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A Análise do Filme Coringa

Por:   •  18/10/2021  •  Trabalho acadêmico  •  4.275 Palavras (18 Páginas)  •  250 Visualizações

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HIGOR HENRIQUE DA SILVA

RAFAEL HENRIQUE RODRIGUES NEVES

ANÁLISE FÍLMICA

“Coringa”

Trabalho para a obtenção de nota parcial na disciplina de Análise Institucional, 5° período matutino, do curso de Bacharelado em Psicologia, da Universidade do Estado de Minas Gerais.

Prof. Matheus Viana Braz.

Divinópolis, MG.

25 de junho de 2021.

INTRODUÇÃO

A história de Arthur Fleck, interpretado pelo ator Joaquin Phoenix, contada no filme Coringa (2019), é mais uma daquelas histórias que está longe de ser o tipo de aventura que retrata apenas a saga de super-heróis que lutam incansavelmente para combater seus inimigos. Ela vai um pouco mais a fundo e mostra com uma riqueza de detalhes o processo da gênese de um dos vilões mais conhecidos e temido do universo das HQ; o famoso inimigo do Batman, ou em outras palavras, o terrível Coringa. O filme se inicia contando o drama vivenciado por um homem pobre e portador de problemas mentais que necessita trabalhar como palhaço em uma reconhecida agência de talentos da cidade, para garantir as precárias condições de subsistência da sua vida, bem como a da sua mãe. É através deste serviço, e de alguns outros poucos, que Arthur consegue pagar as contas, enquanto não realiza seu sonho de ser comediante de Stand Up. Assim, poderia realizar o que para ele seria seu propósito de vida. Trazer alegria e fazer as pessoas rirem, o que faz bastante sentido para uma cidade que, a cada dia se mostrava mais triste, distante e vazia. possui um distúrbio que o faz rir descontroladamente em situações que são inadequadas. Faz uso de sete medicamentos diferentes, além de ter apoio de uma assistente social.

Uma história que traz um vilão e ao mesmo tempo herói, o sujeito que é oprimido no meio social em que vive, que recebe do mundo aquilo que não desejava, o sujeito invisibilizado que se ergue, rompendo com a configurações estabelecidas, se tornando um herói e um vilão. Nesse sentido, o filme nos leva refletir no papel das diversas instituições que contribuíram para a formação e criação do personagem coringa. Deste modo, essa análise tem como objetivo trazer o contexto que o personagem reside, buscando avaliar a configuração social existente no longa, assim, como as instituições que atravessam a existência de Arthur e favorecem o surgimento de um segundo personagem, levando-o para uma outra lógica de transformação de si e do meio; inspiração para uma parcela da sociedade insatisfeita com as configurações atuais do sistema.

1 - Instituição

Para Baremblitt (2002), “Instituições”, são árvores de composições lógicas que, segundo a forma e o grau de formalização que adotem, podem ser leis, podem ser normas e, quando não estão enunciadas de maneira manifesta, podem ser pautas, regularidades de comportamentos. Alguns autores sustentam que leis, normas e pautas são objetificações de valores.  A leis, em geral, estão escritas; as normas e os códigos também. Mas uma instituição não necessita de tal formalização por escrito: as sociedades ágrafas também tem códigos, só que eles são transmitidos verbal ou praticamente, não figurando em nenhum documento.

A instituição é um valor ou regra social reproduzida no cotidiano com estatuto de verdade, que serve como guia básico de comportamento e de padrão ético para uma coletividade. A instituição é o que mais se reproduz e o que menos se percebe nas relações sociais. Suas "formas sociais visíveis, dotadas de uma organização jurídica e ou/ material como uma empresa, uma escola, um hospital, o sistema hospitalar de um país são chamados de instituições, segundo Lourau" (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008)

Desta forma, analisamos as instituições que implicam no processo de formação do personagem. Que favorecem ao personagem uma construção da sua realidade.

1.1- Estado, os problemas sociais e o desamparo

Os problemas sociais apresentados ao longo do filme, é um dos contextos que dão vida ao Coringa. O filme já se inicia apresentando uma Gothan City cheia de problemas, a começar pela greve dos funcionários da empresa que realiza a coleta de lixo, causando uma infestação de ratos e um ambiente decadente. Assim como a violência na cidade que só aumenta. Os “delinquentes” que se espalham pela cidade e atingem Arthur logo no início da trama, quando trabalhava na rua vestido de palhaço. Ele é agredido e tem uma placa de propaganda, que usava, destruída. A questão a ser elaborada aqui não é sobre a violência, os problemas socias, mas sim, a posição do Estado para resolver todas essas questões que vem surgindo.

Uma das cenas que diz muito sobre a função do Estado, é a dos encontros com a assistente social como representante deste, que de alguma forma auxilia o Arthur na elaboração dos desafios enfrentados, seja por uma possível escuta ou a medicação que recebe para tratar os seus transtornos. Nestas cenas que são exibidas a personagem que teria papel importante em auxiliar Arthur, mas que participa de forma desinteressada e mais preocupada mais nos problemas que poderá vir a acontecer por causa de suas questões mentais, do que nas demandas que são levadas pelo Arthur. Ela pouco se mostra interessada no que ele escreve em seus diário, assim como não demonstra interesse em suas aspirações como comediante. Isso fica evidente na cena que ele diz que ela não o ouve e só quer saber se ele não está tendo algum pensamento negativo ou pensando em se matar. O humano é deixado de lado, a assistente social olha somente para os sintomas que ela possa apresentar, o resto não tem interesse pra ela. A possibilidade de ter uma vida normal, para Arthur, era auxiliado pelo Estado com os remédios que lhe eram fornecidos. Ocorre que, em um momento, que ele mais necessitava, o Estado corta a verba, sendo necessário encerrar o tratamento e o recebimento da medicação. Ele é o sujeito que é invalidado, um sujeito que não tem importância para o Estado. Um serviço de política pública, que deveria cuidar da população se apresenta falho. Assim como, ele disse a assistente, nos leva concluir que para Estado ele não tinha voz.

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