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RESENHA: A GEOGRAFIA ISTO SERVE EM PRIMEIRO LUGAR PARA FAZER A GUERRA

Por:   •  11/6/2017  •  Resenha  •  6.750 Palavras (27 Páginas)  •  2.439 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

A geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. (Yves Lacoste).

Disciplina: Metodologia do Ensino de Geografia

Professor: Astrogildo

Alunos:

Turma: 2

Ref.: Resenha – “A geografia – isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra.”

São Gonçalo, 2015

A obra do geógrafo francês Yves Lacoste “A Geografia – Isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra”, editado originalmente em 1976 na França – e reeditado em 1985 com algumas correções e acréscimos, principalmente uma superficial autocrítica – este livro é considerado um clássico da chamada geografia crítica e oferece diversas possibilidades de formas de pensar a geografia. As questões que o autor propõe são novas, pelo menos comparadas as questões propostas pelos seus contemporâneos e as mesmas refazem o olhar e o conhecimento de mundo a partir da ciência geografia. Para que serve a geografia? Qual sua função social? Para que existem as aulas de geografia na escola? Esses são alguns dos questionamentos que Yves Lacoste propõe durante sua obra, indo na contramão das questões tradicionais, como por exemplo: o que é geografia? Uma das principais respostas que o autor encontra, ao fazer sua análise, é que a geografia realmente serve para fazer a guerra, ou seja, possui seus fins políticos e militares, talvez antes dos fins sociais, ambientais entre outros, debruçados sobre o espaço geográfico e, no decorrer dos capítulos da obra, apresentam-se argumentos que legitimam essa conclusão do autor e a causa de o mesmo ter inserido o termo “em primeiro lugar” no título da obra.

Na apresentação do livro de Lacoste, José Willian Vesentine diz que duas são as formas que Lacoste percebe a geografia, a primeira é a geografia ensinada em sala de aula, as dos professores, a geografia dita “turística” e a outra é a geografia dos estados-maiores, pelas grandes corporações capitalistas dentre outros atores hegemônicos. Essa última geografia, segundo Lacoste, é a mais antiga, tendo aparecido a partir da confecção dos primeiros mapas e do consequente conhecimento de território concebido a partir deles. No primeiro capítulo, que possui o título de “Uma disciplina simplória e enfadonha? ”, Yves Lacoste começa indagando: para que serve a geografia? E também coloca em questão o fato dos alunos do ensino básico, ensino fundamental e médio, se perguntarem para que eles precisam da Geografia. O relevo, o clima, a vegetação, porque eles precisam analisar as cidades e as indústrias, porque eles precisam saber e entender os elementos geográficos, e o que servirá no futuro o conhecimento desses saberes. Segundo o autor, muitos acreditam que na geografia não existe nada a aprender e que só é preciso ter memória, pois a geografia é questionada a todo momento se realmente é uma ciência consistente, de corpo inteiro e autônoma, pelo fato da mesma “se apropriar” a todo momento de elementos de outras áreas do conhecimento, tanto nas ciências da natureza (geologia, climatologia etc), quanto nas ciências humanas (sociologia, antropologia etc). Yves Lacoste, no começo de sua obra, diz que a geografia serve, em primeiro lugar para fazer a guerra. Mas, o autor diz que não seve somente para esse fim. Ela também serve para tentar organizar o espaço, ou seja, organizar a sociedade no espaço e poucos sabem desse poder de distribuição e organização que a geografia possui.

Após essas explanações, o autor passa a falar especificamente da cartografia. Segundo o autor, a carta é uma representação geográfica por excelência. Após a criação das primeiras cartas e mapas, é que a geografia passa a ter uma importância maior, mesmo sem a grande massa saber dessa importância. A carta foi criada, primeiramente, “por militares para militares” e é um instrumento de poder sobre o espaço representado e sobre as pessoas que vivem nesse espaço, segundo o autor. Serviam para os militares desenvolverem suas técnicas de guerrilha e hoje servem para auxiliar a organização da sociedade no espaço geográfico. A organização de uma cidade, de um bairro, até mesmo de uma vila ou condomínio, precisam de uma carta para que haja a possibilidade dessa organização. Lacoste cita Ratzel, geógrafo alemão, autor da ideia do “espaço vital”, onde o mesmo diz que uma dada população precisa de espaço para se desenvolver. E, continuando na Alemanha, a geografia de Adolf Hitler foi extremamente importante no decorrer da Segunda Guerra Mundial, pois o mesmo possuía os mapas e o consequente conhecimento de território das áreas que ele desejava invadir e ocupar, ou seja, ele possuía o poder, segundo Lacoste.

Yves Lacoste diz em sua obra que a geografia existe a muito mais tempo do que os universitários e os professores acreditam. As grandes expansões coloniais, as grandes expansões marítimas da Europa no séc. XIV e XV, não seriam geografia? Indaga o autor. Eles não teriam se apropriado de ferramentas geográficas para realizarem essas expansões? Até mesmo na idade média, os grandes geógrafos árabes não utilizavam ferramentas geográficas? Desde que foi criado o Estado como detentor do poder, a geografia existe, segundo Lacoste “A geografia existe desde que existem os aparelhos de Estado, desde Heródoto (por exemplo para o mundo “ocidental”) (...)” (pág. 26). Porém, só a partir do séc. XIX que a geografia se transforma em disciplina, entra no currículo escolar e acadêmico/universitário. Mas mesmo assim, a parit do séc. XIX, a geografia do estado-maior e dos militares, continua existindo e existe até os dias atuais, pois o saber geográfico era e é ainda hoje o poder de poucos, segundo o autor.

A geografia dos oficiais era utilizada para as táticas de guerra. A geografia dos dirigentes dos aparelhos do Estado, utilizadas no espaço e a geografia dos exploradores, com as conquistas coloniais. A geografia do estado-maior é quase que imperceptível, segundo Lacoste, para aqueles que não a executam, por isso suas informações continuam não sendo divulgadas. Um exemplo de que a geografia serve para fazer a guerra foi a guerra do Vietnã, onde os Estados Unidos atacaram precisamente os dicks que protegiam as províncias vietnamitas densamente povoadas e para tal eles precisavam de cartas e do conhecimento ao interpreta-las. Outro exemplo foi a guerra da Indochina, onde pela primeira vez a deformação dos elementos geográficos estavam presentes no contexto dos acontecimentos.

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