PERSPECTIVAS RELIGIOSAS ACERCA DO FILME “BESOURO”

PERSPECTIVAS RELIGIOSAS ACERCA DO FILME “BESOURO”

 Para compreender o filme e colocá-lo dentro de uma ótica que interprete por seus elementos de uma teoria sociológica, é importante destacar as características mitológicas que a história de Besouro apresenta. O personagem enquadrado dentro de uma história fantástica, heroica por assim dizer, encarna forças divinas atribuídas a natureza que são representadas nos Orixás. Evidentemente, Besouro, o capoerista existiu, e entorno de si foi construída na crença que se tornou bastante popular e dura até os dias atuais, principalmente dentro das rodas de Capoeira, ou seja, se tornou um personagem que perdura entre os anos pela tradição e não necessariamente plea religiosidade. Outra característica que a história de Besouro tem e que se enquadra ao mito, é a noção não comprovada sobre a realidade, ou o que realmente aconteceu, levando em conta que a crença popular construiu a ideia de que ele, após derrotar seus inimigos voava m fuga e, que somente uma faca de tucum seria capaz de perfurá-lo.

 Assim, o filme entrelaça entre os fatos e o imaginário popular, produzindo uma memória, o que para Berger e Marx, é legítimo da ação do homem, a criação de uma estrutura que represente a natureza humana. Essa representação é o que também dá legitimidade ao sofrimento de uma sociedade no filme. Os negros do Recôncavo Baiano em 1924, descendentes de uma sociedade escravista são oprimidos pelos seus feitores. Proibidos de agrupamentos, práticas religiosas, e manifestações culturais, Besouro é importante interação entre esses mundos construídos pelo homem, tais empreendimentos que se deparam com um entrave social. Para Berger, a exteriorização representa a sua posição dentro do mundo em que vive, como o contexto social. Dessa forma, os momentos de Besouro quanto indivíduo, produzem o herói apresentado no filme, pois sua relação com a sociedade, fomenta dentro de sua vivência.

Seguindo essa linha, a internalização presente no filme Besouro é o desejo heroico de Manuel Henrique Pereira, de construir uma nova diretriz para a natureza humana daquele momento presente na realidade do Recôncavo, essa questão surge por conta de que a sociedade sendo produto do homem pode ser conduzida para as finalidades e anseios dos grupos que a pensam. Assim sendo nota-se que a objetivação presente no filme são as ações de Besouro, como exemplo o ato de colocar fogo no canavial, buscando livrar seu povo da objetivação dos homens brancos.

Seguindo a linha de pensamento de Rudolf Otto, podemos notar caraterísticas e conceitos apresentados em O Sagrado, assim como o autor temos a intenção de observas os elementos  racionais e não racionais mediante ao filme.

Partido do pressuposto pelo autor acerca do numinoso, sendo este algo que possua características únicas e essenciais. Podemos perceber características de sagrado e numinoso, em Mestre Alípio que possuí e detêm de um certo poder sobre o grupo de negros do Recôncavo Baiano, uma vez que notamos que  o pouco tempo em que parece no filme, o Mestre, está revestido de uma pureza moral, ética e uma bondade. Assim como o numinoso, não podemos explicar como essas características do Mestre são estruturadas. Ao que se trata do sentimento religioso, nota-se no filme que o grupo de negros “criados” por Alípio, estão sempre a sua disposição, sendo e se fazendo assim de criaturas perante o seu criador, definido por Otto como um sentimento de criatura.

O desenvolvimento da relação entre o Mestre os negros do Recôncavo, possuí características religiosas, uma vez em que Alípio detinha da palavra e poder, de forma que todos colocavam-se diante de seus pés, exceto os homens brancos. Com isso podemos perceber o mirum, onde expressa-se o temor, apenas por aqueles que possuem características religiosas, podemos compreender o mirum, como um temor a Deus. Assim sendo, a cena em que Manuel, brinca com um besouro e o Mestre Alípio manda que ele deixe o bicho em paz, e logo depois Manuel lamenta sobre algumas coisas da vida, a posição corporal e a forma como Mestre Alípio falar com Manuel e a forma como o menino se mantém durante a conversa deles, deixa claro a questão referente ao temor aquilo que é superior a você, e em quanto criatura de um ser maior, onde fica evidenciado novamente o sentimento de ser criatura, relatado e definido por Rudolf Otto. Com relação a majesta, está apresenta características diferentes do numinoso, uma vez em que o terror causado pelo sagrado segue sendo diferenciado pelo terror demoníaco.

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