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Resenha sobre o artigo “Consumo e desejo na cultura do narcisismo”

Por:   •  24/6/2015  •  Resenha  •  1.187 Palavras (5 Páginas)  •  385 Visualizações

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Resenha sobre o artigo “Consumo e desejo na cultura do narcisismo” de Pedro Luiz Ribeiro de Santi

O objetivo do texto, segundo o autor, é pensar sobre como o conceito de cultura do narcisismo poderia nos auxiliar a pensar sobre as formas de consumir na era contemporânea. Falar de consumo é falar sobre desejo, e durante o artigo nos são apresentados diversos exemplos de como a publicidade e a constituição dos próprios indivíduos corroboram com essa criação de necessidades supostamente imediatas em cada ser. No início de seu desenrolar, o autor, baseado em Christopher Lasch – antropólogo americano autor da teoria da cultura do narcisismo – usa como referência a teoria da cultura, de Sigmund Freud, que nos traz uma hipótese plausível que poderia dar conta. O modelo traz a noção de que nossa cultura tem como apoio nossos instintos sexuais ou agressivos que, uma vez reprimidos pela sociedade, passam a ser utilizados por nós em atividades politicamente aceitáveis, como o trabalho, a família, etc. Contudo, essa alteração de direção custa um preço caro: o excesso de repressão imposto acaba por gerar o que o autor chama de “nervosismo moderno”, um tipo de neurose que acaba por gerar um sentimento de improdutividade e insuficiência do ser, trazendo danos à vida social do indivíduo. Criando uma ponte a partir deste sentimento de ansiedade proveniente da teoria de Freud, temos a noção de que o indivíduo dominado por este sentimento de urgência está interessado apenas no momento presente, ignorando as dimensões de passado e futuro, o que dá a deixa para Lasch nomeá-lo de narcisista pela primeira vez, ao perceber nessa urgência um sentimento de insuficiência diante do mundo e de suas questões. Partimos do princípio de que existe uma tendência a viver o momento presente, estritamente voltado a nós mesmos, sempre em busca do máximo prazer possível, ainda que este seja fugaz e efêmero. Como forma de justificar tal afirmação, o autor usa as bases de Lasch, nas quais este afirma que a inflação e a publicidade, sendo componentes que despertam sentimentos de ameaça e desejo, promoveriam no homem o sentimento de urgência que caracteriza a nossa forma de consumir atual. Parafraseando Lasch: “só os tolos deixam para o dia seguinte o prazer que podem ter hoje.” Não está mais em jogo a expectativa de prosperar de forma equilibrada, tendo consciência de suas posses, ganhos e perdas, mas sim a perspectiva da sobrevivência garantida dia após dia. Dessa forma, chegamos ao traço principal da cultura do narcisismo: a busca do ser por sensações de grande intensidade e inexistência de expectativas futuras. Um traço interessante deste tipo de cultura e que pode ser facilmente identificado nos dias atuais é o culto às celebridades, prática que se identifica com o narcisismo posto que se põe a endeusar figuras que tem seu valor reconhecido pela cultura a todo instante, em contraposição ao indivíduo em questão, que já não consegue localizar seu próprio valor. Dessa forma, o narcisista divide a sociedade em dois lados: os poderosos e celebrados e os comuns. A partir de outro estudo de Freud – nesse caso sobre o narcisismo patológico -, é sabido que todas as pessoas são constituídas pelo narcisismo em seus períodos infantis. No caso da patologia, a característica principal que o indivíduo apresenta é um direcionamento de interesse exclusivamente para seu próprio eu, fechando-se com relação ao mundo externo, numa tentativa de proteção do próprio self. O interessante é que Lasch, por sua vez, afirma que o narcisismo como fenômeno social seria uma das causas do aumento de casos do narcisismo como patologia, no século XXI, uma vez que tais indivíduos teriam a tendência de cultivar formas de relação bastante superficiais, que lhe serviriam de proteção contra a frustração por objetos perdidos na infância, o que conversa bastante com a teoria Freudiana. O nascimento do consumo como cultura é demarcado somente no início do século XX – algo que muito me surpreendeu –, e é importante perceber como a propaganda está intimamente atrelada a tal fato (justificada pela necessidade do escoamento da produção, transformando sua própria mão de obra em comprador, e como a junção dos dois elementos funciona como mola propulsora para a cultura do narcisismo, passando de uma época na qual a publicidade servia apenas para concentrar os holofotes em determinado

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