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Escritores pela liberdade

Por:   •  6/1/2017  •  Resenha  •  1.493 Palavras (6 Páginas)  •  1.207 Visualizações

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A) A ideia de Libâneo (1986) a respeito do enfoque educacional indica que a relação aluno-professor está ligada a tendências pedagógicas. Para o autor, a prática pedagógica docente se distribui em dois blocos, o da Pedagogia Liberal e o da Pedagogia Progressista. Cada bloco deriva de subtendências, assim a Pedagogia Liberal subdivide-se em: Tradicional, Renovada Progressista, Renovada não-diretiva e Tecnicista, e a Pedagogia Progressista em: Libertadora, Libertária e Crítico-Social dos conteúdos. Dentre as tendências Liberais, a Conservadora refere-se basicamente a autoridade do professor, este exige atitude receptiva dos alunos e impede a comunicação entre eles no decorrer da aula. Na Renovada Progressista não há uma posição central para o professor, seu papel é auxiliar o desenvolvimento livre e espontâneo do aluno. A Renovada não-diretiva tem a educação centralizada no aluno e é papel do professor garantir o clima de relacionamento pessoal. O Tecnicista tem uma definição clara dos papéis de professor e aluno. Por sua vez, de acordo com as tendências Progressistas, a Libertadora busca a conscientização sem qualquer relação de autoridade, a relação é horizontal.

No início de sua atividade docente acredito que a professora Erin Gruwell seguia uma tendência pedagógica tradicional. Em algumas cenas, por exemplo, é mostrado que a professora exige respeito e pede para que seus alunos troquem de lugar devido a bagunça em sala;  ela pede também que eles copiassem repetidas palavras do quadro de forma mecânica para que fosse decorado o conteúdo. O importante nesse método é que a escola transmita o produto final do saber científico independente do contexto em que a escola e seus atores estão inseridos. “Associa-se a aprendizagem à capacidade de reter, guardar, memorizar, armazenar de forma mecânica, passiva e receptiva um considerável acervo cultural(pág. 42).

Por meio do ato de escutar e observar, a professora Gruwell começou a repensar sua prática, de forma que podemos afirmar que ela adota uma tendência progressista. Ao ler os vários tipos de abordagens pedagógicas pude identificar que a didática utilizada pela Professora G, como era chamada pelos alunos, se assemelha a várias abordagens. Assim como é apresentado no livro essas abordagens podem coexistir no tempo histórico e, ao meu ver, também na relação docente-discente da professora Gruwell. Sendo assim temos elementos de Tendência Pedagógica Renovada Progressista, quando ela percebe que os alunos chegaram a esta etapa da vida escolar de forma precária, sem saberem ao menos o que é o holocausto. Ela utiliza o livro: “Diário de Anne Frank”, visita às exposições acerca do assunto como forma de acesso ao acervo cultural e científico para que os alunos possam entrar em contato com as informações, mas também utiliza desses acervos como reporte a vida deles. Uma vez que esses alunos estão em uma guerra que pode custar as próprias vidas e se situam em diferentes gangues, onde se encontram expostos à violência, ao tráfico e ao crime. Esses conflitos são transpostos para a sala de aula onde vemos uma bomba relógio prestes a explodir. Quando ela pede que os alunos escrevam um diário, vejo como uma Tendência Pedagógica Renovada Não-Diretiva, onde vemos elementos de autoconhecimento, formação da personalidade e realização pessoal e afetividade. Estórias que foram invisibilizadas, pelo Estado, pelas escolas, até pelas próprias famílias, agora ganham espaço para serem lidas e vistas. Quanto à descrição dessa Tendência temos também presente no filme saudáveis relações interpessoais. “Defendia-se uma didática capaz de gerar um clima propício e facilitador da comunicação do aluno com ele mesmo e com os outros” (pág 44). Na fala de Eva, uma aluna, ela descreve a sala como um “porto-seguro”, como uma família.

Temos no filme de forma tímida elementos das Teorias Crítico-Reprodutivistas, a vivência dos alunos trazidas em forma de relatos falados e dos diários para a sala, faz com que a professora consiga enxergar os contextos sociais em que seus alunos estão inseridos. Aqui é notório de que não há uma identificação em um modelo social perfeito capitalista e que os problemas dizem respeito somente aos atores que estão à margem da sociedade, como nas teorias positivistas. E sim, que existe uma degeneração do modelo social capitalista e que isso obviamente foge aos limites da escola e dos alunos. A professora G consegue identificar essas esferas e como isso influencia a vida de seus alunos. Quando ela é questionada pelo seu esposo e por um professor da escola do que esperava destes tipos de alunos, que eles não eram “santos”, suas trajetórias foram desclassificadas por ambos. Ela, então, diz a seu esposo: Você está os culpando por isso? Nesse momento fica claro que ela entende bem o contexto desigual em vários aspectos: financeiro, étnicos, racial em que seus alunos se encontram. Porém, ela identifica sim, esses aspectos, e acredito que o que ela faz é uma mudança radical em sala e isso extrapola para outros setores da Escola. Mas não vejo como o desejo de uma mudança de uma nova ordem social. O desejo de que seus alunos sigam vida acadêmica pode transformar consideravelmente as suas vidas, mas também é uma forma de reprodução e conservação do status quo. Não podemos esperar a abnegação de uma professora para que a vida de uma turma mude.(Não estou aqui, contudo, diminuindo os feitos da amável e louvável, professora G, porém a que ser feita uma crítica para além disso, porque senão ficaremos a mercê de um trabalho messiânico dos professores). Diante disso acredito que as abordagens pedagógicas da Professora Gruwell estariam mais próximas do bloco das Tendências Pedagógicas Progressistas. Para mim quando no livro é citado Gramsci (1978) e Giroux(1983): “que a escola mesmo na condição de AIE(aparelhos ideológicos do Estado), é também um espaço de luta possível”. Consigo visualizar várias cenas do filme, inclusive a inspiração e motivação comovente da professora.

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