TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Citação - As culturas negadas e silenciadas do currículo

Por:   •  12/5/2017  •  Abstract  •  2.636 Palavras (11 Páginas)  •  2.185 Visualizações

Página 1 de 11

SANTOMÉ, Jurjo Torres. As culturas negadas e silenciadas no curriculo. Petrópolis. Editora Vozes. 1995

Palavras-chave

Citações

Reflexões

As culturas Negadas e silenciadas no currículo

“Uma das finalidades fundamentais de toda intervenção curricular é a de preparar os/as alunos/as para serem cidadãos/as ativos/as e críticos/as, membros solidários e democráticos de uma sociedade solidária e democrática. Uma meta desse tipo exige, por conseguinte, que a seleção dos conteúdos do currículo, os recursos e as experiências cotidianas de ensino e aprendizagem que caracterizam a vida nas salas de aula, as formas de avaliação e os modelos organizativos promovam a construção dos conhecimentos, destrezas, atitudes, normas e valores necessários para ser bom/boa cidadão/ãs.

O desenvolvimento de tal responsabilidade coletiva implica que os/as estudantes pratiquem e se exercitem em ações capazes de prepara-los/as adequadamente para viver e participar em sua comunidade.” [...] “Muitas propostas de escolarização mantem ainda uma forte estrutura fordista, no sentido de que de que se modo de funcionamento se assemelha ao da cadeia de montagem de uma grande fábrica” [...] “A única coisa a que os/as estudantes aspiram é acabar quanto antes seus deveres e desse modo conseguir uma recompensa extrínseca, como uma determinada nota ou um determinado conceito. O que tem menos importância nessa situação é o sentido, a utilidade e o domínio real do que devem aprender.” [...] “A ação educativa pretende, portanto, além de desenvolver capacidades para a tomada de decisões, propiciar aos alunos e às disciplinas e ao próprio professorado uma reconstrução reflexiva e critica da realidade, tomando como ponto de partida as teorias, conceitos, procedimentos e costumes que existem nessa comunidade e aos quais se deve facilitar o acesso.”  (P. 159, 160)

A intervenção curricular tem umvaspecto muito importante no desenvolvimento crítico social na vida dos alunos, pois ela busca prepara-los para serem cidadãos ativos e críticos, para atingir esse aspecto a instituição escolar deve escolher conteúdos que favoreça a costrução dos conhecimentos, habilidades, atitudes, normas e valores necessários para ser bom cidadão.

Como dito no texto esse desenvolvimento implica que os estudantes pratiquem e se exercitem em ações capazes de prepara-los adequadamente para viver e participar em sua comunidade.

Outro aspecto que devemos levar em conta é o cuidado com a estrutura fordista presente na escola, ou seja, o ensino mecanisado onde o estudande busca somente aprender aquilo que irá recompensa-lo com uma nota ou determinado conceito, ele deve buscar o sentido real que desenvolva capacidades para a tomada de decisões e que promova uma construção reflexiva e critica da realidade.

Vozes Ausentes na seleção da Cultura Escolar

“Quando se analisam de maneira atenta os conteúdos que são desenvolvidos de forma explícita na maioria das instituições escolares é aquilo que é enfatizado nas propostas currículares chama fortemente atenção a arrasadora presença das culturas que podemos chamar de hegemônicas. As culturas ou vozes dos grupos sociais minoritários e/ou marginalizados que não dispõem de estruturas importantes de poder costumam ser silenciadas, quando não estereotipadas e deformadas, para anular suas possibilidades de reação” (P. 161)

Neste tópico podemos observar que as práticas curriculares infelizmente ainda reproduzem o saber de um grupo dominante que manipula o conhecimento e os saberes, deixando de lado as culturas de grupos sociais menos favorecidos, que não possuem tanto poder capital, sendo a maioria das vezes banalizada. 

