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RELAÇAÕ MAMAE E BEBE E CRECHE

Por:   •  20/5/2015  •  Resenha  •  2.945 Palavras (12 Páginas)  •  109 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Este trabalho teve como objetivo expor algumas características da abordagem sociocultural do desenvolvimento humano e fazer uma interligação com o processo de entrada na creche, que hoje é uma instituição cada vez mais presente em nossa sociedade. Pretendeu-se discutir aspectos como a interação social, o caráter social, histórico, cultural e genético do desenvolvimento, articulando-os com a relação mãe-bebê e o processo de entrada na instituição, baseando-se principalmente nas ideias de Vygotsky e colaboradores. Entendem-se tais fundamentos como essenciais na constituição do homem, em sua vida de relação e trocas sociais, portanto discutem-se noções como zona de desenvolvimento proximal, zona de construção, intersubjetividade e contextos de desenvolvimento. O presente artigo tem por objetivo discutir os fatores que influenciam na escolha de um cuidado alternativo para o bebê e criança pequena e as vantagens e desvantagens apontadas pelos pais para as diferentes formas de cuidado. Dentre os fatores envolvidos no processo de decisão dos pais estão: a situação financeira e social da família; o apoio social recebido nos cuidados da criança; as práticas e crenças parentais sobre o cuidado das crianças; a escolaridade dos pais; a idade da criança; e o grupo étnico.

Os estudos apontam que um cuidado alternativo adequado não só tranquiliza os pais, como contribui para o desenvolvimento do bebê e para que seja mantida a qualidade da interação pais-bebê. Para as grandes cidades tem levado a uma diminuição no número de familiares convivendo em proximidade geográfica, quebrando a rede de apoio familiar e de vizinhança e gerando um distanciamento físico e psicológico entre os diferentes membros da família extensiva. Soma-se a isto o fato de as próprias famílias terem diminuído de tamanho nas últimas décadas, além de mudanças no comportamento dos seus membros, com uma tendência a viverem mais isolados e a buscarem maior individualidade. Tudo isto parece ser facilitado pelo isolamento característico da vida em apartamentos das cidades modernas e pela própria vida agitada dos grandes centros urbanos. Neste contexto, as relações com a família extensiva, e mesmo com a vizinhança e amigos, acaba sendo afetada. Desse modo, a creche ou a empregada/babá tem se revelado, muitas vezes, a opção disponível para os cuidados do bebê. Mesmo as mulheres que não trabalham fora têm procurado um espaço de socialização para as crianças, já que Estudos de Psicologia 2004, hoje contam com poucos recursos no espaço doméstico. A socialização das crianças também é apontada como uma vantagem da creche em comparação ao cuidado familiar, tendo em vista, muitas vezes, a ausência de outras crianças da mesma idade para brincar e porque, muitas vezes, os espaços são inseguros e pequenos. Os cuidados alternativos se referem às formas de cuidados não parentais, das quais se destacam quatro tipos principais: 1) creches e pré-escolas; 2) creche familiar (pequeno grupo de crianças na casa do cuidador); 3) cuidado na casa da criança por uma babá/empregada; e, 4) parente, na casa da criança ou na sua casa.Segundo dados do Unicef, relativos ao ano de 1999, cerca de 8% das crianças brasileiras de zero a três anos estão matriculadas na pré-escola. De acordo com o último censo escolar do Ministério da Educação, o país tem 10.519 creches que atendem a essa faixa etária, mas esse número cresce significativamente se considerarmos as creches irregulares ou não cadastradas, que podem chegar até ao mesmo número das instituições regulamentadas. Segundo dados de 1998 do MEC, que se baseiam apenas nas creches cadastradas, sejam elas públicas ou particulares, cerca de 448 mil crianças com menos de quatro anos estão matriculadas nesse tipo de serviço, que hoje é encarado prioritariamente como Educação Infantil, substituindo, assim, uma perspectiva exclusivamente assistencialista.

A entrada de bebês em cuidados alternativos, especialmente durante o primeiro ano de vida, tem gerado controvérsias no meio científico, pois implica em separações diárias do bebê de sua mãe enquanto ele ainda é muito pequeno. Além disso, a interação mãe-criança, inicialmente restrita ao espaço domiciliar, onde há uma maior intimidade e exclusividade, acaba afetada quando ocorre separação frequente da díade. São comuns os pais se sentirem inseguros e desconfiados, principalmente quando se trata do primeiro filho, que ainda é bebê. Sendo assim, as mães experiência sentimentos ambivalentes, conscientes ou inconscientes, sobre deixar suas crianças aos cuidados de outras pessoas. Estes sentimentos podem ser devido à visão prevalente na sociedade de que a mãe tem de cuidar de forma exclusiva dos pequenos, porque os pais preocupam-se com a competência do cuidador substituto, ou até têm ciúmes deste (Rossetti-Ferreira). Estas autoras assinalaram, ainda, que os sentimentos dos pais também podem ser permeados por suas representações sociais sobre a creche, pelos pré-conceitos que trazem de sua experiência de vida e que irão influenciar sua relação com a instituição, à forma como irão introduzi-la à criança e o significado que lhe será dado. O perfil das famílias que procuram a creche tem se alterado nas últimas décadas. Inicialmente, elas eram utilizadas principalmente por famílias operárias e de classe média cuja mãe precisava trabalhar; só mais tarde passaram a ser procuradas por famílias mais ricas que acabaram impondo-lhes novos padrões de qualidade. Creche, o espaço físico e os brinquedos são comuns, as atividades são compartilhadas pelas crianças e momentos considerados íntimos, como o banho e a amamentação, tornam-se públicos. Outro fato é que, tradicionalmente, a educação cabe ao adulto, em virtude de sua maior experiência. Na creche, a proporção adulto-criança é pequena e o parceiro mais disponível para interação são outras crianças. Isso pode levar os pais a crer que faltam cuidados apropriados a cada criança. “Alguns pais consideram, ainda, a maior interação com parceiros pequenos perigosos”, tanto em termos de influências sobre o comportamento da criança, como em relação à integridade física dos filhos. Por fim, o desempenho profissional das educadoras é, muitas vezes, questionável, devido à longa jornada de trabalho associada a uma má remuneração. Dentro desse contexto, para Amorim, existiria ainda uma indefinição sobre qual a principal função da creche: apenas atender as crianças enquanto as mães trabalham, ou ser um contexto educativo para o desenvolvimento da criança. Pode-se pensar que com uma melhor qualificação das creches esta dicotomia seja reduzida, e elas deixem de ser vistas como apenas dispensando cuidados básicos à criança e passem a ser vistas na sua função mais educativa. Vários estudos estadunidenses e europeus têm investigado as consequências dos cuidados alternativos sobre o desenvolvimento infantil, em especial sobre o apego mãe bebê, mas eles têm relatado resultados muitas vezes inconsistentes. Além disso, a revisão da literatura também mostra que existem poucos estudos que exploram as atitudes dos pais em relação aos cuidados infantis, suas escolhas de cuidados alternativos dentro e fora de casa e suas expectativas em relação aos mesmo.

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