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OS DESAFIOS EXISTENTES PARA MITIGAR A DETERIORAÇÃO DE IDENTIDADE DENTRO DA UNIVERSIDADE

Por:   •  7/12/2022  •  Artigo  •  1.843 Palavras (8 Páginas)  •  65 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE DIREITO

LARA GABRIELLE PEREIRA DOS SANTOS, RUTE RIBEIRO DE ALMEIDA

UMA ANÁLISE DO ESTIGMA EM ERVING GOFFMAN:

OS DESAFIOS EXISTENTES PARA MITIGAR A DETERIORAÇÃO DE IDENTIDADE DENTRO DA UNIVERSIDADE

SALVADOR

2022

LARA GABRIELLE PEREIRA DOS SANTOS, RUTE RIBEIRO DE ALMEIDA

UMA ANÁLISE DO ESTIGMA EM ERVING GOFFMAN:

OS DESAFIOS EXISTENTES PARA MITIGAR A DETERIORAÇÃO DE IDENTIDADE DENTRO DA UNIVERSIDADE

Trabalho final apresentado como requisito parcial de avaliação do componente curricular “Introdução à Sociologia II”, ministrado pela Prof.ª Dr.ª Tainá Reis de Souza na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia.

SALVADOR

2022

RESUMO

     O presente artigo busca discorrer sobre as pontuações do sociólogo Erving Goffman sobre estigma, identidade social e marginalização, bem como analisar como esses conceitos se fazem presentes no dia-a-dia dos estudantes universitários. Constatou-se, portanto, que o meio social é parâmetro decisivo para a estipulação de padrões comportamentais, de atribuições físicas e mentais dos, chamados por Goffman, “normais” que por sua vez projetam suas expectativas e ideais sobre indivíduos estigmatizados, promovendo assim uma deterioração da identidade social dos mesmos. Ao final, elencou-se alguns dos principais desafios para mitigar essa ação dentro da universidade.

Palavras-chave: Estigma; Identidade; Social; Universidade; Deterioração.

INTRODUÇÃO

     A Constituição Federal de 1988, atual Carta Magna brasileira, prevê em seu preâmbulo o princípio da isonomia como um dos pilares para a existência de um regime republicano e democrático juspositivo em nosso país. Embora a concepção apresentada na Constituição diga mais respeito à uma natureza jurídica que sociológica, podemos observar - e constatar - que tal princípio é social, econômica e politicamente alheio à determinados grupos sociais minoritários que estão afastados do que seria considerado ideal para os parâmetros valorativos da sociedade.

     Nesse sentido, o cientista social canadense Erving Goffman discorre zelosamente sobre tais questões e seus produtos em sua obra “Estigma - notas sobre a manipulação da identidade deteriorada”, na qual aponta e caracteriza alguns aspectos sociológicos, físicos e mentais dessa parcela marginalizada da população, bem como esmiúça alguns dos principais desafios no que diz respeito à superação dessa identidade deteriorada.

     É através dos discursos de Goffman que podemos, por exemplo, analisar e questionar algumas políticas de ingresso, avaliação e manutenção de estudantes dentro do locus universitário, buscando compreender até que ponto a desaprovação coletiva de alguma característica pessoal ou de um grupo específico pode afetar direta e negativamente a vida dos “estigmatizados” e do corpo estudantil como um todo.

     Para que essa análise seja minimamente coerente precisamos antes, portanto, retornar às alusões de Goffman e compreender suas conceituações, não somente mas sobretudo, do que vem a ser estigma, identidade e como estas se relacionam com os dilemas diários de diversos alunos que se enquadram nessas concepções.  

O ESTIGMA E A IDENTIDADE SOCIAL NA CONCEPÇÃO DE ERVING GOFFMAN

   Ao olharmos o termo estigma achamos vestígios que ele se faz presente na história desde a Grécia Antiga como sinais corpóreos para sinalizar atributos ruins, ou na Era Cristã que os sinais representavam alguma bênção divina sobre esses corpos, entretanto é nas décadas de 60 que seu significado é reconstruido por Goffman (2004) entrando outro agente determinador, a sociedade.

     Goffman é categórico em afirmar que a sociedade é quem se torna o responsável de estabelecer os meios para categorizar, definir o que é aceitável dentro das normas sociais e do convívio ali pré estabelecidas. Por isso, o conceito de estigma apresentado por Goffman possui um caráter social.  Pois é no convívio, onde se descobre algum atributo que fuja do normal, ali se encontra o estigma.

“Enquanto o estranho está à nossa frente, podem surgir evidências de que ele tem um atributo que o torna diferente de outros que se encontram numa categoria em que pudesse ser - incluído, sendo, até, de uma espécie menos desejável - [...] Assim, deixamos de considerá-lo criatura comum e total, reduzindo-o a uma pessoa estragada e diminuída. Tal característica é um estigma, especialmente quando o seu efeito de descrédito é muito grande”. (GOFFMAN, 2004, p. 6)

     Ele também observa que o estigma define alguns requisitos para o próprio, quando diz que "um estigma, é então, um tipo especial de relação entre atributo e estereótipo.” (GOFFMAN, 2004, p. 7) ou seja, para que ocorra são necessárias duas partes e que haja qualquer espécie de relação entre ambas.

     Goffman elenca três tipos de estigma: (i) as abominações do corpo; (ii) culpas de caráter individual e que a sociedade constrói como vontade fraca, paixões tirânicas ou não naturais, alcoolismo, homossexualismo, comportamento político radical e (iii) estigmas tribais de raça, nação e religião – classe também. E todas elas possuem um traço em comum que Goffman define de imperfeições, características que se distanciam do padrão determinado: “Ele possui um estigma, uma característica diferente da que havíamos previsto.” (GOFFMAN, 2004, p. 7).

     Goffman (2004) completa que a pessoa estigmatizada dispõe de duas identidades: a real e a virtual. A identidade real é o conjunto de categorias e atributos que uma pessoa pode ter; e a identidade virtual é o conjunto de categorias e atributos que as pessoas têm para com o estranho que aparece a sua volta, portanto, são exigências e imputações de caráter, feitas pelos normais, quanto ao que o estranho deveria ser. Deste modo, uma dada característica pode ser um estigma, especialmente quando há uma discrepância específica entre a identidade social virtual e a identidade social real.

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