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Resenha do Artigo: Abordagem Clínica no Contexto Comunitário

Por:   •  22/2/2019  •  Resenha  •  1.389 Palavras (6 Páginas)  •  540 Visualizações

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Universidade Anhanguera de São Paulo

Resenha do artigo: Abordagem clínica no contexto comunitário – uma perspectiva integradora – Liana Fortunato Garcia e Shyrlene Brandão Nunes.

              A autora propõe que a Psicologia Comunitária considera o contexto social mais amplo, as influencias advindas desse contexto sobre os indivíduos nele inseridos, assim como sobre os grupos e famílias. São utilizados conhecimentos da Sociologia, da Psicologia Clínica e Comunitária, na tentativa de repensar novas formas de atuação.

Abordagem clínica

          A autora propõe um interessante diálogo entre a Psicologia Social Comunitária e a Psicologia Clínica, não como área de atuação, mas como abordagem, através de conceitos de quatro autores, a saber:

        Sobre Barbier (1985), propõe que, o procedimento de observação direta e detalhada. Neste sentido, a Clínica inclui a observação do sujeito em seu meio, na vivencia de suas relações buscando compreender como isso afeta os sujeitos de forma a apreender o sentido de suas decisões, ações, relações e conflitos.

       Sobre Sévigny (2001), escreve que, observar o sujeito, teria enfoque na mudança , prevenção ou melhoria de determinada situação, buscando construir novas respostas para uma Psicologia Comunitária sob abordagem clínica.

        Sobre Vasconcellos (2002), aborda que, a Psicologia Comunitária ganharia uma conotação sistêmica na medida em que é estruturada sobre três aspectos: subjetividade, complexidade e contexto, para que se compreenda então, grupos e indivíduos.

       Sobre Saffioti (1992), descreve que, não se pode ser ‘inocente’, pois, as relações comunitárias também são relações de poder, e esse poder está vinculado ao sentimento de pertencimento, a classe social do sujeito e ao momento histórico que sua sociedade e comunidade vivem.

Comunidade: Contexto de relações

        A autora conceitua comunidade como uma dimensão espaço/temporal onde indivíduos e grupos se relacionam dialeticamente. Na comunidade todas as falas e questionamentos são legítimas, visto que são referidas por cidadãos. Esse enfoque visa a valorização das relações comunitárias e o bem de todos os envolvidos.

       Propõe que o sistema familiar inserido nas relações comunitárias, oferecem ao Psicólogo a possibilidade de observar e intervir em conflitos de natureza pessoal, como autoestima, problemas conjugais e entre pais e filhos e conflitos em geral entre os membros da família como por exemplo o ingresso de crianças e adolescentes no narcotráfico em função de obtenção de renda ou por habitar em lar hostil.

        A Psicologia Social Comunitária enfatiza a existência ou não de relações considerando o olhar clínico do observador dentro da comunidade, imerso em relações onde ‘pode’ haver igualdade de direitos e deveres, abordando fenômenos e intervindo de forma interativa entre indivíduo e comunidade.

Relação indivíduo e sociedade: sua implicação para pensar o sofrimento.

          A autora aponta para o especialista Gaulejac (2001) e postula que, intervenção comunitária ocorre quando há demanda de algum sofrimento do indivíduo e seu grupo ou comunidade. Seria o homem, produto de determinantes psíquicos e sociais, dialeticamente relacionados, porém sem que sejam dissociados. Portanto, não seria possível analisar o indivíduo sem considerar sua comunidade e sociedade, mas sim, observar como estes se relacionam e quais forças um exerce sobre o outro, desta maneira o indivíduo não seria culpabilizado e nem tão pouco, a sociedade isenta.

       O texto de Garcia (2010) trata ainda sobre outro autor: Sawaia (2001), que segundo a autora, propõe que o sofrimento humano é ético-político, e está relacionado a história de desigualdades e injustiças sociais que excluem o indivíduo e alguns grupos em detrimento a outros.

      Assim seria necessário muito cuidado para não ajudar as pessoas a conviverem passivamente aceitando como ‘felicidade ou normalidade’ as formas aberrantes e perversas de vida. Assim seria papel do Psicólogo compreender e denunciar em suas práticas, os fenômenos sociais excludentes ou estigmatizantes. Logo seria necessário, uma prática reflexiva que, questione a própria prática do profissional promovendo mudanças.

Construindo uma demanda

      De acordo com a autora, a construção da intervenção precisa estar pautada em uma demanda contextual, de um objeto de intervenção em relação a outro objeto que posso supostamente supri-lo, demonstrando assim, uma relação de alienação e poder, uma falta, que pode ser difícil de ser percebida. Seria a maior parte da demanda, a falta. Falta de atenção, de renda, de cuidado, de amor. Na comunidade esse sofrimento ou falta são endereçados ás mais diversas instituições que se configuram.  O Psicólogo precisa estar aberto à observação, diálogo, e a perceber que não se pode oferecer a esta população, regras, valores de convivência que pertencem a outras classes sócio econômicas, como por exemplo, dizer que a mãe que trabalha cerca de oito horas no ‘chão de fábrica’ e demora cerca de duas horas para chegar em casa, precisa proporcionar a seus filhos, cujo pai abandonou, novas experiências de lazer que demandem gastos que ela pode arcar, ou ainda em outro extremo, acreditar que por ser muitos simples o seu modo de vida, não sinta necessidades de reais de ter novas experiências e vivências. Assim o Psicólogo evita práticas alienadas e alienantes.

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