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O Fracasso Escolar

Por:   •  29/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.674 Palavras (11 Páginas)  •  183 Visualizações

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A PSICOLOGIA E O ENFRENTAMENTO DO FRACASSO ESCOLAR

 

Resumo

O fracasso escolar passou por muitas definições ao longo dos anos, sendo primeiramente visto como uma problemática totalmente relacionada ao aluno, advinda de uma ideia de que este teria uma debilidade inata. Este trabalho tem como objetivo a contextualização do fracasso escolar em diferentes épocas, através de uma retratação deste fenômeno e seus desdobramentos e a exemplificação das possíveis abordagens perante este problema, por parte do psicólogo escolar.

1 INTRODUÇÃO

Com as novas compreensões sobre as dificuldades escolares e o papel do aluno dentro de seu contexto de ensino, faz-se necessário rever a abordagem do psicólogo perante ao fenômeno do fracasso escolar. Dificuldade essa, manifestada pelo aluno, porém, com participação ampla de todos as entidades que entram em contato com este em seu processo de educação. É premissa deste trabalho revisitar obras clássicas como a de Patto, abordar conceitos diferenciados sobre o fracasso escolar e por fim, descrever possíveis abordagens propostas por educadores e psicólogos, como métodos de possível enfrentamento para a questão.

2 METODOLOGIA

        

A pesquisa se desenvolveu através de levantamento bibliográfico que, assim como descrito por Praça (2015), a metodologia científica “é capaz de proporcionar uma compreensão e análise do mundo através da construção do conhecimento”. Desta forma, por meio de obras de autores clássicos – como Patto – buscou-se abordar o tema: A psicologia e o enfrentamento do fracasso escolar. A partir disso objetivou-se contextualizar o fracasso escolar em diferentes épocas assim como exemplificar algumas das abordagens perante esse desafio por parte do psicólogo escolar.

        

3 REFERENCIAL TEÓRICO

        De acordo com Patto (1999) o talento individual foi visto por muito tempo como critério predominante para definir os que fracassam e os que tem êxito dentro do ambiente escolar. Patto entende que uma política educacional, em seu sentido estrito, teve seu início no século XIX, decorrente de três visões predominantes de mundo, sendo elas: a luta pela consolidação dos estados nacionais, advindo do nacionalismo europeu; a crença no poder da ciência, herança do iluminismo; e também, o projeto liberal, que prega a igualdade de oportunidades. Dentre estas três, o nacionalismo parece ser a maior força propulsora na implantação de redes públicas de ensino, principalmente na Europa e América do Norte. Havia uma crença generalizada de que o momento para uma vida social igualitária e justa teria chegado, e dever-se-ia instituir mecanismos sociais que pudessem garantir a transformação dos atuais súditos em cidadãos.

           Porém, a inexistência de uma efetiva política educacional, mesmo prescrita legalmente, ainda existiu, segundo análises históricas no trabalho de Patto (1999), por várias circunstâncias, dentre elas: uma demanda pequena de trabalho especializado e maneiras alternativas de suprir a pouca demanda existente; falta de necessidade de visualizar a escola como aparato ideológico, até ao menos a primeira metade do século XIX;  falta de pressão popular por escolarização; e, contradições existentes dentro do movimento nacionalista, que era o mais expressivo na época. Posteriormente, existe na escola uma espécie de esperança para escapar das desigualdades criadas dentro deste contexto, porém, um pensamento colonialista e uma nova interpretação do cientificismo, que desta vez excluía os considerados menos capazes, acabou por marginalizar e destituir do processo educativo a parte menos favorecida da população.

De acordo com Marchesi e Pérez (2004), o termo “fracasso escolar” é utilizado nos mais diferentes contextos, assim abrange uma gama diversa de situações no ensino. Porém esta ideia costuma prevalecer, em sua grande maioria dos casos, direcionada exclusivamente ao aluno. Junto a isso afirmam a importância de discutir o termo já que este pode levar a três ideias equivocadas. A primeira diz respeito ao aluno não conseguir se desenvolver social e pessoalmente durante sua vida escolar, algo que não se faz verdade absoluta. A segunda cita a escola fracassar em atingir seus objetivos docentes, desta forma provoca o distanciamento entre alunos e suas famílias do ensino escolar. Por último, a ideia de fracasso escolar poderia afetar o aluno por reprovações, eximindo a culpa dos demais fatores que podem ter contribuído com seus déficits escolares.

O fracasso escolar, apesar de estar cada vez mais em pauta no âmbito acadêmico, apresenta dados que apontam um número alarmante de casos que persistem ao longo do tempo. Ampliou-se o número de vagas no ensino básico, porém não foram desenvolvidos meios eficazes que melhorassem a qualidade deste, dificultando o acesso à cidadania (Bossa 2002).

Segundo Bossa (2002), as primeiras tentativas de explicar os fenômenos decorrentes ao fracasso escolar partiram de métodos organicistas promovidos por médicos, os quais privilegiavam aspectos biológicos do ser humano, que desconsiderava sua complexidade como ser social. Seguindo, se popularizou, por meio dos trabalhos de Binet e Simon, os testes psicométricos. Estes associavam os déficits escolares com um baixo QI, o que relacionava qualquer fracasso à debilidade mental. Bossa também afirma que a ocorrência conflitos afetivos durante a faze de maturação biológica, podem ser fortes personagens no desenvolvimento das dificuldades escolares, e diante de sua permanência, tornam-se parte da estrutura intelectual do sujeito.

        Bossa (2002) declara que progresso da vulnerabilidade social no Brasil parece ter raízes em um passado não muito distante. Com a mudança de paradigmas familiares existentes principalmente nas famílias do meio rural, transforma-se o convívio na relação pais-filho. Antes a criança vista quase como um ser adjacente a família, agora, por meio das medidas sanitárias impostas pelo Estado, recebe investimentos do pai (patriarca). Contudo, devido a segregação racial, as crianças filhas de escravos não recebiam os mesmos cuidados dos médicos, estes interessados unicamente nos filhos dos donos de terras, o que acarreta aumento da desigualdade racial no país. Bossa (2002, pag.51) procede:

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