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Resenha do filme: Agnus Dei

Por:   •  20/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.171 Palavras (9 Páginas)  •  542 Visualizações

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A religiosidade tratada neste filme Agnus Dei, não é uma religiosidade que prega o amor a vida e sim uma religiosidade arraigada  de dogmas, rituais e  decisões tomadas em nome de Deus.

Vemos nesse contexto que a vida humana não tem valia, em detrimento a religião. As freiras que foram estupradas por soldados na guerra , ficam grávidas, e tem essa situação escondida, pela Madre superiora do convento ,das outras freiras  e da sociedade. Algumas que estão grávidas chegam a óbito, por falta de assistência médica, seus filhos são arrancados de suas mãos assim que nascem e levados, pela madre superiora, para morrerem no frio e sem assistência em uma floresta próxima ao convento , para que o segredo  do estupro, não fosse descoberto. Elas tem como fortaleza o convento, com muros altos,  se escondendo do mundo, como se o muro as protegessem da vergonha, que elas achavam que sofreriam ,por parte da sociedade para manter o segredo, para que o nome de Deus não fosse violado, não fosse acharcado, vivendo uma aparência religiosa  agindo e tomando decisões  erradas  em nome de Deus.

De acordo  Bourdieu (1971)  Os corpos, sujeitos aos mandos do “espiritual”, estão sujeitos às regras, leis, dogmas que constroem uma determinada religião, enquanto instituição . A força da crença. E é essa crença no espiritual , que faz com que elas violem suas próprias vontades para que esta  imagem do sagrado, do puro , do santo do imaculado não seja violada, exagerando nos rituais religiosos, como forma de punição e para achar “graça” perante Deus, usando a religião como forma de se religar a Deus, religião = religare, uma vez que se acham culpadas pelo estupro, se acham impuras, indignas de estar na presença de Deus.

 E  Jurandir Freire Costa (2001), vai falar sobre o religioso e sua crença: para o religioso, a crença é tida como genuína, original, não precisando de empirismos ou respostas científicas para se saber da existência ou não de um Deus, de um ser supremo. A noção de crença, nesse universo, é pautada pela fé, incondicional e irrestrita num ser (ou em seres) onipotente (s), onipresente (s) e/ ou onisciente (s). E esta era a fé, das freiras em que através dos rituais, das penitências, Deus olharia por elas e se compadeceria, porém, a fé não pode se alcançar através de sacrifícios, fé nos remete a esperança, precisamos ter fé, fé em dias melhores, fé que vamos alcançar os nossos objetivos, nossos alvos, não podemos viver sem fé , a fé nos colore o dia, viver a fé , a fé não precisa ser provada empírica ou cientificamente , precisa ser vivida, não uma religião cheia de ritos, dogmas que se comete atrocidades em nome de Deus.

Precisamos ter muito cuidado no atendimento psicológico, com nossas convicsoes de fé, cada qual tem a sua e eu como terapeuta, não posso e não devo influenciar os meus pacientes com a minha fé, minha religião, a crença dele, a fé dele para ele é verdadeira e preciso respeitá-la e não tentar impor os meus valores de crença e fé nele, e sim me chegar até ele para poder compreende-lo. No filme retrata bem isso, a médica que é chamada por uma freira para cuidar das outras grávidas, não queria ir, e a tratou com desprezo, porque ela diferente das freiras não era uma pessoa religiosa, e a tratou com distância, mas a partir do momento que narra no filme, em que a medica quase foi estuprada, pelos mesmos soldados que estupraram as freiras,  ai ela entendeu o que estas passaram, passando a ajuda-las e até criando, no final do filme, uma estratégia para que as freiras ficassem com seus filhos sem que a sociedade soubesse que eram seus filhos, como se fossem órfãos deixados no convento para serem criados. E é isso que precisamos como terapeutas, nos colocar no lugar do outro, na dor do outro, para ajuda-lo a se ajudar.

 algumas até morrem por conta desse segredo, deixam de ser assistidas por um médico, para que a história “não vaze”, para que se mantenha esse segredo seguro dentro dos muros do convento, como se este muro fosse a fortaleza delas, aqui dentro estamos seguras do mundo, da sociedade, da vergonha de serem marginalizadas por esta sociedade.

 

 A nesta situação em que freiras morreram, seus filhos recém nascido são deixado em lugares isolados, dependendo da sua própria sorte, Tudo isso escondido e realizado em nome de Deus. Para que a instituição da Igreja não fosse abalada, não se levando em consideração a vida humana, mas sim

Em entrevista a diretora se mostra indignada pela forma que os estupros foram omitidos por um longo tempo até mesmo por historiadores numa tentativa de, talvez, mostrar como os aliados fizeram o certo em derrotar a Alemanha e sÃo apenas os mocinhos, sem ações agressivas nos meios que dominaram. A verdade é que essa situação de subjugação e violência acontece todos os dias, horas e segundos no mundo inteiro. Não é apenas o horror da guerra que torna homens em seres que agem apenas por instinto, é também uma cultura do estupro como instrumento de dominação em várias sociedades. Dói aos olhos – e nÃo apenas eles, como o corpo todo – perceber nas feições das personagens os relatos de que sofreram violações não apenas de seus corpos mas também de suas crenças, independente quais sejam as do espectador.

Há um diálogo bastante interessante entre Agnus Dei e o recente Ida (2014), do polonês Pawel Pawlikowski. Não apenas pelo fato de ter a ótima atriz Agata Kulesza, mas pela época de incertezas e a forma que isso repercutia em todos os setores da sociedade, incluindo a Igreja, que quando mostrada de perto não é tão imponente quanto se acredita. Apesar de ser um drama historico, de forma nenhuma Agnus Dei é anacronico, como se estivesse encapsulado no tempo. Aqui, Anne Fontaine traz uma visão ainda mais crítica do que o vencedor do Oscar, mostrando que a vulnerabilidade da mulher nÃo depende da sociedade ou da crença e é iminente em todas as épocas, mas que a sororidade entre elas é capaz de salvar vidas. A religião, para ele, vai tomando um caráter extremamente pessoal, ao longo da história, exigindo certa disponibilidade interna para que “cresça” e se “desenvolva”. Bourdieu (1971) aponta para que em uma sociedade dividida em classes, as representações e práticas religiosas específicas dos mais variados grupos e classes ajudam na constância da ordem social; uma memória se estabelece orientando ações. A religião “religa”, o indivíduo a Deus e ao status quo. Isso acontece, para o autor, devido ao momento de sua apresentação como una e indivisa. Ela se constrói, a partir de duas posições que são os seus pilares: 1- os sistemas de práticas e de representações (religiosidade dominante) tendentes a justificar a hegemonia das classes dominante

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