As culturas das Nações ao Estado Espanhol

“Algo que apenas se considera como parte importante dos conteúdos e tarefas escolares nas instituições educacionais é a preocupação pelas distintas culturas nacionais” [...] “Reconstruir o conteúdo de nação espanhola trouxe também um forte silenciamento e/ou ataque â idiossincrasia e, portanto, aos direitos de cada um dos povos ou nações que integram o estado espanhol” [...] “Por exemplo, nos materiais curriculares utilizados durante a ditadura franquista é impossível encontrar uma só alusão a existência das diferentes nações que integram estados” [...] ”Quando alguma vez aparece a denominação de alguma  dessas nações, isso é feito de um modo similar ao conceito mais folclórico de região proposto pelos defensores  da ditadura.” [...] “A nação é o  espaço  onde  se  forja a identidade  social  dos  diferentes  grupos humanos. A aceitação da própria identidade é uma  das principais condições para saber valorizar a dos  demais.” [...] (P. 162, 163)

Com base no texto lido, podemos analisar a importância do conhecimento da diversidade cultural de um país, e podemos ver também como a falta deste conhecimento e aceitação das diversidades pode atrapalhar no desenvolvimento de uma nação mais sustentável e diversificada.

Como o próprio texto diz "A nação é o espaço onde se forja a identidade social dos diferentes grupos humanos." Conhecendo a própria diversidade que uma nação tem é um caminho mais fácil para se ter o sentido de aceitação para as diferenças existentes no mundo e também nos ensina a aprender que nós mesmo somos diferente.

As culturas Infantis e Juvenis

”O adultocentrismo de nossa cultura nos leva a uma  ignorância realmente grande acerca do mundo idiossincrático da infância e da juventude. As crianças descobrem por que são crianças, qual é o significado dessa fase de desenvolvimento, que direitos e deveres tem. Todo seu mundo de relações, predileções, interesses, jogos e brinquedos, é objeto de atenção, de reflexão e critica apenas no quadro das instituições acadêmicas” [..] “Um notável grau de sentimentalismo por parte das pessoas adultas tem como resultado um afã por colocar a infância em um mundo paradisíaco. Costuma-se contemplar as pessoas nessa fase de desenvolvimento como: ingênuas, inocentes, des validadas, etc..., e portanto, sem maiores preocupações, interesses e desejos.” [...] A adoção dessa filosofia propicia um silenciamento de outras infâncias mais reais e, por sua vez, leva a que durante o período de escolarização obrigatórias não exista uma clara  intencionalidade em estudar como conteúdos escolares as condições e modos de vida da infância pobre , das crianças do mundo rural e litorâneo, as condições de vida infra humana das que vive em terceiro mundo, etc. Assistindo a qualquer meio de comunicação de massa, podemos constatar que existem guerras civis, insurreições e disputas de fronteiras que afetam seriamente a infância. Entretanto, tais problemas não existem quando lemos a maioria dos livros didáticos. ” [..] “Em um mundo que definimos como aldeia global, o conhecimento dessas injustiças é imprescindível para gerar a suficiente solidariedade capaz de corrigir as desigualdades e injustiças que são causa desses conflitos.” [...] “As instituições escolares, não podem fazer vista grossa e ouvidos moucos a situações de injustiça que afetam a infância.” [...] “O alunado deve adquirir consciência dessas tristes realidades e comprometer-se com essa infância maltratada, na medida de suas possibilidades e forças. Uma forma de preparar as novas gerações para a vida e para sobreviver é informando-as claramente das peculiaridades do mundo no qual lhes tocas viver. [...] “Os programas portanto e, portanto, os professores e professoras que rejeitam ou não concedem reconhecimento à cultura popular e, mais concretamente, às formas culturais da infância e da juventude (cinema, rock and roll, rap quadrinhos, etc.) como veículo de comunicação  de suas visões da realidade e, portanto, como algo significativo, para o alunado, estão perdendo uma oportunidade maravilhosa de aproveitar os conteúdos culturais e os interesses  que essas pessoas possuem como base da qual partir para o trabalho cotidiano nas salas de aula. Uma instituição escolar que não consiga conectar essa cultura juvenil que tão apaixonadamente os/as estudantes vivem em seu contexto, em suas família, com sua amigas e seus amigos, com as disciplinas acadêmicas do currículo, está deixando de cumprir um objetivo adotado por todo mundo, isto é, o de vincular as instituições escolares com o contexto, única maneira de ajuda-los/as a melhorar a compreensão de suas realidades e a comprometer-se em sua transformação. Se uma das missões-chave dos sistemas educacionais é a de contribuir para que os alunos e alunas possam reconstruir a cultura que essa sociedade considera mais indispensável para poderem ser cidadãos e cidadãs ativos/as, solidários/as, críticos/as e democráticos/as, é obvio que não podemos partir de uma ignorância daqueles conhecimentos, destrezas, atitudes e valores culturais que a juventude valoriza acima de todas as coisas” [...] “O ensino e a aprendizagem que ocorrem nas salas de aula representam uma das maneiras de construir significados, reforçar e conformar interesses sociais, formas de poder, de experiencia, que têm sempre um significado cultural e político. Nesse âmbito, algo que dificilmente se encontra presente é o que podemos denominar de cultura popular e, particularmente, aquilo que se vem se denominando de culturas juvenis, em geral. Podemos considerar essas culturas como formas de vida, como ocupações e produtos que envolvem a vida cotidiana dos alunos e alunas fora das escolas. São essas formas culturais as que melhor traduzem os interesses, preocupações, valorações e expectativas da juventude, as que nos podemos descobrir o verdadeiramente relevante de suas vidas.” [...] “A única cultura que as instituições acadêmicas costumam rotular como tal é a construída a partir das classes e grupos sociais com poder”   (P. 163, 164, 165, 166)

