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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NAS AULAS DE MATEMÁTICA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO NAS ESCOLAS INDÍGENAS XACRIABÁ

Por:   •  8/4/2019  •  Abstract  •  1.270 Palavras (6 Páginas)  •  204 Visualizações

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Antes de falar sobre a análise das escolas e do ensino da matemática dos povos Xacriabá, é necessário saber quem é esse povo. Os Xacriabá são povos indígenas que habitam a região norte de Minas, com uma população de, aproximadamente, 7.000 pessoas, pertencentes ao tronco linguístico Macro-Jê, porém tem o português como primeiro língua.

O presente texto tem como objetivo apresentar uma análise das práticas pedagógicas dos professores indígenas que ensinam matemática com base na vivência nas escolas das aldeias Itapicuru e Morro Falhado. As autoras estruturam o texto em quatro momentos: a introdução; o tempo nas escolas Xacriabá; as diferentes presenças no contexto escolar e as práticas pedagógicas nas aulas de matemática.

Na introdução, são feitos alguns apontamentos importantes para compreensão da pesquisa e vivência nas escolas Xacriabá. O primeiro é que a cultura desses povos, assim como as demais, vem transformando-se de maneira constante devido à dinâmicas internas e externas, com o mundo não indígena. Segundo é que faz-se necessário entender que “a cultura escolar é reconstruída, localmente, pelos sujeitos que dela participam.” (p. 18).

A primeira vista, essas escolas são muito próximas do modelo de escola ocidental: organização dos alunos em fileiras; uso da disciplina para controle dos alunos; a figura centralizada do professor; o uso da repetição para a assimilação. Entretanto, apesar das marcas de padronização, é possível notar a presença da “cultura invisível”, denominação usada por Susan Philips.

O trabalho tem como fonte a observação das escolas da Aldeia Itapicuru, na qual as aulas de matemática são conduzidas pela professora Rosenir nas turmas de 5ª a 8ª série e pela professora Merenice nas turmas das séries iniciais, além das escolas da Aldeia Morro Falhado, cuja classe multisseriada de 1ª a 4ª série, conduzidas pelo professor Manoel.

A maneira como o tempo é vivido nas escolas Xacriabá difere-se entre as aldeias. Em Morro Falhado, esse parece ser mais fluido as necessidades específicas da comunidade, levando em consideração as questões climáticas, as festividades e a cultura desse povo. Relatos de campo mostram flexibilidade do calendário escolar em virtude dos costumes locais. Já na Aldeia Itapicuru a relação temporal parece menos dinâmica em relação à primeira. As professoras seguem as orientações da direção e no caso das brincadeiras, por exemplo, há dia fixo para que ocorra.

As diferentes formas de lidar com o tempo nas duas escolas expressa a ideia de que cada professor apreende, de maneira singular, as normas educativas vindas do sistema educacional. “A dinâmica escolar se compõe das normas oficiais e da realidade cotidiana de cada escola.” (p.20).

A acomodação das diferentes presenças em sala também é um ponto a ser analisado. A presença mais regular são das crianças menores de seis anos que frequentam as aulas sem estarem matriculados: os conhecidos como encostados. De maneira menos constante, há também a presença de familiares de alunos ou professores, líderes locais que entram em sala, observam, participam, contam casos.

Esse acolhimento é concebido de maneira distinta entre as escolas. Em Morro Falhado, as presenças são mais frequentes e as contribuições são apresentadas no texto por registros de campo. Entretanto, na Aldeia Itapicuru não foi possível perceber a presença contínua de pessoas da comunidade, sendo uma possível explicação para tal o distanciamento da escola em relação às casas da aldeia. Tal característica aproxima a escola do modelo de educação não indígena, o que pode ser explicado pela própria história da escola na aldeia, que teve em sua gênese um modelo de trabalho com marcas da “escola padrão”.

A observação das práticas pedagógicas nas aulas de matemática parte do entendimento de sala de aula como cultura, ou seja, seu funcionamento não é algo estático, mas construído pelas ações dos envolvidos, conforme mobilizam seus saberes sobre como as coisas deveriam ser feitas naquele espaço.

Pesquisas apontam que os modelos pedagógicos utilizados nas escolas Xacriabá são resultado de duas bases: a experiência de muitos professores em outras escolas próximas ou mais distantes das Terras Indígenas e a vivência do Curso de Formação de Professores Indígenas, “que sempre se apresentou como um modelo inovador na forma de organizar tempos e espaços escolares, assim como a forma de relacionar os conhecimentos escolares com os conhecimentos provenientes da experiência dos alunos.” (p. 23).

Uma breve comparação entre as práticas dos professores Manoel e Rosenir indicam seus principais distanciamentos: no caso do professor Manoel, o método utilizado em sua aula é similar ao individual, utilizado nas escolas brasileiras até o início do século XX, que consistia a uma sucessão de atendimento individual a cada aluno, o que parece contribuir para a participação da turma, frequentemente,

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