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Resenha do Filme: Quem quer ser um milionário? (Slumdog Milionaire)

Por:   •  12/6/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.927 Palavras (8 Páginas)  •  966 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Resenha do filme:

Quem quer ser um milionário? (Slumdog Milionaire) / 2008



Psicologia Histórico-Cultural e Educação

Profª Drª Teresa Cristina Rego

Aluna: Simone Pavia Goldenberg

nº USP 9052280

noturno

São Paulo

2019

Filme escolhido: Quem quer ser um milionário (Slumdog Millionaire), 2008

Direção: Danny Boyle e Loveleen Tandan.

O filme conta a história de Jamal, um rapaz pobre que conseguiu ganhar o prêmio

máximo em um programa de perguntas e respostas na televisão, programa esse conhecido no mundo todo inclusive no Brasil como ‘Quem quer ser um milionário?’. O interessante é que ele consegue responder às perguntas relembrando sua trajetória de vida, a pobreza, a exploração infantil, a violência e sua paixão por uma colega que também andava com ele e seu irmão pelas ruas, Latika. Jamal e seu irmão mais velho Salim são de uma família indiana mulçumana, o que traz a questão do preconceito e da discriminação racial, religiosa e econômica. Jamal e seu irmão mais velho Salim ficaram órfãos devido à guerra religiosa na Índia e juntos procuraram a sobrevivência. Ambos passaram por situações muito difíceis, mas tomaram caminhos opostos diante da vida. Jamal busca trabalho e Salim busca o caminho do crime. Mostrando a questão da escolha feita por cada um e o destino onde Jamal busca o caminho do bem mesmo em meio a tantas dificuldades e acima de tudo reencontrar sua amada. Salim escolhe o poder e o dinheiro que a vida criminosa pode oferecer. O filme se propõe também a uma reflexão sobre os tipos de escolhas que os personagens estabeleceram para suas vidas: amor, dinheiro, poder.

É interessante observar que o diretor do filme é inglês e se utiliza de  uma história

e uma tradição literária clássica inglesa/vitoriana, o clássico menino completamente miserável e abandonado a própria sorte, sem ninguém que o defenda e que vai se aproveitando do dom e dos recursos que ele encontra no momento se sobrevivência. É uma história de pobreza terrível aplicada em outra tradição – Bollywood – e dessa mistura traz algo bem surpreendente. Pode-se também dizer que é uma fábula moderna, não só sobre o destino do menino, mas também sobre a Índia dos dias atuais, um país que vem se reconstruindo, mudando de forma rápida e que faz isso apenas com o que está ao seu alcance e a disposição no momento assim como a vida de Jamil. Ele um menino que está mudando, crescendo, avançando e deixando algumas coisas para trás, apenas com os recursos que tem na mão. É o mesmo caso da Índia que é retratada no filme, um pais saindo da favela gigantesca que possuía, horrível e que espera por algo que seja melhor do que existe naquele momento.

‘Quem quer ser um milionário?’ traz à tona recortes do século XXI, em que países

como a Índia e o Brasil alimentam a esperança de um futuro melhor, geridos por capital estrangeiro ou por programas sociais que tem interesses políticos e econômicos por trás mas que faz com que essas populações possam sonhar. Ainda assim esses países são povoados por bolsões de miséria, violência, crescimento desordenado, corrupção e outros problemas. É a questão da globalização e da discussão que até os dias de hoje se faz sobre os benefícios e malefícios que ela traz para os países menos desenvolvidos. O próprio título é auto explicativo do que vemos e vivemos nos dias atuais: ao mesmo tempo em que oportunidades existem e os indianos estão tentando aproveitá-las, como Jamal, agindo com dignidade e decência, há pessoas que tentam lhes tirar o rumo, deslocando sua rota e não permitindo que cheguem ao que almejam. Países como a Índia e o Brasil estão entre os mais populosos do mundo e, também, entre aqueles que apresentam maior extensão territorial. Como fazer com a Índia supere as divergências internas, de caráter étnico e religioso, e se torne um país em que a pobreza seja deixada para trás?

Ao final do filme, quando Jamal e Latika dançam juntos numa espécie de musical

bollywoodiano, mostra-se que a escolha para uma vida feliz é o amor, o trabalho, a honestidade e a boa moral. Entretanto, as imagens da trajetória de vida de Jamal que são passadas durante o final do filme, sobre o seu passado, apontam para uma crítica social, indicando que a vida romântica e o amor é uma ilusão.

Aqui cabe fazermos uma comparação com o que vimos em sala sobre a educação

em espaços não formais, tanto na nossa experiência nas visitas as instituições culturais, quanto em relação aos estudos e trabalhos de Vygotsky com relação a linha de pensamento conhecida como teoria histórico-cultural em que o homem não pode ser estudado separado das condições objetivas, históricas e socioculturais em que vive. Para Vygotsky, as marcas da existência social não estão apenas nas coisas, mas na mente do ser humano, que elabora conceitos a partir dos signos com os quais se relaciona. Para Vygotsky, os “sistemas de representação da realidade” são socialmente estabelecidos, entre eles a linguagem, sistema simbólico básico que une todos os seres humanos.  A interação social e a convivência com determinadas maneiras de agir e determinados produtos culturais é que os indivíduos vão construir seu sistema de signos, o qual consistirá numa espécie de ‘código’ para decifração do mundo.

Há uma discussão central no filme, sobre a aquisição de conhecimento. Espera-se

que o participante que conhece as respostas tenha um aprendizado formal, dado em sala de aula por professores treinados. Como não é o caso do personagem, entende-se que ele está fraudando o jogo. Porém, o filme traz a possibilidade de aquisição de conhecimento através das experiências da vida, e não somente pela educação formal através da escola, ou seja a interação social e a convivência com determinadas maneiras de agir e produtos culturais é que leva Jamal a construir o conhecimento e seu sistema de signos. Além disso, a desconfiança por tudo que já passou está também presente em relação ao apresentador do programa, quando Jamal não aceita a resposta a ele dada pra uma questão que não sabia.

Como já dissemos anteriormente, "Quem quer ser um milionário?", nos coloca

também em uma Índia que é, ao mesmo tempo, progresso e miséria. País dividido pelas diferenças culturais e religiosas que, apesar de tudo, cultiva grande paixão pela televisão e seus programas de auditório (assim como acontece no Brasil). Alguns deles podem levar pessoas anônimas a fama em um piscar de olhos, os tornando celebridades instantâneas e milionários de um dia para o outro. Isso fica muito claro quando durante o filme, a cidade inteira para pra assistir a resposta para a pergunta final de Jamal e a expectativa dessa população em relação a um programa de auditório. Portanto, ao assistir “Quem quer ser um milionário?” percebemos a força da televisão num país de dimensões continentais a influenciando o comportamento individual e coletivo. Em se tratando das mudanças ocorridas nos últimos anos, que estão modificando a forma como as pessoas assistem televisão, migrando da transmissão para o streaming, a influência dos produtores de filmes, novelas, reality shows, telejornais é cada vez maior. O personagem Jamal, proveniente das ruas miseráveis da Índia se torna uma celebridade nacional e pode se tornar um milionário da noite para o dia. Como a mídia televisiva transforma a vida das pessoas, fazendo-as passar de anônimos para pessoas conhecidas e quais as consequências na vida de alguém que passa por isso.

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