O adultocentrismo faz com que a criança não tenha o conhecimento de seus diretos e deveres. Para o autor os adultos acreditam que nessa fase a criança é considerada como ingênuas e inocentes não existindo muitas vezes uma valorização da cultura da mesma. O sentimentalismo dos adultos para com as crianças acaba colocando-as em um ambiente utópico, irreal, e seguindo esse paramentro acabamos propiciando o silenciamento das infâncias mais reais, por exemplo, de crianças que vivem nas ruas, ou moram em campos de concentração. O autor defende que a escola não pode ignorar as desigualdades e injustiças que afetam a infancia, e sim mostrar a triste realidade da mesma para que os alunos se tornem solidários e comprometidos com a causa, na medida de suas possibilidades e forças.

 A escola não reconhece a criança sujeito ativo capaz de produzir cultura dentro da sociedade.

Para Santomé a escola deve considerar e reconhecer em seus programas as formas culturais da infância e da juventude. Com isso, a escola que tem a missão de formar cidadãos e cidadãs ativos e críticos não deve ignorar os conhecimentos e valores culturais que a criança e o jovem valorizam.

As etnias Minoritárias ou sem poder

“É preciso estar consciente de que as ideologias raciais são utilizadas como álibi para a manutenção  de situações de privilegio de um grupo social sobre outro” [...] “Os discursos e praticas racistas são o resultado da historia econômica, social, politica e cultural da sociedade na qual são produzidos. São utilizados para justificar e reforçar os privilégios econômicos e sociais dos grupos sociais dominantes. A raça é, pois, um conceito bio-sócio-politico.” [...] “São numerosos as formas através das quais o racismo aflorado no sistema educacional, de forma consciente ou oculta. Assim, por exemplo, podem-se detectar manifestações de racismo nos livros didáticos de Ciência-Sociais,  Historia, Geografia, Literatura, etc., especialmente através  dos silêncios que são produzidos em relação aos direitos e características de comunidade, etnias e povos minoritários e sem poder” [...] “No interior das salas de aula é muito raro que o professorado e os alunos e alunas cheguem a refletir e investigar questões relacionadas com a vida é a cultura de etnias e grupos mais próximos e conflitivos” [...] “É preciso diminuir essa distancia mediante uma discriminação positiva, mediante uma intensificação da ajuda àquelas crianças que se, agora, mostram “déficits” culturais ou “atrasos” importantes, isto não se deve à sua idiossincrasia genética, mas ao fato de que lhes faltaram oportunidades para desenvolver aquelas destrezas e conhecimentos que  a instituição escolar exige e valoriza. Isso obriga a incorporar como conteúdos do currículo a historia e a cultura das minorias oprimidas e/ou sem poder. A analise mais profunda dos porquês da opressão e da marginalidade, em uma palavra, do racismo existente em nossa sociedade, nunca deve ser evitada.” [...] “Uma educação libertadora exige que se leve a serio os pontos fortes, experiências, estratégias e valores dos membros dos grupos oprimidos. Implica também ajuda-los a analisar e compreender as estruturas sociais que os oprimem para elaborar estratégias e linhas de atuação com probabilidade de êxito” [...] “A presença do mundo feminino, embora com avanços significativos, deve prosseguir, de maneira especial se tivermos presente que, em minha opinião, está ocorrendo uma forte remasculinização da sociedade. Frente a avanços importantes nos direitos  das mulheres começa a se verificar, não obstante, ataques importantes a tal filosofia” [...] “Nessa linha de remasculinização da sociedade, também fez sua aparição uma nova mensagem: a de as mulheres não são imprescindíveis nem para cuidar dos filhos e filhas.” [...] “O sistema educacional tem que contribuir para situar a mulher no mundo, o que implica, entre outras coisas, redescobrir sua Historia, recuperar a voz perdida. Se alguma coisa os alunos e alunas de nossas instituições desconhecem é a historia da mulher e realidade dos porquês de sua opressão e silenciamento. Estudar e compreender os erros históricos é um bom antidoto para impedir que fenômenos de marginalização como esses continuem sendo reproduzidos” (P. 168. 169, 170, 171,172)

