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A Licenciatura Pedagogia

Por:   •  8/11/2021  •  Trabalho acadêmico  •  3.761 Palavras (16 Páginas)  •  162 Visualizações

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UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE PEDAGOGIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

EQUIPE N.º 441

Beatriz Rodrigues Ferreira, Daniela Beatriz Bernardes Fontes, Luciene Dias Lima Machado, Lucilene Lima Mendes, Rafael Guanaqui Sabatina

TRABALHANDO A DIVERSIDADE NA ESCOLA: UMA PROPOSTA POR MEIO DA INTERAÇÃO ATRAVÉS DO LÚDICO

  1. APRESENTAÇÃO

DIREITOS HUMANOS E EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICORACIAIS

O contexto contemporâneo sugere várias questões relacionadas aos direitos humanos. Em primeiro lugar, na Europa, e depois, em outras partes do mundo, uma onda de xenofobia tomou as sociedades, sendo um dos fatores de desestabilização das possibilidades de convivência harmônica entre as pessoas. Essa condição criou uma série de desafios às autoridades de estado e à sociedade de modo geral, pois despreza que os direitos humanos devam ser referência para a vida em comunidade.

Não é difícil observar que, em função dos conflitos vivenciados em alguns países, a crise humanitária se impõe, provocando diásporas a partir dos efeitos devastadores provocados por conflitos étnicos, políticos e/ou religiosos. Esse movimento humano tem acirrado a tensão nas grandes metrópoles, deslocando as zonas de conflito globais para as questões diretamente ligadas às identidades e diferenças. O entendimento de identidade é utilizado segundo o que propõe Silva (2000): “[...] a identidade é a referência, é o ponto original relativamente ao qual se define a diferença. Isto reflete a tendência a tomar aquilo que somos como sendo a norma pela qual descrevemos ou avaliamos aquilo que não somos” (p. 74-76). Nesse contexto, percebe-se que a educação para as relações étnico-raciais ganham importância, pois ganha abrangência em outros locais, mostrando que:

A escola não é a única instituição responsável pela educação das relações étnico-raciais, uma vez que o processo de se educar ocorre também na família, nos grupos culturais, nas comunidades, no convívio social proporcionado pelos meios de comunicação, entre outros. É importante ressaltar que a escola é um ambiente privilegiado para a promoção de relações étnico-raciais positivas em virtude da marcante diversidade em seu interior. (VERRANGIA; SILVA, 2010, p. 710).

As relações étnico-raciais dentro da escola são moldadas pela cultura. A partir do momento em que o monoculturalismo reina nos currículos escolares, o silenciamento de outras culturas não dominantes acabam por se impor (ARROYO, 2007, p. 128).

Essa realidade aponta que “[...] o sistema escolar esteja contaminado por estereótipos e preconceitos, sobretudo contra as culturas, religiosidades, memórias, identidades étnico-raciais e contra os grupos que as representam” (Ibidem).

O combate a qualquer tipo de conjunto de ações e reflexões que contrariem os direitos humanos passa a ser, na sociedade contemporânea, responsabilidade da escola.

Essa se deve ao fato de que os direitos humanos não são respeitados nem mesmo no seu artigo 1º, cujo texto afirma queque “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade” (ONU, 1948).

A educação da comunidade escolar para o respeito aos Direitos Humanos e às Relações Étnico-Raciais se constitui como preocupação fundamental de todos os níveis da Educação Básica e Superior. Ao pensar na realidade escolar, percebe-se os impactos causados das práticas pedagógicas direcionadas aos direitos humanos e à educação das relações étnico-raciais no processo de escolarização das crianças.

Como a escola tem refletido e lidado com situações de racismo e de ataques contra os Direitos humanos?

Como mostram as reportagens a seguir, fatos históricos recentes para ilustrar que o racismo e o preconceito permeiam as relações escolares não faltam:

- “Mãe denuncia racismo em livro didático utilizado por crianças em Pernambuco” (Disponível em: http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2017/06/02/mae-denuncia-racismo-em-livro-didatico-utilizado-por-criancas-em-pernambuco-287582.php).

- “Mãe denuncia perseguição racista contra a filha de 10 anos em escola de BH” (Disponível em: http://bhaz.com.br/2017/06/23/denuncia-racismo-escola-bh/ ).

