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O FRACASSO ESCOLAR E AFETIVIDADE: PERCEPÇÕES A PARTIR DE PIAGET, VYGOTSKY E WALLON

Por:   •  14/6/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.091 Palavras (9 Páginas)  •  266 Visualizações

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Interação social, fracasso escolar e afetividade: percepções a partir de Piaget, Vygotsky e Wallon.

Niuani Mendes Pereira*

Resumo

 A partir dos textos ''A afetividade no contexto da Educação Infantil'', ''Renomeando o Fracasso Escolar'' e ''Interações sociais e construção do conhecimento'' o trabalho tem por objetivo expor percepções sobre a relação com os textos trabalhados e discutidos na disciplina de psicologia da aprendizagem, onde foram estudados três autores importantes para a concepção da psicologia da aprendizagem: Piaget, Vygotsky e Wallon. Nessa perspectiva foi dada ênfase sobre o lugar da interação social na concepção de Piaget, o conceito de afetividade em Wallon, o fracasso escolar construído hegemonicamente e o individuo em potencial a partir de Vygotsky.

Palavra chave: Interação, Fracasso Escolar, Afetividade.

* Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

          Entender a afetividade é bem simples, a partir do senso comum, onde se entende diante de gestos positivos, carinhosos e amorosos. Acontece que a afetividade é algo bem mais complexo, diverso e com maior amplitude de sentimentos e atitudes, justificável conforme os estudos de Wallon, onde se debruçou na busca de fundamentar a grande complexidade que a afetividade e as emoções sofrem no decorrer do desenvolvimento e na constituição do sujeito. No artigo sobre afetividade no contexto da Educação Infantil, onde o objetivo do texto é identificar e analisar as concepções diante dos docentes de uma rede escolar municipal no interior de São Paulo fica claro que a pesquisa de cunho qualitativo, procurou ir a fundo às relações entre professor-aluno. Para a coleta de materiais para análise, foram feitas aplicações de questionário individual e escrito e uma discussão em grupos focais, que permitiu duas categorias de análise: ''Afetividade como expressão de sentimentos e atitudes exclusivamente positivos ou do bem'' e ''Afetividade que envolve uma complexidade e diversidade maior de sentimentos e atitudes''. Todas as professoras compreendem o que é afetividade, a sua importância e a sua legitimidade. Acontece que um grupo de professoras acredita na afetividade como expressão só de bem, reportando a predominância do ''instinto maternal'' no exercício do magistério, justificando as suas afetividades como expressão amorosas e relacionando os seus argumentos no senso comum, desconhecendo as teorias mais atuais sobre a relação mais complexa de afetividade, remetendo a mesma em sinônimo de carinho, amizade, amor e querer bem.

CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE WALLON

           

        Para Wallon, a afetividade é essencial para a compreensão do significado das trocas relacionais entre a criança e seus outros sociais, sendo entendida como instrumento de sobrevivência do ser humano, pois é a primeira manifestação do impulso emocional e a afetividade reduzindo-se as reações fisiológicas desde nascimento até o primeiro ano de vida. Ou seja, a linguagem do choro, os gestos e as reações ao se comunicar com o mundo, são carregadas de significados afetivos, indo para além da relação mãe e filho, ao estabelecer uma relação ao mundo social. Tendo essa convicção da relevância da afetividade na constituição do sujeito, compreende-se que o aspecto emocional não é menos importante que os outros aspectos, sendo objeto de estudo e de preocupação no âmbito educacional. Conforme o desenvolvimento do indivíduo, a inevitabilidade afetiva torna-se cognitiva, fazendo com que a potencialização entre a integração afetiva e a inteligência seja permissível à criança a alcançar níveis de ascensão cada vez mais elevados, pois a afetividade inclui necessidades de interesses e emoção, carregados de impactos em relação à manifestação da consciência, onde Vygotsky (1984) afirma que ''a concepção de consciência emerge na participação em práticas socioculturais e as reações emocionais devem constituir o fundamento do processo educativo''.

Na escola, a evidência da afetividade é muito maior, pois a relação do ser humano com afetividade é desde seu nascimento, partindo da relação com ''outro social'', por toda a sua vida, sendo explicita, especialmente no contexto escolar, na relação professor-estudante e estudante-estudante. Portanto, para Wallon e Vygotsky é fundamental o aspecto sócio-histórico-social na formação do homem, pois o ser humano não é um ser pronto, e sim um ser que se constitui na relação com o outro, com a cultura e na cultura, trazendo suas experiências individuais e coletivas para esse contexto, recebendo a denominação de relação interacionista a interação entre a afetividade e o ambiente social (VAN DER VER E VALSINER, 1996). Pensar na escola como espaço de mais evidência da afetividade, carrega uma responsabilização dos professores, educadores e profissionais da Educação em relação a propiciar um espaço, no contexto escolar, em desenvolver as atividades de interação social entre os diferentes sujeitos, com o objetivo propiciar a relação social e o desenvolvimento educativo, trazendo características individuais, coletivas, essencialmente de práticas humanas, que estão relacionadas e dependem da interação do ser humano com o meio físico e social ao qual pertence (BORBA, SPAZZIANI, 2012, p.12).

CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE VYGOTSKY

       

         Seguindo na percepção da escola, onde é caracterizada e reconhecida como um espaço formal e natural de aprendizagem, conhecimentos, socialização e afetividade, torna-se também um espaço de vários estigmas e rotulações, trazendo para si várias renomeações para um só rótulo: ''fracasso escolar''. No texto sobre o fracasso escolar, onde tem por objetivo investigar os significados atribuídos por estudantes, pais e professores ao termo ‘’fracasso escolar’’ e apontar outros nomes que poderiam substituí-los na rede de ensino fundamental no interior do estado de São Paulo, ficou explícito que o termo é carregado de sinônimos e responsabilizações dos estudantes pela reprovação a partir da perspectiva dos pais e estudantes; multicausalidade para o acontecimento do fracasso escolar, a partir da família, estudantes, escola, professores e políticas públicas, diante das percepções dos professores. Porém em todos os momentos do texto, o autor buscar um questionamento pertinente em relação ao termo, pois os termos usados como sinônimo para o termo ''fracasso escolar'' traz conotações pejorativas aos estudantes, causando excessivamente prejuízos sobre o desempenho acadêmico e social ao longo da vida, conduzindo à exclusão social, abalando moralmente o indivíduo a quem o termo é atribuído (aput Pozzobon; Mahendra; Marin, 2017).

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