PROCESSO DE INTERNAÇÃO PARA O PACIENTE ONCOLÓGICO: ESTUDO DE CASO

PROCESSO DE INTERNAÇÃO PARA O PACIENTE ONCOLÓGICO: ESTUDO DE CASO

NAIANE PEREIRA DE OLIVEIRA1; HELENA PINTO DAVID DE SOUSA2; RUTH IRMGARD BÄRTSCHI GABATZ3

1Universidade Federal de Pelotas – [e-mail]

2Universidade federal de Pelotas – helena.david2hotmail.com

3Universidade Federal de Pelotas – [e-mail]

1. INTRODUÇÃO

O câncer, ou neoplasia, é uma doença causada pelo crescimento desordenado das células, em que estas se dividem rapidamente e tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, atingindo qualquer pessoa, independente de idade, sexo, cultura ou condições socioeconômicas. As neoplasias, em geral, são responsáveis por um grande impacto psicológico na vida tanto dos pacientes, quanto de seus familiares, visto que são doenças muito relacionadas à dor, tratamentos agressivos e, inclusive, morte (SILVA et.al., 2013).

Atualmente, o enfermeiro tem papel importante no processo de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer. Utilizando-se do processo de enfermagem, esse profissional é capaz de proporcionar o bem-estar do indivíduo ou de um grupo, identificando suas necessidades, quais intervenções mais significativas e como os resultados estão beneficiando o paciente, além de trazer conforto por estar em constante contato com o mesmo e com seus familiares (NASCIMENTO et al., 2012).

O período de internação é um processo difícil, pois o paciente se encontra fora de seu ambiente, vive outro cotidiano e fica constantemente sobre grandes cargas de estresse. Além de todos estes fatores, o paciente oncológico, convive diariamente com o medo da morte, já que esta patologia é constantemente associada ao óbito.

Após o diagnóstico, tanto os pacientes, como seus familiares costumam apresentar respostas emocionais, tais como ansiedade, angústia e raiva. Segundo Venâncio (2004) durante o tratamento, o paciente ainda vivencia perdas e diversos prejuízos ao organismo, o que aumenta ainda mais suas reações emocionais. Dessa forma, muitas vezes, além do tratamento da neoplasia, o paciente deve receber tratamento para depressão.

Os profissionais que atuam junto a esse tipo de paciente devem sempre procurar manter os princípios da humanização que requer um processo reflexivo acerca dos valores e princípios de suas práticas, além de tratamento e cuidado digno, solidário e acolhedor a um ser que já está fragilizado (BRITO; CARVALHO, 2010).

Geralmente, os profissionais responsáveis por um contato direto e constante com o paciente são da equipe de enfermagem, pois em sua prática são responsáveis pelo cuidado, o que neste caso não se resume a apenas técnicas propedêuticas ou de procedimentos. Técnicas como o Toque Terapêutico (TT) ou Escuta Terapêutica (EC), ajudam esses pacientes no enfrentamento da doença e de seus medos relacionados a ela e, na maioria das vezes, a melhora desses pacientes é quase momentânea.

O presente estudo de caso mostra-se importante para contribuir com os estudos da enfermagem, sobre os cuidados mais adequados e relevantes para serem aplicados no processo de prevenção ou tratamento da doença. Além disso, pode contribuir na elaboração de estratégias de enfrentamento, visto que afeta a integridade física e psicológica não só dos pacientes, mas do grupo ou família nos quais está inserido.

2. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de caso, que segundo Stake (2007), pode ser definido como ferramenta que se concentra nos aspectos relevantes para a investigação do problema, permitindo uma descrição mais clara dos fenômenos. Foi desenvolvido uma unidade de internação clínica de um hospital escola de grande porte, com 175 leitos divididos em sete unidades, situado em um município do sul do Rio Grande do Sul, através de coletas de dados por anamnese, análise de prontuários, exames físicos e conversas com a paciente. A paciente escolhida foi T.P., 63 anos, sexo feminino, branca, natural de Herval – RS. Para a escolha levou-se em consideração o bom relacionamento da participante com a equipe de enfermagem da unidade e sua compreensão com os acadêmicos que ali estavam realizando suas atividades de prática supervisionada.

Salienta-se que foi seguido os preceitos da Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, sobre Pesquisa com Seres Humanos (BRASIL, 2012) e o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (2017) no seu Capítulo II, no que diz a respeito aos Deveres nos artigos 57 e 58 e em seu Capítulo III, sobre às Proibições nos artigos 95 a 98, assegurando o anonimato e a possibilidade de desistência durante a pesquisa através de um termo livre de consentimento.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a realização deste estudo, teve-se a oportunidade de realizar a Escuta Terapêutica com a paciente. Notou-se que após seu diagnóstico e o início do tratamento, ela se tornou pouco comunicativa, sempre apática e omissa aos cuidados. Em um primeiro tentou-se uma aproximação pouco efetiva, já que a mesma afirmava estar sonolenta. Em um segundo momento, pediu-se para que sua acompanhante se retirasse do leito por alguns minutos, para que a paciente se sentisse mais à vontade, então foi possível começar um diálogo sobre seus medos, suas preocupações, que se restringiam basicamente a seu filho portador de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que era totalmente dependente dela. Ela contou que o filho havia ido visita-la e se assustou com sua aparência, já que a mesma se encontrava em uso da SNG para alimentação e havia raspado os cabelos em decorrência da quimioterapia. Isso a deixou completamente abalada, pois era uma mulher vaidosa. Após a conversa tentou-se animá-la, conversando  sobre religião que era outro ponto que a incomodava, além disso, perguntou-se se ela gostaria de um banho para melhorar sua autoestima.