Resenha - Cultura e Empresa
Por: Carolina Saboia • 6/11/2017 • Resenha • 1.054 Palavras (5 Páginas) • 411 Visualizações
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								Introdução
- “moda” de se falar sobre a cultura organizacional:
 
O termo vem sido crescentemente abordado em estudos de administração, todavia existe muita reação adversa dos antropólogos quanto ao uso do termo e a apropriação de “cultura” sem consulta prévia. A autora disserta entre essa diferença de abordagem do termo entre administradores x antropólogos no decorrer de todo o texto.
Cultura Organizacional
- a cultura organizacional foi o primeiro dos termos a surgir e se popularizar como resultante da combinação do conceito de cultura com os outros oriundos do universo organizacional e de negócios.
 - A autora divide a inserção do termo nos estudos divididos em três períodos: início da década de 1960 até o final; início da década de 1980 até meados de 1990; e final da década de 1990 até hoje.
 - Primeiro período (1960 - 1970)
 
- concepção humanística do que seriam os valores organizacionais;
 - retórica do autodesenvolvimento;
 - importância dos aspectos culturais para desenvolvimento na empresa;
 - pouco interesse em tratar a cultura como uma vantagem competitiva;
 - cultura como instrumento para melhoria da organização mediante o aprimoramento de seus processos humanos;
 - cultura organizacional como ferramenta gerencial.
 
- Segundo período (1980 - 1990)
 
- contexto histórico: entrada dos produtos japoneses em meio a intensas competitividades entre empresas norte americanas e europeias. Os produtos japoneses surpreenderam os líderes do mercado mundial na época, pois o Japão não estava na lista das futuras potências comerciais da época. A explicação para o sucesso dos produtos foi atribuído à cultura da sociedade e das organizações japonesas. O impacto para os norte americanos foi maior no aspecto simbólico do que no econômico, ou seja, não foi a competição (que é, por sua vez, enaltecida por eles), mas o competidor;
 - reconhecimento da incerteza como uma variável da sociedade (mundo incerto, inovações tecnológicas) onde a cultura aparece como algo que pode fornecer um norte;
 - questão importante: a cultura seria uma variável produzida pela organização ou trazida para o seu interior pelos seus membros?
 - a cultura nas organizações era vista como um todo homogêneo que levava ao compartilhamento de uma determinada visão de mundo e de como agir diante de situações da vida organizacional;
 - identificar e classificar os diferentes tipos de cultura e medir sua eficácia tornaram-se um imperativo gerencial;
 - cultura organizacional como chave para o sucesso e como estratégia de competitividade;
 - críticas: os estudos da época apenas se voltaram para grandes empresas e não outras modalidades como organizações sociais, sindicatos, universidades etc; os autores focalizaram apenas nas grandes empresas, deixando de lado as que mais geram emprego (cada objeto de estudo tem sido tratado como um universo fechado e descolado de seu contexto social, cada cultura organizacional é estudada como um caso único); rejeição dos debates das ciências sociais, com uso de “manejar” e “intervir” diretamente ligados ao termo cultura. Em vez de ser um conceito para se acessar a realidade, ele se tornou uma variável da realidade;
 
- Terceiro período (1990 - hoje)
 
- percepção da cultura como uma variável com valor instrumental (ainda);
 - tratamento da cultura como variável estratégica: forte adaptação e constante mudança (as companhias mais bem sucedidas do futuro serão aquelas capazes de se adaptarem raptamente às mudanças, aproveitando oportunidades e melhorando a qualidade de seus produtos);
 - definição como um artigo intangível das organizações (mensuração);
 - associação dos valores organizacionais com valores éticos;
 - cultura organizacional como bem intangível, estratégico e mensurável
 
Cultura Corportativa
- a cultura corporativa ou empresarial que é utilizada de forma intercambiável com cultura organizacional. Conceitualmente, seria fácil traçar fronteiras entre os três conceitos, mas na prática não;
 - Embora toda empresa seja organização, o contrário não é recíproco. E embora toda corporação seja uma organização, a corporação é um tipo específico de organização: geralmente é um conjunto de pessoas com objetivo de governo (segmentos gerenciais e administrativos);
 - Quando uma empresa diz que “nossos funcionários são nosso maior patrimônio”, está se referindo à forma como quer ser reconhecida pelos funcionários, por outras organizações e pelo mercado. Entre vários outros elementos organizacionais, alguns são escolhidos para construírem a identidade organizacional. Mas essa escolha, ao contrário do que se pensa, não é feita a partir de uma análise de representações simbólicas de todo o corpo da organização, mas sim pela definição estratégica feita pelos altos escalões organizacionais. Por isso, é melhor que se fale em identidade ou cultura corporativa nesse contexto, pois ela diz mais respeito aos valores que instruem a gerência do que a toda a organização;
 - É necessário que se fale dos demais funcionários, criando diferentes perspectivas. Porém, há uma grande diferença entre se falar de participação de funcionários e implementá-la na prática;
 - link com Hannah Arendt: o poder reside em grande parte na capacidade de se definir a realidade para os outros. A sua legitimidade consiste na capacidade de transformar essa definição sobre realidade em um consenso e, a partir desse consenso, transformá-lo em uma ação coordenada. O poder coordena mesmo na ausência da autoridade, pois todos concordam com as regras;
 - A cultura “nacional” (dimensão simbólica mais ampla onde encontra-se as organizações) vai determinar os limites das variações, mas não o que se vai produzir no âmbito de uma organização.
 
Cultura Empresarial
- nos últimos anos, termo cultura empresarial ganhou espaço fora da discussão estritamente organizacional e incorporou uma conotação política e econômica;
 - é o resultado de processos independentemente gerados em todo o mundo ocidental a partir da década de 1970;
 - âmbito da filosofia política: reinterpretação das doutrinas do liberalismo clássico; igualdade e liberdade; políticas fiscais;
 - âmbito da política partidária: eleição de candidatos de direita; retorno das vozes da periferia; mudanças institucionais e ideológicas;
 - âmbito da esfera produtiva: perda de poder dos produtores para os consumidores; empreendedorismo; introdução de tecnologias de informação; desestruturação do modelo fordista;
 - âmbito gerencial: crescente grau de autonomia dos segmentos de base da hierarquia;
 - a cultura empresarial vem a ser um conjunto de percepções acerca da alocação de prioridades e organização de atividades na sociedade e no mercado, segundo as quais a criação de riqueza é a medida de sucesso de uma sociedade;
 - virtudes individuais que fomentam a riqueza: empreendedorismo, autonomia, ambição, competitividade.
 
Observações finais
- analogia da árvore: no topo da árvore, está o conceito de cultura organizacional. Nos ramos logo abaixo, temos 1) culturas organizacionais com fins lucrativos (cultura empresarial),subdividida em várias modalidades (empresa privada, estatal, familiar etc) e 2) organizações sem fins lucrativos (culturas das organizações sociais, de classe). Todas essas modalidades poderiam ainda ter suas respectivas culturas corportativas.
 - antropólogos x administradores
 
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