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Resenha do Filme Outubro

Por:   •  23/4/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.042 Palavras (9 Páginas)  •  1.385 Visualizações

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Resenha do filme “Outubro” contrapondo com o texto “As revoluções russas” de Daniel Aarão Reis Filho

        O filme Oktiabr (Outubro) foi produzido em 1927, pelo cineasta soviético Sergei Eisenstein. Encomendo pelo governo da URSS, de Stalin, para a comemoração dos dez anos da revolução de Outubro de 1917, que marcou a tomada de poder do partido bolchevique sobre o governo provisório russo. Esta resenha será feita dialogando com o texto “As revoluções russas” de Daniel Aarão Reis Filho, historiador e professor titular de História Contemporânea da UFF, que teve ligação direta com a luta armada contra a ditadura militar do Brasil. Este texto será utilizado como suporte para uma análise mais crítica e coesa.

O filme aborda os momentos decisivos que ocorreram entre fevereiro de 1917 – marcado pela revolta popular que derrubou Czar e deu início ao governo provisório – até outubro de 1917 – momento da revolução bolchevique. Utilizando de técnicas inovadoras, com atores que participaram de fato da revolução (ou revoluções), Eisenstein revolucionou a forma de trabalhar com cinema. Este filme, assim como outros, foi utilizado como propaganda pelo governo soviético.

Logo no início do filme aparecem os dizeres: “Este filme é dedicado ao proletariado de Petrogrado, heróis da Revolução de outubro”. Esta frase inicial demonstra o esforço político e o intuito da comemoração da vitória do partido bolchevique. A primeira cena inicia-se com a uma gigantesca estátua, que é a representação do Czar Alexandre III, onde homens e mulheres estão amarrando cordas para em seguida derruba-la. Era parte de um processo que desencadeia em várias revoluções, que teve seu início em 1905, segundo Reis Filho. Até o momento, a Rússia era um grande império com uma enorme extensão territorial, nela existiam diversas culturas e diferenças, não somente sociais como políticas e econômicas. Conforme Reis Filho diz:

A Santa Rússia Imperial Tzarista era marcada por violentos contrastes. De um lado, a impressão de solidez, de permanência. De outro, uma crônica instabilidade, prenunciando hipóteses de convulsões [...] O poder Tzarista, de fato, apoiava-se em poderosas tradições e estruturas políticas e sociais (As revoluções russas, p. 37).

        Ainda na primeira cena aparecem os dizeres: “FEVEREIRO. O proletário conseguiu sua primeira vitória rumo ao socialismo”. Isso torna a demonstrar o enaltecimento da revolução e vitória socialista. Na cena seguinte, ocorre a frase “Fora da estação Finlândia”. O dia é 3 de Abril,  aparece a população, representada pelo proletariado, na escuridão e abatida, até que surge a figura de um líder, era Lênin, empunhando a bandeira do partido Bolchevique, inflamando todos ali presente. Lênin aparece discursando com o proletário e dizendo “Longa vida aos soldados revolucionários e trabalhadores que subverteram a Monarquia!”; “Nenhum apoio ao governo Provisório!”; “Longa vida à revolução socialista!”; “Socialismo... não a burguesia! Cinco meses de governo burguês... sem paz, sem pão, sem terra.”. Por fim, Lênin é saudado por todo o proletariado. Na sequencia, ocorre a cena de grandes manifestações e greves, com os dizeres “A baixo com os ministros capitalistas!”; “A baixo com o Governo Provisório!”, neste sentido, pode-se notar que de acordo com Reis Filho, ocorrem diversas greves e manifestações por toda Rússia, liderados por proletários, camponeses e soldados. Reis Filho diz: “os soldados saíram às ruas, exigindo um compromisso claro do governo com a paz e a queda do ministro” (As revoluções russas, p.50), o proletariado lutava por melhores condições trabalhistas e os camponeses lutavam por uma reforma agrária. De acordo com o texto de Reis Filho:

Em maio, reuniu-se um primeiro congresso panrusso de representantes dos camponeses: mais de mil delegados reafirmaram as propostas distributivistas e igualitaristas – terra a quem nela trabalha, terra  a quem nela trabalha, distribuída pelos comitês agrários em cada aldeia. No campo, a temperatura subira. Em março foram registradas 49 rebeliões em 34 distritos. No mês seguinte, 378 rebeliões em 174 distritos. Em maio, 678 rebeliões em 236 distritos. Em junho, 988 rebeliões em 280 distritos. (As revoluções russas, p.50).

        Por conta das rebeliões, os bolcheviques foram perseguidos, acusados de liderar as revoltas e Lênin se obrigou a viver na clandestinidade.

        Na próxima cena, Trotsky declara que “Uma insurreição é prematura!”; “O inimigo vai tentar nos provocar!”; “Apelamos à calma e a moderação!”. Mesmo com o discurso de Trotsky, os marinheiros pegam em armas e lutam, deixando claro que a propaganda Stalinista queria colocar Trotsky como um inimigo da revolução. Em seguida, ocorre o embate entre a burguesia e o proletariado, com a repressão do governo Kerenski sendo representada pela metralhadora que aparece diversas vezes em cena, que dispara sem piedade, massacrando todos os manifestantes. Os burgueses aparecem sendo representados com pessoas vestidas de forma pomposa e sem nenhum escrúpulo. Mulheres burguesas matam um manifestante com seus guarda-chuvas e destroem a bandeira, enquanto um senhor burguês aplaude. Um dado momento, o governo exige, por telefone, que a ponte do rio Neva seja erguida, separando os burgueses dos proletários, demonstrando a divisão das classes.

        A cena muda para o palácio de inverno dos Czares, onde Kerensky é nomeado o primeiro-ministro. Daí ocorre uma cena bem interessante, onde aparece Kerensky na escadaria do palácio e muda repentinamente para a estátua de Napoleão com os dizeres “NAPOLEAN? EMPORER?”, ou seja, Eisenstein associa as intenções de Kerensky parecidas com a de Napoleão, onde o primeiro-ministro tinha intenções de se tornar o novo Czar. Na sequencia, é demonstrado outro conflito, no qual é descrita as reais intenções de Kerensky e o General Kornilov. Neste caso, Reis Filho diz:

[...] Em fins de agosto, o país seria abalado por uma nova crise. Agora, a ameaça ao governo provisório tomou a forma de uma tentativa de golpe de direita, dirigida pelo general Kornilov, considerado pelo líder do governo, Kerenski, um aliado fiel e um adepto da República. Para debelar a aventura golpista, o próprio governo convocou e mobilizou todas as energias e organizações populares, os sovietes em particular. O golpe foi contido. Na esteira, os bolcheviques presos em julho foram soltos. E se fortaleceram enormemente os sovietes e a autoconfiança dos movimentos sociais, reatualizando-se a proposta de entregar todo o poder aos sovietes. (As revoluções russas, p. 51).

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