Resenha do Artigo Antropologia nos Serviços de Saúde

O artigo Antropologia nos serviços de saúde fala sobre o atendimento de saúde, como ele é visto e utilizado em diferentes grupos sociais e também a interação com os usuários, pois a preocupação com a saúde é cada vez mais vista em nosso cotidiano, só que nem sempre todos os problemas de saúde são vistos dentro do sistema formal de cuidado à saúde, criando um quadro paradoxal, onde há grandes avanços tecnológicos na área da saúde mas uma grande parcela da população recebendo atendimento inadequado, sendo oferecido um serviço sem equidade.

Uma das atribuições principais do médico é “traduzir” o discurso, os sinais e os sintomas do paciente para chegar ao diagnóstico da doença. Portanto a comunicação entre as partes é essencial para esse atendimento, pois o paciente não terá a cura se o médico não for capaz de decifrar todos os sinais do paciente. Assim, queremos dizer que há produção de significados de ambos os lados e que a cultura de cada grupo social estará igualmente sempre presente nessa situação.

O meio social em que estamos inseridos nos “ensina” a ficarmos doentes, pois ele influencia diretamente em como sentimos as doenças, expressamos seus sintomas, que, além dos padrões de comportamento dos indivíduos há ainda uma influência das crenças, que fazem parte do sistema de atenção à saúde e são, em grande parte, derivados de regras culturais. Crenças sobre doenças, os comportamentos exibidos pelas pessoas doentes – inclusive as suas expectativas frente ao tratamento – e o modo como as pessoas doentes reagem em relação à família e aos profissionais de saúde são todos aspectos da realidade social. Elas, como o próprio sistema de saúde, são construções culturais, moldadas distintamente em diferentes sociedades e nos diferentes contextos sociais dentro dessas mesmas sociedades.

Há pelo menos cinco elementos envolvidos nesse modelo explanatório sobre a doença: 1) etiologia do problema; 2) duração e características dos sinais e sintomas iniciais; 3) fisiopatologia do problema; 4) evolução natural e prognóstico; e 5) tratamento indicado para o problema. A contribuição dos antropólogos médicos às questões da saúde não se limita apenas à noção do modelo explanatório. Ela avança no sentido de explicitar que todas as atividades relacionadas com o cuidado à saúde estão interrelacionadas, tendendo a constituir uma forma socialmente organizada para enfrentar a doença, e formam, a exemplo da religião e da linguagem, um sistema cultural próprio, que é o sistema de atenção à saúde.

Não há uma forma homogeneizada de se buscar atendimento, pois apesar de o sistema de atenção à saúde ser uma construção coletiva, esse serviço deve ser aceito socialmente, tendo seu padrão de uso variado entre diferentes grupos sociais. A relação que as comunidades estabelecem com os seus serviços de saúde é complexa, pois envolve aspectos culturais de ambos os lados.

O sistema de atenção à saúde não se limita ao setor formal. Ele é composto por três partes que por vezes se sobrepõem: o setor popular é o maior deles, é onde vários processos terapêuticos são desencadeados; o setor profissional representa a organização formal da prática de saúde e o setor paraprofissional que abrange todas as demais práticas de saúde “não-profissionalizadas”, como erveiros, benzedores, práticas religiosas e outras formas alternativas de cura.