artigo pretende-se discutir a importância da Literatura na Educação Infantil e analisar algumas das práticas observadas nesses espaços, bem como, evidenciar a necessidade de reflexão acerca de tais práticas, principalmente, no que se refere à intenção docente e à organização de tais propostas. Nesse sentido recorre-se à literatura sobre o tema, na expectativa de elucidar minimamente o valor social atribuído à leitura e à escrita fazendo com que tais práticas ganhem espaço nos documentos legais que regem tal etapa da educação básica. Etapa essa, que necessita de uma breve caracterização no decorrer do desenvolvimento desse texto, afinal, é dotada de especificidades históricas que permitem entender, e muito, as práticas que serão discutidas. No que se refere aos desafios, a análise da realidade encontrada nesses espaços, como será apresentado em evidência na conclusão desse texto, permite vislumbrar um ambiente de imensas possibilidades, um terreno fértil que, além de implantação de novas práticas, necessita refletir sobre as que já efetiva, revendo comportamentos, conceitos e, principalmente, a evidência da necessidade eminente de formação continuada dos profissionais que atuam na educação infantil.

Palavras-chave: Literatura; Educação Infantil; Propostas didáticas.


Introdução

Discutir literatura na educação é complicado. Afinal, no inconsciente coletivo de todos os educadores, professores e profissionais da educação, ler é fundamental e, portanto, indiscutível a importância dessa prática no espaço escolar desde o início, desde a educação infantil. Porém, sabe-se, também, conforme estudo divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE)[1] que, apenas, 41% dos profissionais da educação lê com certa frequência, ao menos, um livro por mês. O percentual é muito baixo, menos da metade de um corpo docente responsável por formar os futuros leitores tem a prática da leitura como algo vigente em sua vida.

É nesse cenário que se discutem as práticas voltadas a inserção da literatura na educação infantil. Não se pretende aqui, discutir esses aspectos profundamente, afinal, seriam necessários diversos estudos históricos do modelo educacional e de políticas públicas. Apenas pretende-se evidenciar tal lapso de formação e de hábito leitores, seja por parte dos profissionais da educação, dos familiares, das crianças, enfim, de toda uma sociedade brasileira, para que se possa entender o porquê da dificuldade ainda encontrada na escola diante dessa prática.

Assim, no decorrer das discussões aqui propostas, pretende-se analisar algumas das práticas desenvolvidas em Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) voltadas à promoção e ampliação da Literatura Infantil, seja na utilização enquanto recurso didático ou como incentivo ao hábito leitor. Para tanto, na primeira parte desse artigo, serão retomados conceitos importantes para essa análise, reiterando as referências teóricas utilizadas durante a observação e a pesquisa. Por fim, se fará uma reflexão acerca do cuidado pedagógico recebido pela literatura infantil nos CMEIs, identificando se, realmente, as propostas estabelecidas prezam pela formação de leitores.

Primeira parte – A literatura e a concepção de Educação Infantil

Sabe-se que a base política da Educação Infantil, assim como de qualquer outra política pública (CAMARGO, 2012; SUZINA, 2012), é determinada pela influência dos fatos sociais e políticos ao longo da história, no caso da educação, também, pela concepção de infância e de educação vigentes. Atualmente, portanto, concebe-se a Educação Infantil sob a ótica da LDB 9394/96, segundo análise de Kramer (1992), a qual prevê, em seu texto a:

Concepção, implementação, sistematização e difusão de propostas pedagógicas para o trabalho com crianças de 0 a 5 anos que deem conta, simultaneamente, da diversidade sociocultural, do processo de desenvolvimento e aprendizagem infantil e dos conhecimentos relativos ao mundo físico e social. A implementação de tais propostas deve garantir a articulação do trabalho realizado entre creches e pré-escolas e entre pré-escolas e escolas de primeiro grau, incentivando e apoiando a pesquisa. (KRAMER, p. 130, 1992)

É, portanto, visível a concepção educativa e articulada da Educação Infantil para as instâncias superiores do país. Mesmo assim, ainda é visível no dia a dia dos educadores e professores o ranço assistencialista que envolve os anos iniciais da educação básica. Afinal, foram anos atribuindo a essa etapa de ensino a exclusiva função do cuidado. Nesse sentido Kuhlmann apud Souza (1996, p. 26) relembra que: “[...] as creches, asilos e jardins de infância eram propostos como parte de um conjunto de iniciativas destinadas à população pobre, que compunham uma nova concepção assistencial [...]”.  

Nesse cenário conflitivo, no qual as instituições de Educação Infantil buscam sua identidade e a dose real possível entre o cuidar e o educar, a literatura é vista e discutida nos documentos referência do trabalho pedagógico, como por exemplo, no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Sobre o tema são tidos como objetivos:

Crianças de zero a três anos

As instituições e profissionais de educação infantil deverão organizar sua prática deforma a promover as seguintes capacidades nas crianças: [...]

• interessar-se pela leitura de histórias;

• familiarizar-se aos poucos com a escrita por meio da participação em situações nas quais ela se faz necessária e do contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos etc.

Crianças de quatro a cinco anos

Para esta fase, os objetivos estabelecidos para a faixa etária de zero a três anos deverão ser aprofundados e ampliados, promovendo-se, ainda, as seguintes capacidades nas crianças: [...]

• familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de livros, revistas e outros portadores de texto e da vivência de diversas situações nas quais seu uso se faça necessário;

• escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor;

• interessar-se por escrever palavras e textos ainda que não de forma convencional;

• escolher os livros para ler e apreciar. (BRASIL/MEC, 1998, p. 131)

 Diante do exposto, nada se tem a discutir sobre a presença da literatura na educação infantil. Ela está onde deve estar: desde o berçário. O que se deve discutir, porém, é o encaminhamento pedagógico com que a literatura é tratada nos CMEIs, afinal, trata-se de um espaço de educação formal, no qual práticas, tempos e espaços devem ser pensados, planejados e organizados pensando na aprendizagem da criança. Diante disso, optou-se por fracionar o olhar dessa prática em duas possibilidades: a literatura enquanto recurso didático e a literatura enquanto prática de formação de leitores.

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