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PERCEPÇÕES ARTÍSTICAS E CULTURAIS: A Identidade em Questão

Por:   •  19/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.184 Palavras (5 Páginas)  •  302 Visualizações

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PERCEPÇÕES ARTÍSTICAS E CULTURAIS

A identidade em questão [1] 

        A questão da identidade está sendo extensamente discutida na teoria social. Em essência, o argumento   é o seguinte: as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. A assim chamada "crise de identidade" é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social.  

(Stuart Hall, 2006, p. 7)

         O propósito do autor no livro A identidade Cultural na Pós-modernidade é, segundo suas próprias palavras, explorar algumas das questões sobre a identidade cultural na modernidade tardia e avaliar se existe uma "crise de identidade", em que consiste essa crise e em que direção ela está indo.   O livro se volta para questões como: Que pretendemos dizer com "crise de identidade"? Que acontecimentos recentes nas sociedades modernas precipitaram essa crise? Que formas ela toma? Quais são suas consequências potenciais?

A crise de identidade

Hall é simpático à afirmação de que as identidades modernas estão sendo “descentradas”, isto é, deslocadas ou fragmentadas. No entanto, alerta que o conceito de “identidade” trata de um fenômeno social extremamente complexo e ainda não foi definitivamente posto à prova.

Qual o argumento apresentado pelos que afirmam que as identidades modernas estão entrando em colapso?  

O que diz Stuart Hall (2006, p. 9) a esse respeito:

Um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como   indivíduos sociais. Estas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a ideia que ternos de nós próprios como sujeitos integrados. Esta perda de um "sentido de si" estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento — descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos — constitui uma "crise de identidade" para o indivíduo.

        Hall entra no debate sobre o processo de mudança conhecido como globalização e analisa seu impacto sobre a identidade cultural.

 

Quando “tudo que é sólido se desmancha no ar”

        Para Hall as sociedades modernas são por definição sociedades de mudança constante, rápida e permanente, o que as distingue profundamente das sociedades “tradicionais”.   A interconexão social que temos hoje alterou e muito nossa existência cotidiana. Algumas palavras procuram dar conta dessa nova condição, são elas: descontinuidade, fragmentação, ruptura e deslocamento. Pense um pouco sobre isso: qual a principal percepção das pessoas a sua volta sobre o mundo de hoje?

        Para tornar a discussão menos abstrata, o autor apresenta um caso que ilustra as consequências políticas da fragmentação ou “pluralização” de identidades.

Em 1991, o então presidente americano, Bush, ansioso por restaurar uma maioria conservadora na Suprema Corte americana, encaminhou a indicação de Clarence Thomas, um juiz negro de visões políticas conservadoras. No julgamento de Bush, os eleitores brancos (que podiam ter preconceitos em relação a um juiz negro) provavelmente apoiaram Thomas porque ele era conservador em termos da legislação de igualdade de direitos, e os eleitores negros (que apoiam políticas liberais em questões de raça) apoiariam Thomas porque ele era negro. Em síntese, o presidente estava "jogando o jogo das identidades".   Durante as "audiências" em torno da indicação, no Senado, o juiz Thomas foi acusado de assédio   sexual por uma mulher negra, Anita Hill, uma ex-colega de Thomas. As audiências causaram um escândalo público e polarizaram a sociedade americana. Alguns negros apoiaram Thomas, baseados na questão da raça; outros se opuseram a ele, tomando como base a questão sexual. As mulheres negras estavam divididas, dependendo de qual identidade prevalecia: sua identidade como negra ou sua identidade como mulher. Os   homens negros também estavam divididos, dependendo de qual fator prevalecia: seu sexismo ou seu liberalismo. Os homens brancos estavam divididos, dependendo, não apenas de sua política, mas da forma   como eles se identificavam com respeito ao racismo e ao sexismo. As mulheres conservadoras brancas   apoiavam Thomas, não apenas com base em sua inclinação política, mas também por causa de sua oposição ao feminismo. As feministas brancas, que frequentemente tinham posições mais progressistas na questão da   raça, se opunham a Thomas tendo como base a questão sexual. E, uma vez que o juiz Thomas era um   membro da elite judiciária e Anita Hill, na época do alegado incidente, uma funcionária subalterna, estavam   em jogo, nesses argumentos, também questões de classe social.   A questão da culpa ou da inocência do juiz Thomas não está em discussão aqui; o que está em   discussão é o "jogo de identidades" e suas consequências políticas. (2006, p. 18-20)

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