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A Antropologia Cultural

Por:   •  2/12/2020  •  Resenha  •  1.673 Palavras (7 Páginas)  •  134 Visualizações

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        A Antropologia é uma ciência social que “preocupa-se com a questão das diferenças e busca propor formas de intervenção sobre a realidade, papel a que se dirige qualquer conhecimento produzido a partir das relações entre os homens e o mundo social criado por eles” (GUSMÃO, 2008, p. 54).

        Assim, cabe afirmar que os estudos antropológicos são importantes para diversas áreas do conhecimento, uma vez que, o objeto de estudo da citada área é o homem em seu ambiente social, o qual o constrói a partir de suas vivências. As autoras Sanches e Pontes (2016),  afirmam que o propósito da antropologia são as relações sociais e a atualização da cultura nessas relações, isto é, “a antropologia, se interessa pelo estudo da diversidade da vida humana e da pluralidade de contextos para interpretar a dinâmica das relações sociais, ou seja, pelo estudo de diferenças e alteridades” (SANCHES; PONTES, 2016, p. 404).

Nota-se então que os discursos e o estudo em si da antropologia reside na linha tênue entre o passado e o presente, ou seja, entre os debates e verdades que se tem do passado com o que se busca no presente. Por mais que pareça paradoxal, Gilberto Velho (1997) reflete sobre a tradição da antropologia no estudo da cultura das sociedades de pequena escala e as de grande escala e/ou modernas, demandam relações complexas que precisam ser melhor analisadas por outras áreas.

        É aí que se tem a relação da farmácia e a área da saúde como um todo com a ciência em questão, pois, a antropologia, a partir de suas bases teóricas, faz com que o profissional seja capaz de “olhar”, estudar o outro como ele de fato é, ou seja, olhá-lo, respeitando sua individualidade, diferenças e demais particularidades que o tornam único. Desse modo, fazendo uma relação entre o passado e o presente da medicina e o nascimento do cuidado com a saúde, tem-se que o primeiro relato em torno do “estudo” sobre as dores físicas do corpo, remontam à Grécia antiga a partir dos mitos e, posteriormente, baseados nessa crença, criou-se a terapêutica que, a priori, “era constituída de rigorosos jejuns ou dietas leves, à base de frutas, e de banhos prolongados. Seguia-se a essas práticas o sacrifício de animais, como cabras, porcos, ovelhas e touros” (MIRANDA, 2017, p. 22).

 Essas práticas eram comuns, porque os gregos acreditavam nos deuses e por isso, realizam rituais voltados para eles como forma de curar o que lhes afligiam. Miranda (2017), afirma que:

[...] para a medicina antiga, a saúde era um estado no qual a mistura dos humores estava em harmonia, ou seja, em proporções corretas. As doenças, consequentemente, resultavam da ruptura desse equilíbrio. À desarmonia, o corpo respondia com febre ou cocção, que poderiam significar um retorno à normalidade. Cabia, portanto, à medicina hipocrática, o restabelecimento da harmonia. Os procedimentos terapêuticos da medicina antiga,[...], estenderam-se até a primeira metade do século XIX. Com o advento de novas técnicas na biologia e na química, a medicina se preparou para o que seria a grande revolução da era bacteriológica (MIRANDA, 2017, P. 28).

O avanço dos estudos em torno da saúde, ocorreu durante o século XIV quando começaram  a surgir as epidemias na Europa. É nesse momento que são criados os hospitais, hospícios e legislações que pertinentes à saúde pública. Foi na Idade Média que os árabes criaram as primeiras lojas de boticários e dispensários, baseados nos seus estudos de anatomia que, apesar de serem restritos, contribuíram para a criação da farmacologia, como bem explica Miranda (2017):

[...]Ainda na Idade Média, foram os árabes que deram uma contribuição significativa ao ramo da medicina. Proibidos pela religião islâmica de praticarem dissecações em cadáveres humanos, tiveram seus conhecimentos em anatomia e fisiologia bastante limitados. Entretanto, seus saberes na área de preparação de medicamentos e terapêutica obtiveram êxitos consideráveis. Escreveram vários tratados de farmacologia, estabeleceram as primeiras lojas de boticários e dispensários, fundaram a primeira escola medieval de farmácia e introduziram, em sua farmacopeia, o grande arsenal terapêutico da Índia, onde predominava, de forma quase exclusiva, o uso de plantas medicinais (MIRANDA, 2017, p.32).

        Percebe-se que desde a sua origem, os estudos acerca dos medicamentos tiveram e continuam tendo como base, o meio ambiente. Isto é, é a partir da natureza que o homem passa a perceber as respostas para os problemas que lhes atingem. Nessa época,assim como nos dias atuais, os medicamentos sofrem grande valorização no mercado, posto que, aliviam e/ou curam as doenças do corpo. O seu processo mercadológico ganha potencial maior com a globalização “que, por ser composto de múltiplos atores e escalas, apresenta distintas entradas que, por sua vez, oportunizam diferentes caminhos etnográficos e analíticos” (CASTRO, 2012, p.155).

No Brasil, as pesquisas farmacêuticas e a mercantilização das boticas, como eram chamadas as farmácias, tiveram vez a partir dos anos de 1850, quando houve a criação de associações de diversas matizes classistas e quando o país passava por crises de cunho político, social e sanitária. Percebe-se que a conjuntura social é que determina a dinâmica dos estudos envolvendo todas as áreas do conhecimento, posto que, é da sociedade que emergem os problemas e as soluções (VELLOSO, 2007).

No que tange à comercialização dos medicamentos, Velloso (2007) afirma que a associação dos farmacêuticos propôs:

[...] montar uma drogaria provida de todos os agentes farmacológicos do país e daqueles fornecidos pelos mais acreditados químicos e drogiuistas estrangeiros e dos que fossem preparados pelo laboratório da sociedade, seguindo as melhores fórmulas adotadas, mostravam a preocupação em manter um padrão de qualidade na preparação e venda dos medicamentos (VELLOSO, 2007, p. 45).

 

Essa tática era para, justamente, ganhar mercado e satisfazer a clientela com as melhores fórmulas e combater os produtos do mercado informal de drogas e de especialidades farmacêuticas. Atualmente, o comércio farmacêutico disputa prefrência com os produtos e/ou medicamentos fitoterápicos e naturais, que são tão eficazes quanto os quimicamente produzidos. Contudo, essa disputa perpassa por categorias financeiras, empresariais, sociais e tecnológica.

               Assim, a importância dos estudos da Antropologia para a Farmácia, reside no fato de que a primeira oferece a segunda, estudos, teorias e métodos capazes de analisar e/ou estudar criticamente um povo, sociedade ou culturas e assim, criar medicamentos capazes de auxiliar o paciente, levando em consideração a cultura, economia e política na qual esses indivíduos estão inseridos. Dessa maneira, Gusmão (2008) afirma que:

[...] a condição humana só poderia ser pensada no interior da cultura e assegurava como centro de seu olhar e de seu fazer o conceito de cultura. Cultura como realidade múltipla, plural e diversa. Prenunciava, assim, outra compreensão de mundo e suas muitas possibilidades, mas o avanço que esse passo representava era ainda limitado, posto que marcado por extrema relativização, o culturalismo assume cada cultura como totalidade em si mesma. No mundo há, então, culturas múltiplas e diversas, porém, que não são vistas como realidades insurgentes do contato e em relação a um contexto histórico determinado (GUSMÃO, 2008, p. 60).

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