Análise do texto “A importância do ato de ler” (1981) ­ Paulo Freire

Análise do texto “A importância do ato de ler” (1981) ­ Paulo Freire

O texto de Paulo Freire, educador considerado Patrono da Educação

Brasileira, tem como tema a importância do ato de ler, nesse escrito apresentado na

abertura do Congresso Brasileiro de Leitura, ele aborda a importância de se ensinar

a leitura crítica e não apenas uma decodificação da linguagem escrita.

Segundo o autor, a leitura do mundo precede a leitura da palavra, as

experiências e a construção da nossa percepção do ambiente se traduzem em

linguagem, não necessariamente escrita. A nossa primeira leitura é de impressões e

sensações, a palavra escrita é só uma continuação da nossa compreensão, traços a

mais.

Em busca do conhecimento, devemos aprender a significância dos assuntos

e não memorizar uma série de regras. O que aprendemos levamos conosco por

toda a vida, o que memorizamos pode ser facilmente esquecido como um

acontecido qualquer. Deve haver um dinamismo entre a nossa leitura de mundo e a

linguagem escrita, para ter relevância precisam caminhar juntas.

Existe um episódio famoso em que o físico norte­americano Richard

Feynman relata que seu pai lhe ensinou algo no sentido de “você pode saber o

nome desse pássaro em diversas línguas e você vai continuar não sabendo

absolutamente nada sobre ele”. Podemos facilmente assimilar à perspectiva de

Freire que considerava em vão a memorização mecânica da descrição dos objetos

por parte de seus alunos. Ao educador fica o papel de ensinar como expressar os

objetos, mas não o que o objeto expressa para seu aluno. É este quem deve sentir,

interpretar e registrar as interações com seu universo.

Além disso, é importante destacar que a quantidade de leitura não significa

qualidade, tanto em termos de conteúdo, pois como o próprio lembra “As teses

sobre Feuerbach”, de Marx, possui apenas duas páginas e meia e é um dos

documentos históricos mais importantes aos quais temos acesso, quanto de

qualidade apreciativa da leitura, de nada vale ler pelo ato de ler se você não estiver

envolvido com o conteúdo.

Conclui­se que o processo de alfabetização deve vir carregado de

significância da experiência pessoal de cada indivíduo e não da experiência do

educador, a linguagem deve refletir a leitura