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Resenha do Artigo Firmar Posição Enquanto Professor

Por:   •  30/10/2022  •  Resenha  •  1.505 Palavras (7 Páginas)  •  246 Visualizações

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“Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente”

Antônio Nóvoa

Nóvoa inicia seu artigo falando sobre parte de sua trajetória e suas reflexões a respeito da formação e da profissão docente, onde destaca uma [...] nova abordagem marcada pela “universitarização” da formação docente e pelas ideias de “professor reflexivo” e de “professor pesquisador”. (NÓVOA, 2017, p. 1106) 

Ao longo do artigo, o autor discorre sobre a necessidade de algumas mudanças nos cursos de licenciatura, como a diminuição da distância entre o que os futuros professores aprendem na academia e os cenários com os quais se deparam nas escolas, além de sinalizar como as universidades lidam com as licenciaturas, entre outros problemas, que colaboram para a “desprofissionalização docente”, trazendo uma crítica muito pontual sobre a diferença no tratamento dos cursos de maior prestígio – usando o de medicina para exemplificar – e os de licenciatura.

O autor convida a uma reflexão, talvez norteadora de todo o trabalho, sobre como elencar o saber produzido nas universidades, estabelecendo uma ponte com os saberes das escolas e como se daria a sua internalização.

 A pergunta que orienta este texto é muito simples: como construir programas de formação de professores que nos permitam superar esta distância, recuperando uma ligação às escolas e aos professores enfraquecida nas últimas décadas, sem nunca deixar de valorizar a dimensão universitária, intelectual e investigativa? (NÓVOA, 2017, p. 1106)

Um bom programa de formação continuada deve nos ajudar a fazer melhor o nosso trabalho, deve constituir um apoio pertinente às atividades docentes, deve representar uma melhoria significativa das capacidades pedagógicas. Infelizmente, muitos programas constituem mais um fardo na vida já tão sobrecarregada dos professores.

Conforme assinala (ZEICHNER, 2010a) desde o início do século, percebe-se um sentimento de insatisfação, acentuado por políticas de desprofissionalização, de ataque às instituições universitárias de formação docente encaminhando para a privatização da educação.

Nóvoa salienta que os professores não são valorizados de forma íntegra e digna: nosso salário, muitas vezes, não serve nem para o sustento; nossa função é múltipla; as regras para entrada no curso de formação de professores são inadequadas; a formação inicial e continuada é, muitas vezes, ineficaz. Para Nóvoa (2017) os professores, há muito tempo, vêm sofrendo de uma situação de mal-estar na profissão, que causa desmotivação pessoal com a docência, abandono, insatisfação, indisposição, desinvestimento e ausência de reflexão crítica, entre outros sintomas que demonstram uma autodepreciação do professor. Esta situação abarca a crise da profissão docente, que vem sendo bastante analisada e discutida pelos teóricos contemporâneos.  Estes apontamentos nos remetem à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), que versa, dentre as muitas dimensões do fazer pedagógico, sobre a “valorização do profissional da educação escolar”, assegurando ainda que “os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da Educação, assegurando-lhes isso nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público” (Brasil, 1996). Ou seja, estamos a décadas lutando e discutindo temas que são relevantes para a formação docente.

Ao falar sobre a crise na educação pública, que se acentua devido aos projetos de privatização com a terceirização de algumas funções não só de caráter pedagógico, mas também como formas de gestão privada, Nóvoa permite-nos refletir sobre a contratação de pessoas que exercem diferentes e importantes funções devido a seu “notório saber”, o que acaba por desprestigiar e esgotar o fazer docente que se dá nas práticas pedagógicas.

Analisando textos e escritos de outros autores que discorrem sobre a profissionalização do educador, entendemos que muitas propostas de formação dos educadores ofertadas nas mais diversas formas, podem vir a prejudicar ainda mais a situação das escolas públicas e dos docentes. Destacamos os ataques sofridos pelas universidades no que reportar-se à maneira que se dá o processo de formação docente.

Neste sentido, de acordo com o texto de Nóvoa, os discursos se dividem entre os defensores do atual formato dos cursos de licenciatura, e aqueles que acreditam que os cursos de licenciatura precisam, de uma transformação, voltada para a formação dos professores, com direcionamento para a profissionalização e a formação continuada. Assim, as discussões acontecem sob diferentes perspectivas direcionadas por grupos apontados pelo autor, como defensores, reformadores e transformadores. Este último grupo parece fazer uma reflexão tanto de dentro da própria instituição quanto de fora dela, reconhecendo a transformação como necessária, desde que aconteça de forma dialógica com os envolvidos, para que não haja perdas na qualidade dessas discussões, prejudicando aqueles que estão no cerne do debate.

A transformação expressa tem de ser feita com reconhecimento de um problema inerente e que a partir dele seja procurada uma solução. Assim o autor sugere que se volte o olhar para os moldes de outros cursos de formação universitária que tenham mais prestígio e se encontre neles uma fonte de inspiração, estimulando os futuros docentes a pensar e agir como professores, imbuídos por responsabilidade e ética profissional. O autor faz refletir sobre o caminho percorrido por um professor, partindo de sua formação inicial, passando por sua atuação em sala de aula, chegando à sua formação continuada, remetendo à “universitarização da formação dos professores”. Ainda atendendo a essa perspectiva, existem outras duas que influem na maneira como o indivíduo atua, se move e pensa em si mesmo como professor: é o olhar para as outras profissões e com isso buscar alguma inspiração.

Diante da leitura do texto compreendemos a importância de promover, entre universidades e escolas, formas de articular o trabalho de ambos os espaços, promovendo debates, reflexões e ações em prol das políticas públicas educacionais. O autor lembra ainda a importância da participação das comunidades locais e da sociedade, oportunizando aos futuros docentes conhecer as diversidades culturais com as quais terão que lidar nas escolas. Assim

construir comunidades profissionais docentes, que sejam comunidades de aprendizagem e de formação, e não meras reproduções de uma “teoria vazia”, que tantas vezes marca o pensamento universitário, ou de uma “prática vazia”, infelizmente tão presente nas escolas” (NÓVOA, 2017, p. 1117)

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