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Três Causas de Infelicidade de Bertrand Russel (da “Conquista da Felicidade”)

Por:   •  10/11/2016  •  Resenha  •  2.451 Palavras (10 Páginas)  •  928 Visualizações

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“Três Causas de Infelicidade” de Bertrand Russel (da “Conquista da Felicidade”)

O tema deste livro é a infelicidade ou, mais concretamente, as causas da infelicidade humana. Neste livro, Bertrand Russel defende que existem três principais causas de infelicidade. Em cada capítulo do livro é descrita e discutida cada uma destas causas com recurso a vários exemplos que facilitam a compreensão e a assimilação das ideias retratadas. Em cada um destes ensaios, é possível perceber de que modo as causas escolhidas pelo autor afetam o quotidiano da vida do Homem, geral e universal. Em suma, este livro transporta o leitor para um local privilegiado, exterior ao mundo quotidiano, a partir do qual se consegue perceber em que medida algumas atitudes do ser humano prejudicam a sua felicidade. Consegue-se isso através da compreensão dos exemplos do autor, que ajudam a formular, posteriormente, uma opinião em relação ao nosso próprio modo de vivência. Acabámos por julgar o nosso método de abordar a vida e criticámo-nos em relação a este. A partir desta reflexão e desta análise crítica, prolongada à própria pessoa, é mais fácil e provável encontrarmos o caminho para a felicidade.

Quais as causas da Infelicidade?

- A Competição

Este é o primeiro capítulo deste livro. Neste texto, o autor refere que o “espírito de competição” é demasiado rígido e “inflexível” para permitir viver feliz. Na sociedade atual ou, no caso do texto, dos séculos XIX e XX, o grande problema é que a filosofia de vida admitida pressupõe a existência humana como sendo uma longa luta, uma competição em que existe uma constante comparação com os nossos semelhantes. Russel pensava que esta conceção levava a uma raça em que a vontade está demasiado envolvida e o sentimento e a inteligência se encontram anuladas. Refere-se a esta raça como sendo a dos “modernos dinossauros”, produzida ou altamente influenciada pelos moralistas puritanos, que engrandeciam sempre a vontade quando antes “se tinha dado mais força à fé”. O outro grupo era formado pelos “espetadores inteligentes” que não se submetiam ao espírito de competição admitido na época. Estes acabariam por dominar o mundo já que os outros matar-se-iam uns aos outros pois, devido a terem adotado uma conceção de vida inapropriada à vivência e felicidade humana, não desejariam gerar filhos e estariam biologicamente condenados. Assim a competição (“o espírito de competição”) é uma grande barreira para se conseguir alcançar a esperada felicidade.

  • A ideia de que a principal e mais importante fonte da felicidade reside no êxito da competição é falsa. Este é, de facto, um importante elemento para a felicidade mas torna-se um obstáculo quando, se para se obter aquela, se sacrificam todos os outros. A constante competição pelo prémio de melhor empregado do ano na sua profissão (superior a todos os outros homens e mulheres no seu ofício) arruína a pessoa. Além de produzir uma “aceleração contínua” cujo fim é muito prejudicial, leva a uma ignorância desmedida em relação a vários campos como a arte, a música e a pintura (a cultura, que dá prazer) e em relação aos seus familiares. A pessoa em questão acaba, sem dúvida, por sentir-se sozinha num mundo que pensava conhecer muito bem mas que, afinal, é composto por familiares desconhecidos e amigos imaginários. O Homem, fatigado e invadido por sentimentos de melancolia e solidão, é levado a caminhos incorrectos e altamente prejudiciais como as drogas ou mesmo a morte. De certa forma, a pessoa é absorvida pela competição.
  • A inteligência não se mede pelo dinheiro que se ganha. É verdade que é difícil (mas claramente não impossível) ser-se importante sem dinheiro mas tal não é garantido se se tiver muito dinheiro. Ter dinheiro não é condição suficiente para se ser considerado boa pessoa. Aliás, é de notar que, normalmente, as melhores pessoas (as boas pessoas) não vivem de forma a vangloriar-se de que têm muito dinheiro. “ Um sábio… não é certamente mais respeitado se ganhar mais dinheiro” ou vice-versa. O importante é o mérito da pessoa. Outro exemplo é que, por vezes, os pais têm receio que os seus filhos passem pela situação de pobreza pela qual eles passaram e, por isso, esforçam-se para serem os melhores na sua profissão para evitar que tal aconteça aos seus descendentes. Existe um certo medo a invadir as suas vidas.
  • Viver uma vida baseada na competição leva, muitas vezes, a investimentos arriscados. Estes, se correrem mal para o investidor causam perdas de dinheiro. Mesmo se não tiver ainda corrido mal, estes investimentos complicados deixarão a pessoa atormentada pela ideia de perder o dinheiro (Insegurança).

