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O CONTO COMO FERRAMENTA NO TRABALHO TERAPÊUTICO COM CRIANÇAS

Por:   •  28/6/2019  •  Artigo  •  1.605 Palavras (7 Páginas)  •  175 Visualizações

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O CONTO COMO FERRAMENTA NO TRABALHO TERAPÊUTICO COM CRIANÇAS1

Rafael De Siqueira Fredi2, Patricia Da Rosa Soares3, Sabrina Gois Dos Santos4, Melissa Caroline Hermann Dias5, Elisiane Felzke Schonardie6.

1 Projeto de Estágio básico realizado no curso de Psicologia da Unijuí.

2 Aluno do curso de Psicologia da Unijui 3 Aluno do curso de Psicologia da Unijui 4 Aluno do curso de Psicologia da Unijui 5 Aluno do curso de Psicologia da Unijui

6 Professora e Supervisora do Projeto de Estágio Básico do curso de Psicologia da Unijuí

Resumo

O projeto “Oficina Terapêutica de Contos” sugere a utilização dos contos, na psicoterapia de indivíduos que vivenciam algum tipo de separação prolongada de sua família ou estão passando por alguma situação de abandono ou risco, isto é, situações em geral que causam sofrimento ao sujeito. Tem como referência teórica Celso Gutfreind, que pensa o conto como um instrumento disparador da palavra desse sujeito que se encontra em sofrimento psíquico. O conto é um instrumento capaz de funcionar como mediador na elaboração de conflitos psíquicos, dando novo sentido à história pregressa e atual do sujeito.

Introdução

O Projeto de estágio básico “oficina terapêutica de contos”, visa auxiliar as crianças a encontrarem, através do conto, uma representação para aquilo das suas histórias, sofrimentos e angústias que não encontraram sentido frente suas realidades. Bem como proporcionar através desta representação, a ressignificação desses conteúdos. O conto por sua vez atua como mediador entre o imaginário e o real trazendo um aspecto lúdico que pode ajudar no desenvolvimento e estimular a vida cognitiva. Seria como uma ferramenta que permite a continuidade entre a realidade e a ficção. Para Celso Gutfreind (2010) os contos desde o início já tinham uma função terapêutica, isso “já explicaria sua permanência e transmissão de geração em geração”. Por isso, é tão difícil hoje em dia procurar pelas raízes do conto, onde ele foi criado, quando surgiu e como migrou para diversos locais, pois o conto atravessa os tempos e vai além deste. Sendo assim, podemos dizer que o conto existe desde sempre e vem de muito longe, e que traz em seu cunho uma variada riqueza de representações arcaicas. De princípio, pode-se dizer que o conto era concebido de adultos para adultos, e só a partir do século XVI começou a se endereçado às crianças, com Perrault na França. O conto, então, vem a cumprir um papel empírico de instrumento terapêutico, ou seja, oferecendo representações significativas do ser humano, principalmente em seu funcionamento psíquico mais arcaico, e também oferecendo significação e escape para as pulsões.


O estágio no projeto “Oficina Terapêutica de Contos”, foi desenvolvido a partir da metodologia elaborada por Celso Gutfreind, que pensa o conto como um mediador de conflitos psíquicos. Dessa maneira, a técnica da utilização dos contos na psicoterapia, possibilita a elaboração destas marcas causadas pelas experiências traumáticas vividas pelo sujeito, na medida em que oferece um sentido e auxilia a enfrentar os afetos, mantendo distância destes através da metáfora oferecida pelo conto, pois como nos diz Gutfreind (2010, p. 158)“(...) os contos falam de tudo sem nada ameaçar e, através de suas metáforas, podem trazer histórias terríveis mas que, dentro do conto, deixam de ser ameaçadoras”. O Referido estagio foi realizado junto a duas instituições MEAME e AMMI de Ijuí e no CREAS em Panambi. Sendo o público atendido de crianças de três a nove anos e adolescentes de onze a dezesseis anos. Essas Instituições se caracterizam por serem:

MEAME- Missão Evangélica de Amparo ao Menor, que se caracteriza por ter um “clima” familiar, proporcionando, aos acolhidos, um ambiente favorável para a experiência desse espaço, pois estabelece rotinas e normas que estimulam não só o convívio interno, mas também o externo das crianças e adolescentes com o mundo. Todos os acolhidos estão matriculados em escolas públicas ou particulares do município de Ijuí.

Esta instituição não faz uso de placa para identificação na fachada do lar, seus principais argumentos para isto baseiam-se na afirmativa de que este ato sucumbiria ao menos no campo do imaginário institucional, o fato de se tratar de uma casa lar tentando desta forma fazer transparecer um clima familiar.

A AFIMM – Associação Filantrópica Monte Moriá, é uma instituição sem fins lucrativos, cujo objetivo principal é auxiliar, no que for necessário para pessoas dos mais diversos segmentos da sociedade que estejam em situação de vulnerabilidade social. O programa AMMI objetiva, em seu serviço, a garantia e a efetivação dos diretos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente. Nesse programa é desenvolvido o projeto Casa-lar que destina-se a um acolhimento de qualidade de dez crianças e adolescentes, proporcionando um ambiente familiar de provisão, segurança, cuidado e muito amor, a fim de que tenham a efetivação e garantia de seus direitos.

CREAS - Centro de Referência da Assistência Social de Panambi, uma instituição pública que presta atendimentos especializados e contínuos a famílias e indivíduos que se encontram em alguma situação de violência ou ameaça de violação de direitos. A instituição conta com psicólogos, assistentes sociais e orientadores sócio-educativos.

Metodologia

A oficina de contos terapêuticos é realizada em três momentos fundamentais sendo eles: A escuta - onde é selecionado um conto que trará uma temática referente à história das crianças selecionadas para o trabalhando, essa temática poderá variar dependendo da demanda ou das questões que vão aparecendo em cada oficina, essas questões são observadas a partir do conteúdo psíquico desencadeado através dos contos; O reemprego através do desenho - aqui as crianças podem expressar através do desenho, aquilo que o conto trouxe à tona bem como suas representações


psíquicas; A encenação das histórias - as crianças poderão encenar as histórias, de acordo com o  que as motiva. A escolha do conto é fundamental no desenvolver do trabalho, pois é necessário escolher histórias que possibilitem identificações as crianças e deem conta de suas questões, a fim de possibilitar a partir da mesma a fala e a representação pela criança. Desse modo, tanto os contos tradicionais quanto os modernos podem ser boas fontes de representações e identificações, haja vista que o mais importante é que de alguma forma o conto escolhido habite quem irá contar. Pois há um grande envolvimento entre aquele que conta e também aquele que ouve. Envolvimento no que diz respeito de dar vida sentido a aquilo que se escuta, ou “trazer à tona” aquilo que se tentar esconder, principalmente quando é trazida a revelação às dores que se sente, mas a literatura que é feita, traz a expressão do que há de mais humano e subjetivo nos seres e no que está impregnada na alma humana. A ficção dos contos serve como espelho onde cada um pode vir a enxergar aquilo que realmente é ou que gostaria de ser. Temos por assim dizer como principal objetivo auxiliar os sujeitos separados da família e que vivenciam a experiência de institucionalização ou que estão em situação de abandono e risco, a encontrarem representações para seu sofrimento, bem como  oferecer os contos como um recurso capaz de funcionar como mediador na elaboração de conflitos psíquicos, possibilitar identificações e permitir a produção de representações intermediárias que possibilitem trabalhar afetos e sentimentos que os sujeitos reprovam em si mesmos.

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