Trabalho de Práticas e Interpretação de Textos

2015.2            Trabalho Final - Prática de Interpretação de Textos l

ALUNA: LUCIA HELENA C. N PEREIRA.

1) Analise o romance "Breve Romance do Sonho" destacando os seguintes aspectos:

a) A relação do sonho como transgressão de valores (narrativa ficcional expandindo os limites do aceito socialmente).

Em Breve romance do sonho, de Arthur Schnitzler, fala-se  sobre o Homem que tenta responder, de forma convincente, ao seu instinto e com isso acaba deparando-se com uma outra realidade, que é a dele mesmo. Essa mesma realidade se mostra forte, surpreendente e inesperada quando envolvida totalmente em um mundo marginalizado por uma sociedade, a qual “vive” sob padrões ou crenças que a impulsionam, mas que também é a responsável pela mesma realidade por ela excluída.

Seu sonho é uma variação imaginativa operada pela ficção que, no entanto, ilustra um desejo real que confronta “o tempo fixo constituído pela reinscrição do tempo vivido sobre o tempo do mundo no plano da história”

b) Os modos de narrar dos momentos de auto transgressão (Explicitação do desejo) de Fridolin.

Despertando inquietação, angústia e certa curiosidade trágica no leitor, a narração deixa parecer que tudo parece estar por um fio. Fridolin age movido pelo desejo, um sentimento que mistura a vontade de trair a esposa por vingança e o impulso de se lançar em aventuras nunca vividas. A narração é cheia de metáforas ligadas a luz e a sombra. Quase todas as vezes que Fridolin encontra-se com seus desejos sexuais reprimidos acontecem no escuro. Fridolin é surpreendido com o sonho que Albertine lhe conta, muito mais rico em transgressões que as pequenas aventuras que ele viveu.

c) Os modos de narrar das conversas entre Fridolin e Albertine (o modo como a narrativa deixa claro o jogo entre aceito e não aceito (consciente e inconsciente).

“(...) desde a conversa noturna com Albertine, ele se afastava cada vez mais do território familiar da sua existência rumo a um outro mundo qualquer, distante e estranho.”

Pelas palavras do narrador, os dois ambientes opostos que oprimem a consciência de Fridolin é: a ideia de “território familiar” e “mundo qualquer, distante e estranho”. Desde a conversa noturna com Albertine, Fridolin caminha em direção ao seu “exílio” e  todas as experiências vivenciadas pelo personagem irão aprofundar ainda mais o seu terrível medo de morrer e amar (ao mesmo tempo em que este estará cada vez mais próximo e desejante do amor e da morte). As palavras “território” e “estranho” se juntam em efeitos de significação através da subjetividade do personagem. (pelo sentido da nacionalidade e seus desenlaces xenófobos ou pelo próprio conceito de alienação).

2) A partir do ensaio "o narrador", de W. Benjamin, analise:

a) A questão da oralidade em contos como "Desenredo" de Guimarães. Rosa, e a importância de uma volta a ela em pleno século XX (no regionalismo que faz parte do modernismo).

 O contexto oral em que está presente o contador, pode ser notado logo no início do conto "Desenredo" de Guimarães Rosa. Além disso, podemos perceber que para ter essa oralidade, o autor utiliza-se de pontuação específica. Ou seja, o uso de dois pontos e travessão, identificando a fala ou oralidade do contador. Essas pontuações dão ao conto, uma característica de lentidão, detalhamento com intenção de prender a atenção do ouvinte ou leitor sobre o que se conta. Sobre as interrogações, pode-se perceber que o narrador estabelece uma relação de questionamento com o leitor ou ouvinte. Percebe-se que ao perguntar, muitas vezes o narrador responde em seguida de forma metafórica usando provérbios e intertextualidade. A oralidade, bem como a exploração de um tema do cotidiano, proporciona ao conto um caráter popular, intensificado pelos conteúdos (que foram afirmados, mas não se sabe se é verdade) que localizam os momentos-chave da trama.

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