Resenha do Filme: Um Sonho de Liberdade

        O filme “ um sonho de liberdade” retrata a história de um bancário que, devido a omissão da justiça, foi condenado a duas prisões perpétuas, acusado injustamente por matar sua mulher e o amante.

        Desde o início do filme, nota-se o poder do meio institucional, que se estabelece por meio da punição exacerbada aos detentos. Essa punição é, na realidade, um modo de produzir uma verdade. Dessa forma, como diz Foucault, “ se une para transformar um culpado, e não para apagar um crime”. E assim, Andy é encaminhado para a Penintenciária Estadual para cumprir sua pena, e é possível ver a institucionalização do personagem, pois desde o princípio ele já perde sua identidade, quando lhe dão um uniforme padronizado, e a prática da disciplina lhe é dada, com a função de dominância e de torna-los todos iguais. Como Foucault relata, o poder da disciplina fabrica corpos submissos e exercitados, “ corpos dóceis).

        Andy, assim que se insere nessa instituição (prisão), já sente os efeitos das chamadas instituições totais trazidas por Goffman, onde os aspectos da vida cotidiana passam a ser administrados (barreiras físicas, impedimento das relações sociais e uma vida administrada por regras). Com isso, todas as atividades são realizadas na companhia de outras pessoas, recebendo o mesmo tipo de tratamento, e com atividades estritamente programadas e rotineiras. Tudo isso é realizado por uma equipe dirigente, que segue os objetivos legítimos da instituição, visando impor a obediência desses detentos, passando a impressão dos objetivos de vigiar e punir, que é o caráter punitivo e institucional. Assim, a instituição total transforma o interno em um ser passivo.

        Segundo Foucault, esse tipo de instituição é legitimado pela sociedade, que necessita das instituições para punir. Assim, as relações de poder são estabelecidas enquanto relação e são responsáveis pela manutenção da ordem, mantendo o poder da classe dominante. Assim, ainda sobre esse poder, os efeitos gerados de punição encobrem os efeitos de reeducação. Com isso, nota-se que os mecanismos de normatização estão, ao mesmo tempo, dentro e fora das instituições.

        Para além de um caráter punitivo que vem de dentro da prisão, existe um caráter que vem de fora (a sociedade) que também classifica e estabelece padrões de inclusão. Isso fica claro quando olhamos para Brooks, um senhor que ficou preso por cinquenta anos, se inteirando no padrão institucional (o sistema carcerário), e ao sair depois de anos, não conseguiu se integrar na sociedade vigente e se desvincular do ambiente penintenciário, mostrando o quanto esse meio institucional destrói a identidade do indivíduo, não se reconhecendo mais como pertencente da sociedade. Dessa forma, como apresentado por Goffman, o indivíduo considera a vida institucional como desejável em relação as experiências negativas do mundo externo. Dessa forma, essa instituição mostra suas consequências de seu fechamento, pois a liberdade agora é fictícia, já que a prisão já tinha um significado para sua vida, cometendo suicídio.

        Outro ponto observado em relação a isso se deve a forma como os indivíduos (incluindo Andy) devem se adaptar a rotina institucional. Se dão, segundo Goffman, pelos ajustamentos primários, em que os institucionalizados cooperam com as atividades exigidas por eles. Um exemplo observado no filme eram as rotinas diárias importas aos detentos que incluem o trabalho na lavanderia, conserto no telhado, a escavação do terreno, além de sempre ter que seguir as regras e padrões rotineiros, privados da liberdade natural do indivíduo. Em contrapartida, nota-se que Andy, ao longo do tempo, se adapta por meio do ajustamento secundário, quando realiza de forma não autorizada tarefa para se obter satisfações proibidas, fugindo daquilo que é certo dentro dos padrões institucionais. Seu colega Red foi alguém que grande influência pois sempre infringiu as regras, mostrando essas novas possibilidades para Andy.

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