A INFLUÊNCIA DOS CONTEXTOS EDUCATIVOS FAMILIARES

A INFLUÊNCIA DOS CONTEXTOS EDUCATIVOS FAMILIARES

Cristina Moraes ( 2012)

Estas crianças trazem a riqueza de seu aspecto social, sua cultura peculiar que as diferem das crianças da classe dominante, onde não há espaço para lápis e papel, mas muitos folguedos na rua, nas traseiras de ônibus, muita luta pela sobrevivência, uma aprendizagem através do trabalho, buscando água com a lata na cabeça, a trouxa de roupa, tomando conta da casa e dos irmãos, enquanto os pais vão trabalhar.

Ao rabiscar naturalmente, observam os próprios movimentos, envolvendo-se ao ato de criar, de registrar mensagens através do grafismo livre, de riscos soltos, rabiscos continuados, formas circulares denominadas células, que representam pessoas, animais, cenas de seu mundo. Será que este “engatinhar” representa o início da aprendizagem da escrita, ou estas crianças de fato só aprendem na escola?

        O grafismo livre nos mostra o caminho para sistematização da escrita. No desenho livre, os elementos nascem do todo e esta sequência natural, mais tarde, poderá auxiliar na descoberta das partes componentes da palavra.

A criança pequena, mesmo que não tenha acesso aos livros, jornais ou revistas, que são veículos de texto convencionados, depara com a escrita em seu contexto ambiental através de cartazes e publicidades, embalagens de alimentos, número de casas, ônibus, etc. sem, contudo, fazer uma distinção entre o que é escrita ou desenho.

Ela consegue fazer a leitura de seu mundo, sem conhecer a escrita convencional, através dos pontos referenciais que ela mesma cria e que são muitas vezes desconhecidos pelos adultos. Esta criança toma o ônibus certo para ir à casa da patroa da mãe, vai à padaria e sabe distinguir dentre vários botequins, qual é aquele que sua mãe compra fiado.

Segundo Bernstein (1999) os contextos educativos familiares tem certas características determinadas pela estrutura social. As características dos contextos educativos familiares contribuem para produzir determinados tipos de comunicação que influenciam o desenvolvimento linguístico, social e cognitivo dos membros da família. Por outro lado, esses modos de comunicação já estabelecidos e relacionados ás condições de classe social, sustentam a organização particular dos contextos educativos familiares e a própria estrutura mesma da sociedade.

Para completar esse raciocínio, Bernstein (1999) introduziu a noção de códigos sociolinguísticos para se referir à formas distintas de comunicação que contribuem para desenvolvimento de determinadas orientações cognitivas sociais, afetivas e de linguagem da criança, na família. Esses códigos, em que se dá a socialização inicial, influem diretamente no êxito/fracasso escolar, segundo correspondam ou não às formas de comunicação da escola.