- “Mãe diz que filha de 6 anos sofreu racismo em escola do Rio” (Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/mae-diz-que-filha-de-6-anos-sofreu-racismo-em-escola-do-rio-17692097 ).

Lidas as reportagens, fica claro que os Direitos Humanos são desrespeitados no contexto escolar, apesar da legislação vigente. Essa realidade mostra que a legislação não é respeitada e que os Direitos Humanos não foram/são incorporados por parte significativa da sociedade.

O projeto será desenvolvido em uma escola da cidade de Orlândia, estado de São Paulo, que se localiza no centro. A escola fica localizada em um bairro tranquilo da cidade. Por ser municipal, a escola conta com vários recursos para o desenvolvimento do projeto. A situação socioeconômica é razoável e todos os 400 alunos que frequentam a escola, são de classe média. A escola conta com um total de 15 salas de aula no período integral.

  1. JUSTIFICATIVA

 

Percebemos que ainda há uma grande dificuldade por parte dos professores em relação ao trabalho com a diversidade. Tais dificuldades ocorrem devido a diversos fatores, um deles porém é o fato de ocorrer com frequência o preconceito. Esse preconceito, não está apenas relacionado a raça, mas sim em todos os aspectos culturais.

Por isso através de pesquisas levantaremos algumas propostas para tomada de ações e estratégias que ajudem a amenizar tais dificuldades. E com isso deixar alguns subsídios para outros professores, que possam estar passando pelas mesmas dificuldades apontadas, e ao se inteirarem deste projeto possam dele fazer uso em sua docência, e assim conquistar mais facilmente o que foi planejado.

Nesta perspectiva, o presente projeto abordará o tema diversidade cultural, a fim de envolver o aluno nesse processo de ensino-aprendizagem, para que tais recursos, além de criar um ambiente mais atrativo e divertido para os alunos, possam trabalhar a questão da socialização e principalmente dos direitos humanos.

O projeto irá se desenvolver por meio da interdisciplinaridade e contemplará áreas de conhecimentos relacionadas as disciplinas de Língua Portuguesa e Educação Física

  1. OBJETIVOS

  1. Objetivo Geral (apenas um)

         - Adquirir conceitos sobre os direitos humanos, através do uso de jogos e brincadeiras.

  1. Objetivos Específicos (dois)

         - Promover um ambiente de respeito na escola.

         - Desenvolver atividades que primem pelo respeito, valorização do ser humano e equidade.

  1. PÚBLICO ALVO

 

        - Alunos do Ensino Fundamental  (com faixa etária entre 7 a 10 anos).

5. METAS

- Conscientizar 90% dos alunos em relação a importância dos direitos humanos, em todo o desenvolvimento do projeto.

- Trabalhar a diversidade cultural com 100% dos alunos, em todo o desenvolvimento do projeto.

- Despertar em 100% dos alunos o respeito, a equidade e a valorização do ser humano em todo o desenvolvimento do projeto.

  1. AÇÕES PROPOSTAS

- Confecção de jogos lúdicos e cartazes para o trabalho com a diversidade na escola.

- Inserção de brincadeiras e jogos pedagógicos para ajudar na interação e socialização dos alunos.

- Rodas de conversa para identificar as diversidades na escola.

- Criação de um jogo da memória, com imagens que represente a diversidade na escola.

  1. ETAPAS DA REALIZAÇÃO DO PROJETO

Etapa 1 – Roda de conversa, para identificar as diversidades existentes na escola, mostrando aos alunos que apesar das diferenças somos todos iguais, essa etapa será desenvolvida nas aulas de Língua Portuguesa.

Etapa 2 – Confecção de cartazes e jogos pedagógicos para representar a diversidade na escola, essa etapa será desenvolvida nas aulas de Língua Portuguesa.

Etapa 3 – Jogo Quem sou eu? Esse jogo, contará com perguntas que mostrará aos alunos que apesar das diferenças físicas todos têm direitos e deveres iguais, essa etapa será desenvolvida nas aulas de Língua Portuguesa.

Etapa 4 – Brincadeiras realizadas no pátio da escola. Essas brincadeiras serão futebol, basquete, xadrez, dama. Elas tem o intuito de trabalhar em conjunto, alunos que se consideram diferentes, essa etapa será desenvolvida nas aulas de Educação Física.

