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Resenha do Artigo de Jorge Ferreira O Nome e a Coisa: O populismo na política brasileira.

Por:   •  28/3/2019  •  Resenha  •  1.639 Palavras (7 Páginas)  •  482 Visualizações

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Resenha do artigo de Jorge Ferreira. O nome e a coisa: o populismo na política brasileira.

        Jorge Luiz Ferreira tem graduação (1982) e mestrado em História pela Universidade Federal Fluminense (1989) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1996). Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal Fluminense e tem bolsa de produtividade em pesquisa 1B do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. É pesquisador da FAPERJ no Programa Cientistas do Nosso Estado. Tem experiência na área de História do Brasil República, com ênfase nos estudos de História Política e História Cultural.

        Neste artigo em questão, o autor irá tratar da história do Populismo no Brasil, ou seja, Jorge Ferreira fará um balanço historiográfico acerca da prática da política populista no Brasil, começando por dizer que o “populismo” seria herdeiro da prática do ‘clientelismo’ da Primeira República, no qual deu uma continuação à relação de desigualdade entre Estado e a sociedade, estendendo-se de 1930 a 1964.

        O autor vai mostrar as mudanças ocorridas ao longo dos anos deste conceito e o divide em duas gerações de estudos onde na primeira geração, anos 50 e 60, vai retratar que a teoria da modernização foi utilizada por intelectuais para se entender a questão do populismo. Para tal o mesmo vai citar Gino Germani, onde para este, o populismo foi uma passagem de uma sociedade tradicional para uma sociedade moderna que mobilizou as massas populares, e para Torcuato di Tella, os camponeses assumiram um papel central na organização da classe trabalhadora, onde o Populismo surgiu da transição de uma sociedade tradicional rural, para uma sociedade moderna em que as populações saíram do campo para a cidade, ou seja, os camponeses iriam contaminar os operários com seus ideais tradicionalistas e individualistas, facilitando o surgimento e a ação dos líderes populistas.

        Mesmo apesar de tantas críticas enquanto a teoria da modernização que tornariam as ideias de Germani e di Tella um tanto desacreditadas, como em especial o Grupo de Itatiaia, intelectuais que discutiam a respeito dos problemas políticos do Brasil e que para estes o populismo era uma política de massas, essa teoria de modernização dos antes citados, foi bastante decisiva para as primeiras formulações do Populismo no Brasil.

        Já a segunda geração deste fenômeno, anos 70 e 80, começa por recusar a primeira versão do populismo e afirma que o mesmo teria sofrido influências marxistas, em especial da teoria de Gramsci que trata da questão da hegemonia assumir um papel central na interpretação da relação classe trabalhadora/Estado, onde Gramsci afirmava que a dominação de uma classe social sobre outra não é caracterizada apenas pelo uso da força, pela repressão do Estado como pensavam, mas a eficácia gira em torno da persuasão da sociedade, sendo assim, a repressão e persuasão ou repressão policial e propaganda política eram elementos chave para compreender o sucesso do governo Vargas entre os trabalhadores, para Jorge Ferreira, tal fato representou um retrocesso acerca da interpretação histórica sobre este fenômeno, o populismo, visto que o autor defende a ideia de que a relação entre o Estado e a classe trabalhadora não era de mão única, de cima para baixo, mas havia sim uma relação de cumplicidade, interlocução, interesses comuns. 

        Para dar mais ênfase a sua visão sobre este tema, o autor vai usar autores conhecidos além de Gramsci e da teoria marxista, ele vai fazer uso das ideias de Ginzburg, Foucault e Thompson entre outros teóricos culturais, haja vista em meados de 80, alguns historiadores começarem a utilizar a história cultural em seus trabalhos, o que antes era restrito somente a antropologia, porém poucos incorporam o enfoque cultural em suas reflexões políticas.

        Ao utilizar o teórico cultural Ginzburg, ele cita que este vai dizer que as ideias não são produzidas apenas pela classe dominante e impostas as classes mais baixas, mas existe uma circularidade cultural, ou seja, as ideias não seriam produzidas por uma parte da sociedade e imposta á outra, mas elas circulam de um lado para o outro. Enquanto ao uso das analises de E. P. Thompson, vai nos dizer que estas são pertinentes para o estudo da relação Estado e classe trabalhadora, este teórico vai apontar o perigo em estudar as relações entre Estado e classe trabalhadora partindo de cima, dando a classe dominante ou ao Estado o poder absoluto, para ele, essa relação deve ser estudada como um todo e não só como dominante ou dominado.

        Este modelo de governo voltado para uma política de massa manipulada pelo Estado torna-se uma imposição ao fim dos anos 70, porém, existem algumas invariáveis, haja vista que quando entrevistado alguns operários negam que tenham sido manipulados ou desviados de seus interesses reais.

        O pesquisador Miguel Bodea vai explicar que até mesmo os grandes líderes antes de ganharem projeção nacional, firmaram suas lideranças partidárias em uma esfera regional, ocorrendo à ascensão do líder dentro do partido político e não a partir de uma relação carismática com as massas. Assim sendo, muitos pesquisadores desacreditam nas premissas do populismo na política brasileira, ocorrendo assim o que chamariam de colapso do populismo, onde, esses pesquisadores mostraram que o trabalhismo não foi só uma manipulação política, que o PTB não se resumiu a um partido de pelegos, que os trabalhadores não estavam manipulados ou iludidos e que o poder da propaganda era relativo.

        A grande questão que se faz sobre este assunto analisado é de onde teria surgido este termo “populismo” ou “populista”, pois o mesmo não estaria disponível no linguajar político tão pouco na sociedade. Apesar de já existir no vocabulário entre 1945 e 1964, não tem a mesma significação que tem nos dias atuais, a época, este termo era utilizado como elogio e não remetia a manipulação, demagogia ou entre outros utilizados referentes a este termo, e diferente de pelego, pois o termo era usado para desqualificar determinados líderes sindicais.

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