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A Contribuição do Desenvolvimento Psicomotor Para a Formação do Sujeito

Por:   •  8/9/2021  •  Artigo  •  2.393 Palavras (10 Páginas)  •  489 Visualizações

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TRECHOS DO TRABALHO:

“A contribuição do Desenvolvimento Psicomotor para a formação do sujeito”.

Autores: Cláudia Santos Jardim, Ana Carolina Pacheco Bittencourt, Camila Tássia Timbó Holanda, Carolina Barbosa de Carvalho, Iara Rebouças Marques Reis, Raisa Pinheiro Arruda.

Trabalho apresentado no “XIV Encontro de Iniciação a Pesquisa – Universidade de Fortaleza – 20 a 22 de Outubro de 2008”.

Durante a infância, as crianças estão em um ritmo acelerado de desenvolvimento psicomotor, sendo necessário que se trabalhe as atividades que as ajudem a estimular os subfatores da psicomotricidade, que são: tônus muscular, equilíbrio, lateralidade, noção de corpo (imagem e esquema corporal), estruturação espaço/temporal, praxia ampla e praxia fina.  Esses padrões podem ser aperfeiçoados com o tempo e a vivência, começando em casa, na escola e nas brincadeiras comuns do dia a dia. Nesse aspecto temos que:        

[...] A prática psicomotora tem por objeto favorecer e potencializar a adaptação harmônica da pessoa a seu meio, a partir de sua identidade que se fundamenta e se manifesta por meio das relações que o corpo estabelece com o tempo, o espaço e os outros (Rota, 1994). [1]

Levin (1997) nos ensina que “a estrutura e o desenvolvimento psicomotor em cena atravessam e determinam a vida da criança” [2]. Ou seja, o desenvolvimento da estrutura psicomotora da criança exercerá uma influência crucial na vida futura desta criança. Em vista disso, Levin (1997) nos alerta que “[...] a estrutura psicomotora implica enlaçar a mecânica motora à estrutura discursiva” [3]. Este entrelaçamento entre motricidade e discurso irá permear toda a nossa proposta de trabalho.

O tônus muscular pode ser concebido como algo dinâmico e não estático, uma vez que através dele torna-se possível a exploração de todo o ambiente, onde são realizados os movimentos que deslocam o corpo no espaço, no qual inclui atividades como andar, correr, saltar e suas variações. O tônus muscular permite à criança manter a postura do corpo no espaço, uma vez que está relacionado com as forças que a gravidade exerce no corpo. Tal equilíbrio é fundamental para a locomoção e a manipulação, pois auxilia na coordenação do movimento durante uma ação.  No entanto, Wallon ressalta também que:

[...] embora o corpo esteja em repouso, as células nervosas estão em atividade para manter a postura, conter as cargas emocionais, expressa-las ou realizar qualquer tipo de gesto. Portanto, através do tônus, se expressam múltiplos aspectos afetivos, viscerais, nervosos e intelectuais (Wallon, 1979a). [4]

Diretamente ligado ao tônus muscular, temos que o equilíbrio, nesse contexto, é a capacidade que possuímos de nos sustentarmos, “é o estado de um corpo que se mantém sobre um apoio, sem se inclinar pra nenhum dos lados” [5]. Pode ser estático, dinâmico ou recuperado, e depende das impressões periféricas – táteis, visuais, labirínticas e cinestésicas.

        Por o equilíbrio está diretamente ligado às impressões periféricas, quando uma delas não é bem estabelecida surgem dificuldades no equilíbrio. Tais dificuldades podem ser no motor ou no comportamento. No motor as mais freqüentes são quedas constantes, coordenação prejudicada e postura inadequada e instável. Já no comportamento elas são refletidas através de medo, insegurança e desatenção.

A lateralidade é a capacidade que o indivíduo possui de diferenciar esquerda / direita e subir / descer, não apenas em seu corpo (o que é a primeira etapa), mas também no corpo do outro. Não existe apenas uma forma de lateralidade, esta pode ser homogênea, cruzada ou ambidestra.

O seu desenvolvimento pode ser dividido em 4 fases onde inicialmente a criança não percebe nem distingui que seu corpo tem dois lados, posteriormente passa a compreender que cada braço está de um lado do corpo, após esta compreensão a criança consegue diferenciar suas extremidades e mais tarde forma a idéia de que seus órgãos são pares, finalmente  tem habilidade para precisar os dois lados e qual a dinâmica deles.

        A lateralidade pode ser observada em diferentes segmentos: 1) lateralidade de membros superiores, 2) lateralidade de membros inferiores, 3) lateralidade ocular, 4) lateralidade auditiva, 5) lateralidade expressiva.

Quando a criança não recebe estímulos ou orientações e ocorre uma má formação de sua lateralidade, pode haver como conseqüências motoras problemas de estruturação espacial, desorganização das funções de linguagem, disgrafia, movimentos lentos e inconstantes, caderno desorganizado e não obtenção de direção gráfica. Esta má formação também provoca conseqüências no comportamento, a criança demonstra-se desorganizada, insegura, indecisa.

Para entendermos os conceitos de imagem corporal e esquema corporal, por sua vez, faz-se necessário situar o corpo trabalhado pela Psicomotricidade.

Segundo Bergès (1988), o corpo para a Psicomotricidade é um corpo “receptáculo”, que é atravessado pelo simbólico, inserindo-se no campo da linguagem. O corpo é delimitado pelo olhar que o Outro dirige a ele, o Outro insere marcas simbólicas neste corpo, dando-lhe um sentido.

O primeiro corte epistemológico da Psicomotricidade foi constituído pelos conhecimentos a respeito do corpo orgânico, um olhar mecanicista deste corpo, visão da medicina em cima do corpo, onde o corpo se resume ao orgânico. O corpo não é só organismo, aspecto do qual se ocupa a medicina, dessa forma eram sempre procuradas causas orgânicas que explicassem as dificuldades motrizes que apareciam, como se somente o neurológico estivesse envolvido no “movimento do corpo”. Bergés que vem romper com esses conceitos onde a perturbação motriz possui um lugar neurológico, deste modo a Psicomotricidade separou-se progressivamente da neurologia, conquistando um espaço diferenciado.

O corpo é linguagem, deve-se perceber um sentido nesse corpo, e de acordo com a Psicanálise, há necessidade de um Outro que inscreva um sentido nas sensações.

Partindo deste conceito é que dizemos que o corpo é algo a ser conquistado pelo sujeito, pois o sujeito não é o mesmo que o seu corpo.

Essa apropriação do corpo depende de descobertas que a criança fará no decorrer do seu desenvolvimento, se for um desenvolvimento normal, haverá uma apropriação do corpo a partir da linguagem, o primeiro momento é um momento especular, é partindo do Outro que a criança reconhece seu corpo, uma identificação especular com o Outro.

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