Etapa 5 – Construção de um quebra cabeça, Na minha escola todo mundo é igual, essa etapa será desenvolvida nas aulas de Língua Portuguesa.

Etapa 6 – Jogando o quebra cabeça, essa etapa será desenvolvida nas aulas de Língua Portuguesa e de Educação Física.

Etapa 7 – Para encerrar o projeto será realizada uma gincana, com propostas de atividades de interação e de jogos e brincadeiras.

  1.  RECURSOS

O projeto será desenvolvido na sala de aula, com recursos disponibilizados pela escola.

  1. HUMANOS

Professores e alunos.

  1.  MATERIAIS

Jogos pedagógicos, cartolina, EVA, caixa de papelão, giz de cera, lápis de cor, tesoura e cola.

  1. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO DIDÁTICO

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

Item

Atividade

MÊS

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Ago

Set

Out

Nov

Dez

1

Etapa 1

X

2

Etapa 2

X

X

3

 Etapa 3

X

4

Etapa 4

X

X

5

Etapa 5

X

X

6

Etapa 6

X

7

Etapa 7

X

  1. AVALIAÇÃO DO PROJETO DIDÁTICO

A avaliação será por meio do desenvolvimento das atividades diárias, bem como a participação dos alunos.

Para avaliar o projeto serão utilizados meios como observação, participação, avaliação, elencando os itens positivos e negativos de seu desenvolvimento, bem como um feedback, tanto para os professores, quanto para os alunos.

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este projeto didático foi elaborado a fim de sanar o problema enfrentado nas escolas, que é o trabalho com direitos humanos. O objetivo é adquirir conceitos sobre os direitos humanos, através do uso de jogos e brincadeiras.

Para que o ensino seja realmente satisfatório, é necessário muito mais que conhecimento por parte do professor e interesse por parte do aluno, é preciso compromisso com o educar. E para que esse compromisso ocorra, o professor deve estar aberto a mudanças.

Neste contexto, é possível perceber a importância que a escola representa na vida de cada aluno, por isso é necessária uma abertura por parte dos professores para que o ensino e a aprendizagem ocorram.

A escola é um ambiente de vida e, ao mesmo tempo, um instrumento de acesso do sujeito à cidadania, à criatividade e à autonomia. Não possui fim em si mesma. Ela deve constituir-se como processo de vivência, e não de preparação para a vida. Por isso, sua organização curricular, pedagógica e didática deve considerar a pluralidade de vozes, de concepções, de experiências, de ritmos, de culturas, de interesses. A escola deve conter, em si, a expressão da convivialidade humana, considerando toda a sua complexidade. A escola deve ser, por sua natureza e função, uma instituição interdisciplinar (THIESEN, 2008, p. s/n).

Dentro do âmbito escolar assume-se dentro dos Direitos Humanos,

O reconhecimento da diversidade cultural (expressas pela diferença etária, étnica, de gênero, entre outras) presente na comunidade escolar;

O reconhecimento do contexto sociocultural no qual a escola está inserida, de forma a gerar situações significativas de ensino-aprendizagem;

O envolvimento na luta pela garantia de acesso aos bens culturais e aos saberes das áreas de conhecimento para a comunidade escolar (aqui entendida como comunidade de aprendizagem. (BRASIL,2006, p. 31).

A Constituição Federal de 1988, seguida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei 8069/90) e da Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96), foram os primeiros documentos a garantir os direitos humanos das crianças e adolescentes.

O ECA prevê que em seu artigo 15,

A criança e o adolescente têm direito à liberdade, que compreende: direito de ir e vir; de opinião e expressão; de crença e culto religioso; de brincar, praticar esportes e divertir-se; de participar da vida comunitária sem discriminação. É dever de todos velar pela dignidade de ambos, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano ou violento (BRASIL, 1990, p.s/n).

Para que essa mudança ocorra, e para que o trabalho interdisciplinar exista é preciso ter uma preparação didática, pedagógica e curricular que seja satisfatória, é preciso inserir recursos diversificados nas aulas. Os jogos e as brincadeiras, são considerados importantes recursos neste processo de aprendizagem.

