Resenha do Filme 100 metros

O filme 100 metros é uma produção de 2016 que conta a história verídica de Ramón Arroyo, um homem de 35 anos que é diagnosticado com esclerose múltipla, mas a sua incapacidade em aceitar os limites que a doença e os médicos querem lhe impor é o grande estopim para todo o desenrolar da história.

No início do tratamento ouve de outro paciente que em pouco tempo não conseguiria sequer caminhar 100 metros, disposto a mudar seu destino, começa a sua jornada de sofrimento e luta contra as limitações dos movimentos e das previsões médicas através, inicialmente, de fisioterapia e depois pelo esporte.

Outra história de fundo é a relação difícil de Ramón com o sogro, um aposentado amargurado pelas dores do passado, mergulhado no vício pelo álcool e que acha que a filha não foi feliz na sua escolha de marido. Por insistência de sua esposa, Inma, Ramón passa a ter o sogro como seu treinador nos treinos e na recuperação física – proximidade que regenera o vínculo entre os dois.

O clímax do filme é a sua recuperação e a conclusão de um Ironman, a mais famosa e desafiadora prova de Triathlon do mundo, que compreende 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,195 km de corrida.

O filme aborda a esclerose múltipla como a doença das mil caras, por apresentar sintomas tão diferentes, que dificultam o seu diagnostico. O tratamento passa pela utilização de corticoides, remédio que faz o paciente pensar o que é pior – se a doença ou a cura.

Além de uma abordagem sensível ao tema principal, à doença, o filme mostra as várias facetas do ser humano ao reagir ao receber uma notícia tão avassaladora quanto uma doença progressiva e sem cura, e de como isso afeta não apenas o doente, mas também toda a sua família e sociedade ao qual está inserido. Fazendo-nos refletir, nos colocarmos no lugar do outro, todos temos os nossos limites, mas quantos de nós aceitamos os limites impostos pela saúde, pelos outros e pela sociedade?

Está não é uma história de como um evento extraordinário afeta a vida de pessoas comuns – é sobre o heroísmo do dia-a-dia, de como render-se não é uma opção, que sempre podemos encontrar motivos para seguir em frente, seja como for, seja na crença em algo maior, em sim mesmo, no amor à mulher e aos filhos ou na força interior que o faz não desistir da vida que quer ter.

Enfim, é uma belíssima produção e altamente recomendável. Toca em assuntos relevantes, mas de forma positiva e inspiradora, nos faz querer tornarmo-nos pessoas melhores, dando graças pela nossa saúde.

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