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Educação e Modernidade - Resenha

Por:   •  9/4/2017  •  Resenha  •  2.176 Palavras (9 Páginas)  •  651 Visualizações

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Resenha do livro “Educação e o mundo moderno”escrito por Anísio Teixeira, Companhia Editora Nacional, 1969

Luíza Girolamo Canato [1]

Anísio Spínola Teixeira nasceu em Caetité, no sertão da Bahia, em 12 de julho de 1900. Após sólida formação adquirida em colégios jesuítas, bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro em 1922 e obteve o título Master of Arts pelo Teachers College da Universidade da Columbia, em Nova York, em 1929.  Considerado um dos maiores educadores brasileiros, Anísio Teixeira deixou uma obra pública excepcional que, ainda hoje, está à frente do nosso tempo. Sua formação educacional foi fortemente influenciada pelo pragmatismo do filósofo John Dewey, de quem foi aluno no Teachers College e cujas idéias divulgou no Brasil.

O livro Educação e o Mundo Moderno publicado em 1969 reúne 12 ensaios escritos entre os anos de 53 e 64, são observações e reflexões sobre problemas contemporâneos. Em todos os textos podemos encontrar uma retrospectiva sobre a história da Educação, uma forma do autor mostrar ao leitor que o momento atual é uma consequência de conjuntos de fatores do passado.

No ensaio de abertura do livro Anísio Teixeira discorre sobre o percurso da filosofia e da educação na cultura Ocidental. A relação intrínseca entre dois é inegável, porém o autor salienta que anterior a um sistema filosófico estruturado a educação já existia como processo de perpetuação da cultura. Esse processo permitiu ao homem transmitir maiores quantidades de informação sobre o mundo à sua volta, sobre suas relações sociais e sobre coisas que não existem de fato, tais como espíritos tribais, nações, companhias de responsabilidade limitada e direitos humanos.Com o advento das civilizações é possível notar um retrocesso cognitivo,  “homens mergulhados em um estágio de triunfo e estagnação” (Teixeira, 1969, p. 10).

Com a introdução do cristianismo no modo de viver e pensar ocidental, o dualismo entre forma e matéria é resignificado, dando origem a diversas filosofias entre elas Bacon, Locke, Kant e Descartes porém para Anísio Teixeira, foi o filósofo John Dewey quem revisou o conceito de razão e experiência, em Democracy and Education , Dewey sintetiza, critica e amplia a filosofia da educação democrática contida nas obras de Rousseau e Platão. Via em Rousseau a valorização do indivíduo, enquanto Platão acentuava a influência da sociedade na qual o indivíduo se inseria e concebia o conhecimento e o seu desenvolvimento como um processo social, integrando os conceitos de sociedade e indivíduo. Para ele, o indivíduo somente passa a ser um conceito significante quando considerado como parte inerente de sua sociedade. Esta, por sua vez, nenhum significado teria, sem a participação dos seus membros individuais.

O exame que o capítulo dois propõe sobre ciência e humanismo e de que como os dois coexistem na sociedade moderna leva o leitor a refletir primeiramente sobre uma falsa separação conceitual imposta. O autor identifica essa divisão já na cultura grega, base da sociedade contemporânea, onde vigorava um regime escravocrata e onde poucos homens eram considerados livres e espirituais.

Mais adiante, o autor aponta para o caso da sociedade moderna, que “é sob muitos aspectos, o oposto da sociedade grega e, mesmo, da medieval.” (TEIXEIRA, 1969, p. 31), segundo ele, o homem livre grego e o ideal monástico da Idade Média não se encaixariam no mundo atual. Os atuais avanços tecnológicos não seriam possíveis sem o conhecimento acumulado pela civilização grega, porém, a tendência presente é afastar tal pensamento onde a ciência parece renunciar seu caráter humanista.

Após traçar o panorama do dualismo entre ciência e humanismo Anísio Teixeira traz algumas reflexões:

- Que temos feito, na verdade, desde o século dezenove, no campo da educação, no qual se formam os homens e onde se exemplificam as diretrizes reais de nossa civilização?

- Onde a formação do homem responsável, de referência, ao sei tempo e à sua civilização? Deixamos isto à religião? E que faz a religião?- Como, pois, surpreendermo-nos de que o homem, hoje, em meio aos prodígios de sua época, se sinta mais do que nunca alheio ai seu tempo e, o que é muito pior, alheio ao seu semelhante?

O texto apresentado no capítulo três intitulado em ciência e a arte de educar , compõe um Seminário que teve a participação de Anísio Teixeira onde estavam professores que trabalhavam diretamente na sala de aula e mestres ligados à pesquisa, condições sine qua non para se pensar a educação. Por esse motivo,  o autor propõe pensarmos a educação como uma aproximação entre ciência e arte, suas técnicas, modo de fazer e domínio de conhecimento. Na medida em que tratamos a educação como uma ciência, damos a ela um possibilidade de “desenvolvimento inteligente,  controlado, contínuo e sistemático” (TEIXEIRA, 1969, p.46).

Nesse artigo, Anísio Teixeira nos mostra que as práticas educacionais podem também se beneficiar de um progresso semelhante aos das ciências exatas ou biológicas frisando que toda ciência foi em primeiro lugar, uma filosofia e que se afastar dessa condição primeira é um erro grave. Ao comparar, em certo momento os educadores a artistas o autor indica que a arte de educar exige técnica, método, inovação e transformação constante para finalizar, (Teixeira, 1969); a ciência da educação, será constituída de toda e qualquer porção de conhecimento científico e seguro que entre no coração, na cabeça e nas mãos dos educadores e, assimilada, torne o exercício da função educacional mais esclarecido, mais humano mais verdadeiramente educativo.

No quarto capítulo o autor apresenta uma conferência realizada no Centro Regional de Pesquisas Educacionais do Recife sobre as bases da teoria lógica de John Dewey,  filósofo e pedagogo norte americano, considerado por muitos o expoente máximo da escola progressiva norte americana. Vale relembrar que Anísio Teixeira sofreu influências decisivas no seu modo de pensar não só a educação e sim vida de John Dewey (1859-1952) justamente entre meados de 1928 a meados de 1929, quando ele passou dez meses no Teachers College.

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