A FILOSOFIA E AS ESTRATÉGIAS DO DIÁLOGO

DIRIGIR UMA DISCUSSÃO FILOSÓFICA^[1]

     Matheus Marques Rodrigues da Costa^[2]

A FILOSOFIA E AS ESTRATÉGIAS DO DIÁLOGO

Segundo Lipam, a filosofia é uma disciplina que leva em consideração formas alternativas de agir, criar e falar. Ou seja, Para descobrir essas alternativas, os filósofos persistente avaliam e examinam suas próprias pressuposições, questionam o que outras pessoas normalmente têm como certo e especulam imaginativamente sobre quadros de referências cada vez mais amplos.

A metodologia por meio da qual o questionamento e a discussão são melhor ensinados, baseia-se na verdadeira natureza da filosófica. Muito se tem pensado acerca de alguns aspectos que poderiam, no processo formativo das crianças, contribuir para a formação de um indivíduo mais crítico e criativo no modo como se relaciona com as situações do dia-a-dia. Uma das condições para o exercício filosófico pode ser identificada com a inquietação, que em grande medida possibilita o questionamento. Deste modo, pode-se identificar quanto o questionar pode fazer parte do cotidiano da criança, embora muitas vezes, enquanto um aspecto ingênuo. Pois a criança sempre se pergunta em função de querer saber algo que desconhece, ela de certo modo está num momento de constituição de significados e sentidos das experimentações que realiza tanto na escola quanto em outros espaços e tempos.

A quantidade de informações ou conhecimento que as crianças adquirem é menos essencial para a sua educação filosófica que o desenvolvimento de seu juízo intelectual. É a partir desta constatação que a Filosofia tem sido pensada enquanto importante, uma vez que, poderá possibilitar um pensar de maneira mais crítica, criativa e sensível ao contexto. A importância de atividades que potencializem o pensar filosófico das crianças indica também a necessidade de implementar no ensino conteúdos/temas de filosofia no Ensino Fundamental, visando desenvolver a compreensão de que também as crianças têm potencial para realizar questionamentos filosóficos que tenham uma dimensão relacionada com as suas experiências.

Embora filosofia para crianças possa incluir alguns aspectos rigorosos como as regras e princípios da lógica, não precisamos ficar preocupados se a discussão não caminha em direção significativa para as crianças, apesar de devermos sempre, é claro, observar a relevância da discussão e se o tempo dedicado a ela é ou não desproporcional.

GUIAR UMA DISCUSSÃO EM SALA DE AULA

Uma discussão reflexiva não é um empreendimento fácil. Requer o desenvolvimento dos hábitos de ouvir e refletir. Uma das razões de o processo da discussão ser tão difícil para as crianças assimilarem é que, geralmente, não tem modelos de uma boa discussão com os quais possam se identificar.

Uma discussão deve ser construída de acordo com a sua própria dinâmica. Assim como as crianças constroem uma pirâmide subindo uma sobre as outras, uma discussão se constrói a partir das contribuição de cada um dos membros.

O PAPEL DAS IDEIAS NUM DIÁLOGO FILOSÓFICO

Uma discussão cientifica, geralmente, está voltada para questões factuais e as teorias a respeito de tais questões. As questões que surgem nas discussões cientifica são, em princípio, questões a que se pode responder. O cientista trata de explicar e descobrir uma parte do mundo. Portanto, a aula de ciências pode envolver a discussão de uma grande gama de questões, tais como: quais são as causas das machas solares, qual a temperatura do gelo seco, como funciona o coração, coo circula o sangue, o que foi a Idade da Pedra, qual a causa dos terremotos, e assim por diante.

Muitas crianças já possuem um conjunto de crenças religiosas adquiridas de seus pais, de suas escolas religiosas, de discussões com seus colegas, e as vezes, de suas próprias observações. Essas crenças podem estar relacionadas com o destino do mundo, o problema da imortalidade humana, a existência de um Deus, a expectativa de uma recompensa ou de um castigo divino, etc.

Em resumo, os professores devem ter muito cuidado em não transformar esse curso de pensamento filosófico numa ferramenta em suas mãos, ou nas mãos dos estudantes, para desacreditar as crenças religiosas de algumas crianças da sala de aula. O ideal seria que o curso servisse como uma ferramenta com qual as crianças possam esclarecer e encontrar fundamentos mais firmes para suas próprias crenças.

COMO A FILOSOFIA SE RELACIONA COM A EDUCAÇÃO NA ÁREA DA CIÊNCIAS?

O benefício de filosofia para crianças para a educação cientifica é que incentiva o tipo de mentalidade crítica que todos os cientistas tanto valorizam. Quando os estudantes questionam os fatos que lhes são apresentados nas aulas de ciências, seu comportamento está totalmente de acordo com o espirito do empreendimento cientifico. Além do mais, a estrutura mental filosófica é essencial como um antidoto para o dogmatismo cientifico e como fonte de ideias novas e provocativas que devem ser aprofundadas pelas investigações cientificas.

Estamos sugerindo que as abordagem da educação na área das ciências que devem proporcionar ao estudante uma orientação preliminar no próprio empreendimento cientifico devem, por sua vez, fornece incentivos que motivem as crianças a se aplicarem na atividade cientifica e proporcionar um conjunto de hábitos de trabalho que combine suas inclinações criativas e imaginativas com seus próprios desejos de pensar de uma maneira disciplinada e ordenada a respeito do mundo.

ALIMENTAR O DIÁLOGO FILOSÓFICO

Podemos ter boas discussões a respeito de qualquer assunto em contraste com discussões sem objetivo ou superficiais. Uma boa discussão não precisa envolver todos os presentes. Uma boa discussão não se dá, necessariamente, apenas porque muitos participantes estão falando e expressando suas ideias. Nem se pode dizer com satisfação que se teve uma boa discussão só pelo fato de a classe ter polarizado ou porque alguns participantes se enfrentaram uns aos outros.

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