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Resenha a cicatriz de Davi

Por:   •  12/7/2017  •  Resenha  •  1.187 Palavras (5 Páginas)  •  474 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE DIREITO

REGIONAL CIDADE DE GOIÁS

CONSTITUCIONAL II

EDUARDO GONÇALVES ROCHA

ANDREIA SILVEIRA VIDIGAL MAT: 146643

ABULHAWA, Susan. A Cicatriz de Davi. Tradução de Maria Alice Maximo. Rio de Janeiro: Record, 2009.

Amal Abulhawa é a narradora-personagem desta história que se passa em meio aos intrincados conflitos entre palestinos e israelenses. Apesar dos personagens serem fictícios a história é verídica e  começa em 1948, quando nasce o estado de Israel. A família palestina de Dalia e Hassan, que vive ao ritmo da colheita da azeitona na terra dos seus antepassados, vê seu destino mudar com a chegada violenta dos judeus. A partir disso, Dalia, Hassan, e seus filhos Yousef, Ismael e Amal vão iniciar um caminho sem volta, assim como todas outras famílias palestinas expulsas de suas terras passam a viver como refugiados em locais sem o mínimo de dignidade humana.

Humilhados, usurpados e massacrados os palestinos passam a viver a mercê do mundo, contando com o famigerado “apoio” das Nações Unidas. Tornaram-se apátridas, um povo sem Estado, sem nação, vivendo em um eterno estado de Exceção. Assim, os filhos destes refugiados, em meio ao horror da guerra, vão viver da esperança de um dia retornarem às suas casas. Tal qual Amal, que tem um “l” no final do nome para prolongar a esperança, e que apesar de já ter nascido refugiada nutre o desejo de voltar para o lugar onde sua família viveu.

Os mulçumanos prezam a família, e prezam ainda mais a terra onde vivem. Voltar para suas terras, onde geração após geração plantaram as oliveiras é o objetivo pelo qual eles vivem. Apesar de sabermos toda a trajetória dos judeus e do holocausto, não se pode negar que como diz a autora, eles usaram das mesmas armas da qual foram vítimas. É como se descontassem a raiva do que aconteceu com eles nos palestinos.

A ação dos judeus de terem chegado e expulsado os palestinos foi fruto de um acordo mal sucedido intermediado pela incompetente Nações Unidas.  Em 1947, a Assembléia Geral da ONU decidiu dividir a Palestina em dois Estados independentes: um judeu e outro palestino. Os judeus não contentes com a porcentagem de terras recebidas decidiram tomar à força a parte dos palestinos. Os judeus saíram de diversas partes da Europa para ir em busca da terra prometida, entretanto, esse pensamento aliado a violência fizeram dos judeus grandes patifes do ponto de vista de Amal. Sim, porque o argumento de retomarem as terras que seus antepassados a mais de três mil anos foram expulsos pelos romanos é no mínimo fajuto, pois se fosse assim os índios poderiam nos expulsar de nossas casas porque aqui viveram antes de nós.

O objetivo da autora é mostrar o conflito do lado de quem não tinha culpa, é a perspectiva de quem perdeu tudo sem saber o porquê. Além disso, a narradora tenta voltar os olhos do mundo para as dores causadas por este conflito. Ao citar o ataque terrorista às torres Gêmeas em 11 de setembro, ela faz uma apelo ao mundo, porque assim como morreram pessoas nas torres gêmeas também morreram milhares de palestinos em todos esses anos de conflito. A diferença é que as mortes do 11 de setembro foram vistas pelas pessoas do ocidente com compaixão, enquanto que as mortes dos palestinos era desprezada.

Sem dúvidas que “A cicatriz de Davi” é o outro lado da moeda. É a versão dos fatos do ponto de vista de quem viveu na pele o conflito Israel-palestina. É o olhar de quem não teve culpa de nada, de quem já nasceu sendo injustiçado. É o apelo de quem teve a família dizimada enquanto o resto do mundo era omisso. A narrativa é rica em detalhes de modo que é possível que o leitor sinta todas as angustias vividas pelos personagens, e consiga ainda visualizar todo o cenário da guerra como se lá estivesse.

A autora explica a estrutura de sua narrativa através da própria história. É possível perceber no decorrer da leitura que outros personagens se tornam narradores-personagens, ou seja, a narrativa é feita na maior parte do tempo por Amal, mas outros personagens em alguns capítulos narram a história do seu próprio ponto de vista como faz, por exemplo, Yousef. Essa perspectiva é explicada pela narradora- personagem quando ela conta na história que a sua filha está escrevendo um texto, mas que está irritada com a sua professora-orientadora porque esta não lhe permite escrever um texto flexível, com uma estrutura livre, fugindo dos padrões que a literatura impõe. Assim, através do próprio enredo a autora justifica a existência de mais de um narrador – personagem.

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