Para evitar esta constante inquietação, é necessário evitar comparações. É necessário aceitar a nossa situação e proibir a competição, quando excessiva é claro, de dominar as nossas vidas para que possamos adotar uma alegria sã e serena, elementos essenciais ao equilíbrio ideal da vida.

- A Inveja

O tema do segundo capítulo é a inveja (desejo de possuir o que o outro tem e desgosto pelo bem alheio). Segundo Bertrand Russel, a inveja, “de todas as características vulgares na Natureza humana”, é a mais “desgraçada”. A pessoa invejosa não só deseja tornar as outras pessoas infelizes como também se torna infeliz a si mesma. A inveja é, numa das hipóteses, incitada pelos acontecimentos infelizes da infância. Sentimentos de inveja durante o desenvolvimento da criança podem levar a que, quando esta se mostrar ao mundo, a pessoa espere imediatamente viver injustiças e ser novamente a vítima. Isto porque se tornou quase um hábito para ela viver injustiças. A inveja é uma potente causa da infelicidade porque consiste em ver sempre as coisas em comparação com as outras em vez de interpretá-las em si mesmas. 

  • O invejoso provoca infelicidade aos outros e a si mesmo. Sofre constantemente com o que os outros têm e ele não tem. Preocupa-se tanto em privar os outros dos seus proveitos (“(o invejoso) torna-se fatal a todo o mérito e mesmo ao exercício do talento mais excecional”) que acaba por se esquecer de si e das suas verdadeiras qualidades. É destruído pela inveja. Perde cada vez mais de si ao longo do tempo.
  • “O hábito de pensar em termos de comparação é um hábito fatal”. Devemos aceitar os nossos méritos e desenvolver novos méritos e qualidades ao longo do tempo. Podemos para isso observar o comportamento e os méritos e talentos de outra pessoa, em tom de comparação, e a partir disto “copiar as partes boas” de cada indivíduo. No entanto torna-se fatal quando se transforma num hábito ou quando se começa a pensar que nunca se irá alcançar os objectivos (a pessoa modelo é terrivelmente melhor que nós e não a conseguimos alcançar). Vivemos num mundo em que se dá a ilusão de conhecer muito bem a vida e a conduta de várias pessoas (celebridades). Supõe-se conhecer, através da imprensa, os vários méritos de uma pessoa. Muitas vezes, conclui-se que, na realidade, muitos desses méritos não existem e que eram apenas uma fachada. Neste caso invejava-se alguém que não existe.

A fadiga é uma das causas da inveja. Então, se queremos diminuir a inveja, devemos diminuir a fadiga. Um dos remédios para a inveja é a disciplina mental, ou seja, “ o hábito de não alimentar pensamentos inúteis”. A felicidade pode obter-se através de um conjunto de várias coisas (saúde, boa família, conhecimento, bom emprego,…). Afinal, existirá algo mais invejável do que a felicidade?

No livro é dito também que as crianças devem ser ensinadas, desde muito cedo, a gostar de si mesmas e a considerarem-se boas pessoas. Devem aprender a valorizar o que têm em vez de se compararem umas às outras. É algo que deve ser incutido no pensamento das pessoas durante o seu desenvolvimento para evitar problemas no futuro.

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