Resenha Filme "O Nome da Rosa"
Por: Lucas_Miller • 23/11/2025 • Resenha • 1.265 Palavras (6 Páginas) • 18 Visualizações
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ESTADO DE MATO GROSSO[pic 3]
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PONTES E LACERDA
FACULDADE DE LINGUAGEM, CIÊNCIAS AGRÁRIAS E SOCIAIS APLICADAS
Acadêmico:
LUCAS MILLER OLIVEIRA SANTOS
Curso:
BACHARELADO EM DIREITO
Disciplina:
TEORIA DO DIREITO I
Professor:
ATÍLIO VIVIANI NETO
Pontes e Lacerda, MT
2025
CINE DEBATE DO FILME: O NOME DA ROSA
Lucas Miller Oliveira Santos [1]
RESUMO
Na Idade Média, o Direito Natural Teológico entendia que toda lei provinha de Deus e era interpretada pela Igreja, que detinha o monopólio do saber e da normatividade, legitimando tanto a autoridade religiosa quanto a política. O filme O Nome da Rosa evidencia esse contexto ao retratar o controle do conhecimento pela biblioteca do mosteiro e o uso da Inquisição como instrumento de coerção em nome da fé. Nesse cenário, a mulher aparece marginalizada, representada pela jovem camponesa reduzida ao papel de tentação e pecado, refletindo a ordem social e teológica que restringia sua participação e reforçava a hierarquia masculina. Assim, a obra crítica de forma simbólica as tensões entre fé, poder e exclusão na sociedade medieval.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo analisar o filme O Nome da Rosa (1986), dirigido por Jean-Jacques Annaud e baseado na obra de Umberto Eco, sob uma perspectiva histórica e filosófica. A narrativa, ambientada em um mosteiro do século XIV, oferece um retrato das tensões entre fé, razão e poder no contexto da Idade Média, permitindo uma reflexão crítica sobre os fundamentos da sociedade medieval.
Inicialmente, será abordado o Direito Natural Teológico, sistema que orientava a vida jurídica e moral da época, estruturado na crença de que toda lei emanava de Deus e era interpretada pela Igreja. Em seguida, essa concepção será relacionada ao enredo do filme, especialmente no que diz respeito ao monopólio do conhecimento e ao uso da Inquisição como instrumento de coerção e manutenção do poder.
Por fim, será discutida a forma como a mulher é representada na obra, a partir da figura da jovem camponesa, analisando como essa caracterização dialoga com os fundamentos sociais e culturais da Idade Média. Dessa maneira, o artigo busca debater os temas centrais do filme, destacando sua relevância enquanto crítica simbólica às estruturas de poder, exclusão e dominação presentes naquele período histórico.
O DIREITO NATURAL TEOLÓGICO DA IDADE MÉDIA: FUNDAMENTOS, SISTEMA DE CONHECIMENTO E AGENTES DE PROMULGAÇÃO DAS LEIS
Na Idade Média, o Direito Natural Teológico estava intimamente ligado à concepção de que a ordem jurídica e moral derivava de uma lei divina, expressa na natureza e interpretada pela Igreja. Essa concepção partia da ideia de que Deus é a fonte de toda normatividade e que a razão humana, iluminada pela fé, poderia discernir os princípios universais que regem a vida social e espiritual.
O sistema de conhecimento medieval estruturava-se, portanto, na sintonia entre fé e razão, representada por pensadores como Santo Agostinho e, mais tarde, São Tomás de Aquino. Para Agostinho, a lei verdadeira é a lei eterna de Deus, e as leis humanas só seriam justas se estivessem conformes a essa ordem superior. Já Tomás de Aquino sistematizou o pensamento aristotélico-cristão, defendendo que a lei natural é participação da criatura racional na lei eterna.
Os principais agentes de promulgação das leis eram a Igreja Católica e os reis, cuja autoridade se legitimava pelo princípio do direito divino. Assim, os papas, bispos e monges, bem como monarcas cristãos, eram vistos como representantes da vontade de Deus na Terra. As leis se orientavam, portanto, não apenas pela necessidade de regular a vida em sociedade, mas, sobretudo, pela missão de conduzir os homens à salvação.
RELAÇÃO ENTRE O DIREITO NATURAL TEOLÓGICO E O FILME O NOME DA ROSA
O filme O Nome da Rosa (1986), inspirado no romance de Umberto Eco, ilustra de forma crítica como a Igreja medieval era o centro de produção e interpretação das leis e do saber. A trama se passa em um mosteiro beneditino no século XIV, período marcado por disputas de poder entre a autoridade papal e as ordens religiosas, e reflete diretamente o papel da Igreja como guardiã do conhecimento e do direito.
No enredo, vemos que o controle do saber era um instrumento de poder. Os monges que dominavam os livros e as escrituras eram também os intérpretes das verdades universais, orientando o comportamento da comunidade. A biblioteca, labiríntica e restrita, simboliza esse monopólio do saber. Assim, a lógica do Direito Natural Teológico é evidente: as normas não derivam da vontade dos homens, mas da interpretação de uma suposta lei divina.
Além disso, os debates entre franciscanos e inquisidores retratam como a lei, ainda que proclamada em nome de Deus, era frequentemente usada para justificar interesses políticos e institucionais da Igreja. O processo inquisitorial, mostrado no filme, demonstra a aplicação do direito como instrumento de coerção e manutenção da ordem estabelecida, legitimada pela autoridade religiosa.
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