As discriminações de raça e de gênero ainda são frequentes na sociedade brasileira e reflete na escola. As condutas e discursos racistas são o reflexo da história econômica, social, política e cultural da sociedade. Os mesmos são usados como justificativa para reforçar os privilégios econômicos e sociais predominantes.

Como citado no texto uma educação libertadora exige que se leve a serio os pontos fortes, experiências, estratégias e valores dos membros dos grupos oprimidos.

E referente a mulher, a escola tem que contribuir para situar a mulher no mundo, o que nos leva a recuperar a voz perdida. Se alguma coisa os alunos e alunas de nossas instituições desconhecem é a historia da mulher e realidade dos porquês de sua opressão e silenciamento. Estudar e compreender os erros históricos é a melhor maneira para impedir que fenômenos de marginalização como esses continuem sendo reproduzidos

Respostas Curriculares diante da diversidade e da marginalização

“‘Algo que é preciso ter em conta é que uma política educacional que queira recuperar essas culturas negadas não pode ficar reduzida a uma série de lições ou unidades didáticas isoladas destinadas a seu estudo.  [...] Um currículo anti-marginalização é aquele em que todos os dias do ano letivo, em todas as tarefas acadêmicas e em todos os recursos didáticos estão presentes as culturas silenciadas sobre as quais vimos falando. [...] Hoje são numerosas as pessoas que deixaram de ver as intituições como lugares para compensar a desigualdade, que perdem sua confiança nas possibilidades da educação como instrumento de democratização. [...] Portanto, é preciso construir de maneira coletiva, com a participação de toda a comunidade educacional e, claro, dos grupos sociais mais desfavorecidos e marginalizados, uma pedagogia crítica e libertadora.

As instituições escolares são lugares de luta, e a pedagogia pode e tem que ser uma forma de luta político-cultural. As escolas como instituições de socialização têm como missão expandir as capacidades humanas, favorecer análises e processos de reflexão em comum da realidade, desenvolver nas alunas e alunos os procedimentos e destrezas imprescindíveis para sua atuação responsável, crítica, democrática e solidária na sociedade. [...] É difícil dizer que os atuais processos de ensino e aprendizagem que têm lugar nas escolas sirvam para motivar o alunado para envolver-se mais ativamente em processos de transformação social e influir conscientemente em processos tendentes a eliminar situações de opressão. [...] A educação obrigatória tem que recuperar uma de suas razões de ser: a de ser um espaço onde as novas gerações se capacitem para adquirir e analisar criticamente o legado cultural da sociedade. [...] Uma pegagogia antimarginalização orecisa levar em consideração as dimensões éticas dos conhecimentos e das relações sociais.”

É preciso que haja uma recuperação das culturas negadas na política educacional, onde não exita restrição às suas discussões. Tematicas como essa devem ser incluidas no currículo escolar pois é atraves disso que começamos a ter uma pedagogia crítica e libertadora, transformando a sociedade, refletindo sobre a realidade e sempre buscando um olhar mais crítico.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (17.5 Kb)   pdf (104.8 Kb)   docx (17.4 Kb)  
Continuar por mais 10 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com