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O QUE É UMA ESCOLA JUSTA?

Por:   •  5/5/2015  •  Abstract  •  1.168 Palavras (5 Páginas)  •  236 Visualizações

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        O QUE É UMA ESCOLA JUSTA?

Por Helena Maria de S. Santos

  Maria Alice Nogueira (2002) aponta alguns fatores referentes às possibilidades de conversão do capital cultural em capital escolar, os quais podem ser pensados da seguinte forma: alunos provenientes da escola privada de ensino, de colégios confessionais e tradicionais, por exemplo. Tais alunos que chegam ao ensino fundamental I (antigo primário) já alfabetizados por virem de pré-escolas de pelo menos dois anos, começam ter vantagens maiores que os demais.

  Esses alunos, na sua maioria, são de famílias que detém um menor número de filhos, o que Nogueira chama de “percurso do tipo todo privado”. Neste ponto, o fator financeiro contribui para essa trajetória, embora haja um outro ponto favorável, a de os alunos serem filhos, sobrinhos de professores universitários.

  Não somente há a rede privada de ensino, mas ainda seis escolas da rede pública do Estado de Minas Gerais em Belo Horizonte estão em área nobre da cidade, e mais uma escola federal, que é o centro pedagógico da UFMG, o qual, segundo Maria Alice, é a mais procurada por sua reputação de qualidade.

  Levando em consideração que o capital cultural de uma família da elite dominante influencia naturalmente seus filhos em idade escolar, e isso é refletido na escola, há de se entender que o meio em que esse aluno de “elite” vive, favorece diretamente a instituição em que o mesmo estuda.

  Um outro fator referente às possibilidades de conversão do capital cultural em capital escolar é que as culturas dos alunos independem dos recursos financeiros, a saber, são os filhos ou sobrinhos de professores universitários e que convivem naturalmente nesse meio academicista. Alunos que estão cientes de tudo o que acontece no meio acadêmico, antes mesmo da idade própria para entender o que isso representa na vida de um jovem, como mostra a pesquisa realizada por Nogueira, em depoimentos de alunos da UFMG. Existe, portanto, toda uma configuração familiar e toda uma ação por parte das famílias para que estes alunos façam parte desse grupo.

  Embora haja uma naturalidade em se pensar a universidade pública federal por parte dos alunos citados, por causa das disputas pelos cursos de “prestígios”, os estudantes adotam as estratégias do “treineiro” e a do cursinho pré-vestibular. Há também a experiência dos cursos no exterior, patrocinados pelos pais de “elite intelectual”, que privilegiam o conhecimento de seus filhos e por isso investem nos mesmos, investimentos que muitas vezes independem de uma elite do alto capital financeiro.

  Entretanto, apesar de ser quase regra que estes fatores existam de fato, e que os alunos que trazem de casa alguma “bagagem” da cultura privilegiada do meio em que vivem para a esc ola, há também a possibilidade de o aluno da escola de aplicação da UFMG, que não tenha um capital vindo de casa, consiga, com bastante esforço, seguir com seus estudos e chegar à UFMG, ou em qualquer outra universidade federal em primeiro lugar, num curso de engenharia, por exemplo. Isso seria a exceção e meio a regra, mas a possibilidade existe.

  Dubet (2004) vai discutir a questão desigualdade escolar partindo do princípio de que a mesma é, de certa forma, oriunda das desigualdades sociais, na década de 1960. Ele aponta “escola do povo, escola das classes médias, a escola da burguesia, as escolas profissionais, as do campo, as da igreja,as do Estado”, se referindo às escolas da França.

  No Brasil a situação não é muito diferente. Embora não haja uma determinação quanto à carreira que o aluno irá trilhar desde a educação infantil, no Brasil há a desigualdade escolar no sentido de que quem estuda em melhores escolas, têm melhores possibilidades de trilhar as carreiras de “elite” (em suma, cursos universitários federais e estaduais), embora haja uma “democratização da educação, para se concorrer a uma vaga em universidades federais. O pré- requisito é o diploma de ensino médio ou equivalente, mas o problema é que o tal pré-requisito não garante o ingresso nas universidades, pois, primordialmente os candidatos que conseguem se ingressar são aqueles que sempre estudaram em escolas renomadas.

  Com as políticas públicas de “Ações Afirmativas” (cotas), separaram-se alguns percentuais de vagas aos alunos “menos preparados”, oriundos principalmente de escolas públicas estaduais.

  Segundo Dubet, as desigualdades entre grupos sociais estão ligadas aos pais dos alunos, mas também ao envolvimento que estes têm com a escola, com o apoio e orientação que dão aos filhos. A escola trata melhor os alunos “bons” (social e culturalmente bem dotados), do que os alunos socialmente desfavorecidos, e nisso mostra uma contradição, pois sua política afirma que dentro dos muros da escola, todos os alunos são iguais. É o preconceito pelo esteriótipo.

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