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A ARTE E TECNOLOGIA

Por:   •  19/5/2019  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.281 Palavras (10 Páginas)  •  250 Visualizações

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ARTE E TECNOLOGIA

Introdução

Nas artes visuais, afastou-se os preceitos iluministas em face de uma maior simplicidade, mais no tocante do desenho industrial do que o pictorialismo. Isso ocasionou uma tendência, na arte, de eliminar as fronteiras entre ela e o cotidiano. E, além dos limites do mundo da arte, o meio que predominava na cultura de massa nessa época era a televisão. Dessa forma, a crítica de arte Lucy Lippard aponta que “os artistas ficaram livres para deixar a imaginação correr solta”.

Em meados dos anos 60, a videoarte insere-se em um ponto de vista de prevalência pelos meios midiáticos de massa, sobretudo a televisão, e isso não representou uma preocupação para arte, de acordo com muitos críticos. Contudo, a curadora do Museu de Arte Moderna de São Francisco, Christine Hill, afirma que “uma ideia fundamental defendida pela primeira geração de videoartistas era que, para existir uma relação crítica com a sociedade televisual, era preciso primeiramente participar de forma televisual”.

Já artemidia, em uma visão geral, designa formas de expressão artística que se utilizam de recursos tecnológicos das mídias e da indústria do entretenimento em geral, ou intervêm em seus canais de difusão, para propor alternativas qualitativas. Assim, o termo compreende as experiências de diálogo, colaboração e intercessão, abrangendo também experiências artísticas que utilizam os recursos tecnológicos recentemente desenvolvidos.

Inclui-se no âmbito da artemidia não somente os trabalhos realizados com mediação tecnológica em áreas mais consolidadas, como as artes visuais e audiovisuais, literatura, músicas e artes performáticas, mas também aqueles que estão se formando- como a criação colaborativa baseada em redes, as intervenções em ambientes virtuais ou semivirtuais.

A vídeoarte coincidiu com o movimento feminista que ganhou força do Brasil. Concomitante a luta pela redemocratização, as mulheres deslocavam-se para as ruas em busca do direito ao voto e outras reivindicações. Eram mulheres estudadas, de classe alta, influenciadas pelo feminismo em ebulição no exterior. No movimento feminista havia seguimentos contrastantes visto que as mulheres de classe alta e branca lutavam pelo direito de igualdade, ou seja, a expansão de direitos, ao passo que as mulheres negras lutavam por direitos básicos, o reconhecimento de direitos fundamentais.

As diferentes vertentes do movimento feminista surgiram para tratar as pautas de cada grupo separadamente, evidenciando que os interesses e necessidades se distinguiam, a depender do seguimento social abordado. Entretanto, algumas pautas são comuns entre duas ou mais vertentes, como ocorre com o combate à violência de gênero.

A violência contra a mulher é uma ideologia de dominação masculina, reproduzida pelos homens e pelas mulheres. Atualmente, no Brasil, os movimentos mais populares, segundo a pesquisadora Carolina Branco Castro Ferreira, são: o feminismo negro, o feminismo radical e o feminismo interseccional. Ainda existem o feminismo trans e o feminismo liberal.

concluir

Desenvolvimento

Desde o seu surgimento, até os dias atuais, a vídeo arte se desenvolveu amplamente. A evolução tecnológica ampliou as possibilidades de trabalho e o crescimento das mídias digitais possibilitou que as obras atingissem um grande número de expectadores. Renomadas instituições do sistema de arte passaram não apenas a atribuir reconhecimento às obras, como também, começaram a criar eventos especificamente voltados para a técnica, como por exemplo, a Bienal de Arte Digital. Ao longo deste processo de desenvolvimento, diversos (as) artistas destacaram-se no cenário da vídeo arte, principalmente no que diz respeito à vertente feminista. Uma das artistas que se tornaram mundialmente reconhecidas pelas suas produções é VALIE EXPORT.

Waltraud Lehner, como foi registrada, nasceu em 1940 na cidade Linz, que é um importante polo industrial na Áustria. A jovem viveu em um convento até atingir quatorze anos. Quando jovem, estudou pintura, desenho e design na Escola Nacional de Industria Têxtil, em Viena. Ainda que brevemente, exerceu a profissão de roteirista e editora na indústria cinematográfica. De acordo com a Interview Magazine, no ano de 1967, imersa na explosão da contracultura e do movimento feminista, a artista opta por mudar seu nome para VALIE EXPORT, a fim de renunciar os nomes de seu pai e de seu ex-marido, que ao seu ver, eram símbolos que a tornavam propriedade em meio a sociedade patriarcal.  A jovem artista passa então, a se tornar uma marca. Em entrevista para a revista ISTOÉ, afirma que assim como a marca de cigarros Smart Export, que é a mais consumida em seu país, a mulher era tratada apenas como comodidade. Segundo a VALIE, o termo EXPORT, serve como uma metáfora para seu trabalho, onde busca sempre exteriorizar suas ideias.

Com vinte e sete anos, no período pós-guerra, a artista passa a desenvolver obras feministas experimentais, explorando as relações entre política, experiência e identidade pessoal, desafiando as normas da sociedade repressiva. Em suas produções, a Austríaca explicita seu posicionamento radical em obras conflituosas e muitas vezes chocantes, explorando também, as estruturas midiáticas. Em entrevista divulgada pela revista ISTOÉ, VALIE afirma ter escolhido como principal suporte de trabalho a vídeo arte por considerar que a fotografia, o cinema e a pintura sempre foram feitas, em sua maioria, por homens. Enquanto nos anos de 1970, quando começou a intensificar suas produções, o vídeo não tinha histórico prévio, e tornou-se então, uma ferramenta aproveitada pelas mulheres, na busca de construir uma linguagem própria.

A vídeo arte Remote...Remote..., produzida no ano de 1973, foi filmada a partir de uma lente de 16mm. Os doze minutos de vídeo contam com uma sonoplastia de fundo que faz lembrar uma colher batendo em um balde ou bacia de metal. Em um primeiro momento, a câmera passa lentamente por uma fotografia de duas meninas, uma ainda bebê dentro do berço, e outra mais velha em pé, ao lado do berço. Ao abrir o foco, surge lentamente a imagem de EXPORT, sentada ao centro da imagem, entre os joelhos há um recipiente de vidro, contendo leite e um alicate nas mãos. A câmera então fecha o foco no olho da artista e das crianças. Quando aberto novamente, a austríaca passa a triar as cutículas, inicialmente de forma comum, posteriormente o ato passa a se tornar uma espécie de auto mutilação. A austríaca crítica os códigos da representação e da estética feminina na sociedade, evidenciando que os cuidados e procedimentos estéticos que oferecem o estereótipo de feminilidade, podem rapidamente, se tornarem maus tratos, ferindo as mulheres. O leite se mistura com o sangue, e a insistência no ato gera no público a sensação de dor e agonia.

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