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Resenha - Em Direção a uma ciência dos Saberes e das práticas docentes

Por:   •  29/10/2017  •  Resenha  •  2.390 Palavras (10 Páginas)  •  233 Visualizações

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EM DIREÇÃO A UMA CIÊNCIA DOS SABERES DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS (Tarso B. Mazzotti)

Mestranda: Denise Guerra dos Santos

Orientador: Profº Drº Pedro Humberto Faria Campos

RESENHA

        A ideia principal do autor é discutir quais seriam os saberes necessários à prática docente, entendendo que é imperativo um conjunto de conhecimentos confiáveis no fazer educativo, para se alcançar os limites da ação pedagógica e promover mudanças de valores, crenças e atitudes. Mazzotti sustenta que a Retórica sendo uma ciência com base nos limites da técnica de negociação de significados constitui um conjunto de conhecimentos confiáveis que pode orientar o trabalho do orador/professor mobilizando o auditório na direção desejada.  Ao final do estudo o autor propôs um esboço de organização das licenciaturas através dos conhecimentos retóricos e lógicos. Sustenta que a pedagogia é um gênero da retórica e esta é a ciência dos oradores e da arte de ensinar. Conclui que os saberes docentes, e as práticas educativas alinhados ao recurso retórico “orientam a constituição de uma ciência da educação que reconhece que se fala para ensinar e se persuade a estudar”

        Inicialmente o autor apresenta um debate através da seguinte questão a ser explorada: Há saberes da prática docente necessários ao seu exercício, todavia não se sabe quais são. E para determina-los propõe que se encontre o melhor modo de fazer através de uma reconstrução do realizado. Esta reconstrução partiria do reconhecimento de um axioma modal, qual seja: "É possível conduzir o educando de um estado de não educado ao de educado e assim modificar suas crenças, valores e atitudes." Segue-se então, em seis tópicos as seguintes discussões: 1.A formação docente; 2.A profissão docente; 3.Pedagogia, conhecimentos dos limites, da ação educativa; 4.A negação da efetividade da possibilidade de modificar as crenças, valores e atitudes; 5.Retórica, a ciência dos limites da arte; 6.Retórica a ciência da educação.

        Sobre a formação de professores Mazzotti citando Gatti e  Barreto(2009) fala da proliferação das disciplinas que expressa uma ausência de conhecimentos necessários ao exercício da docência, que, no caso, estaria desconsiderando a subjetividade do aluno. Cita que é preciso conhecer o conteúdo a ser ensinado, mas que ensinar se aprende na prática. E faz uma constatação: 80% dos docentes são mulheres e nos anos iniciais do ensino fundamental trabalham mais com a proposta de "cuidar" do aluno, no entanto, no segundo segmento a proposta seria de ensinar os conteúdos escolares. Contudo, em ambos os casos, predominam a noção de que a profissão docente é sustentada na subjetividade, na vocação, no talento e no domínio da disciplina na prática. Finalizando o tópico Mazzotti adverte: É necessário um conjunto de conhecimentos confiáveis sobre o fazer educativo que permita sustentar a profissão docente, posto que a representação do trabalho docente somente pela expressão da subjetividade não se resolve por decreto.

        No tópico sobre a Profissão Docente o autor constata que os professores são regidos pelas regras comuns a todos os trabalhadores que não possuem uma organização trabalhista específica (de um conselho ou ordem por exemplo).  Mazzotti mostra, através da sociologia, todos os quesitos para a noção de profissão, concluindo que a profissão docente não está enquadrada nas condições devidas: conjunto de conhecimentos próprios à profissão; mecanismos de regulação, controle, recrutamento e preparação nas mãos dos empregadores; sua ética obedece aos direitos civis e aos regulamentos internos das escolas. Em resumo, Mazzotti afirma que a ausência de conhecimentos confiáveis para o exercício do magistério tem implicações tanto na autonomia quanto nos processos de formação dos professores, bem como, na proliferação das disciplinas na licenciatura. O argumento do axioma modal (posto na introdução) é atribuído também ao artista, todavia, há a possibilidade do fracasso em todas as ciências. Sendo a pedagogia uma ciência "reconstrutiva"(que produz argumentos através de comparações modificando crenças, valores e atitudes) buscará um conjunto de conhecimentos confiáveis ao fazer científico tomando para si as práticas bem sucedidas, organizando os saberes e avaliando o que faz.

        Para iniciar a discussão sobre a pedagogia e o conhecimento dos limites da ação educativa o autor coloca que há dois tipos de ciências: as formais/construtivas (ou lógico-matemáticas) e as reconstrutivas (nas quais a pedagogia se insere) que são assim chamadas porque põe em cena os fenômenos e os reconstitui por meio de modelos utilizando as estruturas da língua como as metáforas e metonímias, e ainda os esquemas argumentativos e dissociação de noções para dizer o que considera ser real. O texto faz uma comparação entre os termos professor (1) e o educador(2) onde o primeiro seria um funcionário tecnicista, burocrata. Já o segundo teria boas qualidades que são inatas, subjetivas e não há como forma-lo pois ele emerge da prática. Para o autor a comparação é um recurso para trazer aquilo que se quer significar e os resultados são as metáforas e as metonímias levando-nos a seguinte conclusão: A pedagogia é uma ciência reconstrutiva, pois, produz argumento através de comparações modificando crenças, valores e atitudes dos educandos. Na contramão da eficácia da pedagogia decorrente da análise da afirmação do axioma modal de mudanças de valores, crenças e atitudes se põe uma grande controvérsia: Como se faz? É necessário? ou esta apenas afirma o verificável?

        Apesar da persuasão que o orador pode causar no seu auditório Mazzotti sustenta no quarto tópico que há limites nesta ação, os ouvintes não modificam suas crenças, valores e atitudes pela ação do orador posto que: é impossível modificar intencionalmente os valores, as atitudes e crenças dos outros porque as palavras são polissêmicas;  e ainda: as pessoas são tomadas por forças que não podem ser totalmente apreendidas impedindo que as ações intencionais produzam as alterações pretendidas. Referendando esta colocação o autor trouxe os estudos de Gorgias de Leontini o qual sustentou o poder de mobilização da retórica, mas, também, expôs os seus limites afirmando que a palavra não tem o poder de modificar os ouvintes. Continuando com as ideias de Leontini e Outros seria impossível um conhecimento verdadeiro sobre o mundo e o discurso persuasivo é sempre uma reprodução do que o auditório concorda. Fechando esta discussão o autor traz uma segunda posição cética afirmando ser inatingível a essência do homem com sua subjetividade profunda e tem no reforço de Menon a seguinte máxima:"Não se ensina, ajuda-se o outro a expor o que se encontra em si." Nesta afirmação dos limites da ação que se pretende modificar o axioma modal constitui-se a ciência com base nos limites da técnica de negociação de significados: a Retórica, a saber no próximo tópico.

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