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O mundo virtual e a outra face da personalidade do indivíduo: Os rituais de autoafirmação e reconhecimento social

Por:   •  18/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.516 Palavras (7 Páginas)  •  218 Visualizações

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Universidade Federal de Pelotas

Instituto de Ciências Humanas

Departamento de Antropologia e Arqueologia

Antropologia III

O mundo virtual e a outra face da personalidade do indivíduo:

Os rituais de autoafirmação e reconhecimento social

Quezia Galarça de Oliveira¹

Gabriel Calegaro²

  1. Introdução

        Este trabalho tratará sobre uma nova dimensão nos estudos antropológicos, o ciberespaço, que vem sendo explorada desde o início do século XXI até o presente momento, além de explicitar a possibilidade teórica de estudo do mundo virtual sem depender exclusivamente de um contato face a face. Trataremos também de como se efetivam a construção de identidades no mundo virtual, as relações sociais dentro da virtualidade, sendo estas relações uma projeção do mundo real, o surgimento de rituais e simbolismos, usando como exemplo o uso da selfie, que representam a busca por um reconhecimento social e pessoal, gerados pela relação dialética que se existe entre as experiências do mundo real e do mundo virtual, além de mostrar o surgimento de uma cibercultura, que também é resultado dessa relação dialética. Por fim faremos uma problematização dessas relações que se dão no mundo virtual, com o objetivo de mostrar como se efetiva a outra face da personalidade do indivíduo e buscaremos explicitar os possíveis questionamentos e reflexões a cerca do tema, visando construir uma linha de pesquisa sobre o tema abordado nesse trabalho.

  1. O mundo virtual e a Antropologia

        Em sua tese de doutorado, Jonatas Dornelles (2008) faz uma análise antropológica da vida social nas redes sociais e jogos virtuais, para isso, ele explica que o ciberespaço, além da relação computador/Internet/usuário, é, também, uma rede que possui um espaço de trocas sociais e que possui um imaginário próprio, constituído através dessas trocas, com isso, houve um desenvolvimento de um espaço de convívio social que é passível de investigações pelas Ciências Sociais e Humanas. Seguindo essa ideia, é impossível afirmar que o mundo virtual se restringe apenas a parte física das máquinas digitais e os dispositivos de transmissão de dados, mas o mundo virtual só vai se constituir das relações sociais que se dão nele.

        De acordo com Maria da Glória Porto Kok e Luiz Carlos Francisco Junior (2012), o forte crescimento da internet tornou-se um fenômeno socioantropológico, pois seu uso se deu a partir das formas de retratar aspectos da vida humana, desde o acesso à informação até questões de relacionamentos interpessoais, logo, um novo conceito de espaço público é criado, sendo este repleto de identidades e práticas culturais. Todo esse desenvolvimento do ciberespaço, afirmam eles, que é resultado da instrumentalização humana e das relações pessoais definidas nesse espaço.

  1. A construção da identidade virtual

        Dornelles (2008) também trata da construção da identidade virtual, na qual essa prática vai seguir uma lógica de consumo, não apenas mercadológico, mas também simbólico, para exemplificar essa afirmação, ele explicita a prática de adesão às comunidades na rede social Orkut, na qual o ícone e nome dessa comunidade fica exposto na página pessoal do indivíduo, e atualmente no Facebook, as páginas que o usuário segue, ou as hashtags usadas nas suas publicações, vão compor essa identidade no meio comum da rede social. Dornelles afirma que a escolha por uma comunidade ou página, pode se dar a partir da cultura local do indivíduo, ou pode ser um fetiche de consumo, resultado da globalização via internet.

        Dentro desse contexto, se define um novo tipo de comunicação e relação interpessoal que modifica consequentemente as relações posteriores, assim como a criação de uma segunda personalidade que se estabelece na rede. De acordo com Georg Simmel (1902), o individuo metropolitano, nivelado pelo trabalho procura de sobressair e se autoafirmar. A vida metropolitana, de nossa sociedade capitalista, inverte os valores, o ter é mais importante do que o ser. Traçando um paralelo com a atualidade, é possível observar uma linha semelhante, onde as redes sociais mostram outra face do indivíduo que converte a ideia de ter e ser nesse espaço virtual.

  1. O uso ritualizado da selfie

        Considerando a teoria funcionalista de Malinowski (1922), a cultura é um sistema que é composto pela junção de objetos, atitudes e atividades, sendo que cada parte desse sistema tem como fim proporcionar ao ser humano a melhor forma de resolver problemas e necessidades específicas, sejam elas físicas ou psicológicas.

        Partindo da ideia funcionalista de Malinowiski (1948) ao dizer que, o ritual existe para a satisfação das necessidades humanas, fazemos um paralelo entre a sua teoria e os elementos da cibercultura, logo, compreende-se a ideia funcional da selfie como forma de apresentar através de um registro fotografico sua face e suas possíveis características, em um ambiente onde não exige o contato face a face, e consequentemente não exige uma veracidade. Este individuo contemporâneo, encontra nas redes sociais a possibilidade de buscar uma autoafirmação, e essa autoafirmação é concebida através da atividade da selfie, do recebimento dos likes que representam a busca do ter ao invés do ser. Os valores se medem por quantos likes o individuo recebe, que quanto maiores são, maior é a satisfação do indivíduo com um status virtual de popularidade. Por ser uma ferramenta que não necessita da interação física, a selfie se torna um ritual praticado constantemente, se transformando na forma contemporânea de satisfação de uma necessidade psicológica.

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