Santos (1999 apud DALLABONA, 2017, p. 4), define alguns enfoques teóricos ao sentido da utilização do lúdico:

• do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um mecanismo para contrapor à racionalidade. A emoção deverá estar junto na ação humana tanto quanto a razão;

• do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como a forma mais pura de inserção da criança na sociedade. Brincando, a criança vai assimilando crenças, costumes, regras, leis e hábitos do meio em que vive;

• do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação de seu comportamento;

 • do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como o ato criativo estão centrados na busca do “eu”. É no brincar que se pode ser criativo, e é no criar que se brinca com as imagens e signos fazendo uso do próprio potencial;

• do ponto de vista pedagógico, o brincar tem-se revelado como uma estratégia poderosa para a criança aprender.

Neste mesmo pensamento, Rosamilha (1979, p.77), define que,

 A criança é, antes de tudo, um ser feito para brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental. Usemos um pouco mais esse artifício, coloquemos o ensino mais ao nível da criança, fazendo de seus instintos naturais, aliados e não inimigos.

Faz parte da natureza da criança que ela brinque que ela crie brincadeiras e invente passatempos durante o seu desenvolvimento em casa e na escola.

Nos últimos tempos os jogos e brincadeiras têm sido alvo de vários estudos e pesquisas para comprovar-se a importância dos mesmos para o aprendizado infantil.

Segundo Friedman (1996, p. 45), deve se pensar que,

Trazer o jogo para dentro da escola é uma possibilidade de pensar a educação numa perspectiva criadora, autônoma, consciente. Através do jogo, não somente abre-se uma porta para o mundo social e para a cultura infantil como se encontra uma rica possibilidade de incentivar o seu desenvolvimento.

Brincar traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional, além de aprimorar as suas habilidades motoras, o convívio social e a interação com o meio escolar.

Pode se afirmar que o lúdico, desenvolve um maior interesse nas disciplinas, portanto a brincadeira pode se tornar uma aliada no processo de ensino aprendizagem, como afirma Vygotsky (1989 apud CARDIA, 2011, p. 4),

O lúdico só pode ser considerado educativo quando desperta o interesse do aluno pela disciplina, portanto os professores precisam aproveitar o mesmo como facilitador da aprendizagem. Os jogos e brincadeiras despertam nas crianças o gosto pela vida.

Ainda, Cardia (2011), coloca que, muitas pesquisas têm demonstrado o valor do lúdico para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem. Quando se utiliza o lúdico em sala de aula cria-se um espaço para que o aluno expresse seus sentimentos, suas vontades, suas dúvidas, seus interesses, de forma a oferecer a oportunidade de desenvolver a afetividade e a assimilação de novos conhecimentos.

É a partir do lúdico que se formam espaços para a ação simbólica e a linguagem visando trabalhar os limites e as regras entre o que é imaginação e que é real. Através dos mesmos, a criança entra em contato com situações diversas, desenvolve e estimula a linguagem, além de favorecer o desenvolvimento afetivo, cognitivo, motor, social e moral.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI (BRASIL, 1998) afirma que,

Por ser tão importante para o desenvolvimento das crianças o jogo (ou lúdico) é um assunto de interesse para os profissionais da educação: O jogo tornou-se objeto de interesse de psicólogos, educadores e pesquisadores como decorrência da sua importância para a criança e da ideia de que é uma prática que auxilia o desenvolvimento infantil, a construção ou potencialização de conhecimentos. (BRASIL, 1998, p.210).

Piaget (1998 apud CARDIA, 2011, p. 5) diz que,

A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança sendo por isso, indispensável à prática educativa. A função da brincadeira no desenvolvimento da criança remete à transformação dos espaços e dos objetos de lazer. Com a crescente urbanização e as mudanças na dinâmica familiar, a educação não ocorre apenas em casa e na vizinhança, mas é realizada coletivamente, nas escolas. Desta forma levando-se em consideração as especificidades das crianças e a importância da brincadeira e da ludicidade para ela, salientamos que a escola tem um papel fundamental.

É de extrema importância que o professor tenha o sentido de perceber que incluir brinquedos, jogos e brincadeiras na prática das aulas é indispensável e essencial e que contribui imensamente para o desenvolvimento do aprender e raciocionar, pois através deles o aluno consegue superar suas expectativas, suas dificuldades no aprendizado e assim poder aperfeiçoar e melhorar seu convívio com todos da escola.

Através do lúdico que a criança aprende a agir, pois a curiosidade é estimulada, adquire-se maior autoconfiança e autoestima, melhora significativamente o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.

As atividades lúdicas tornam-se significativas à medida que a criança se desenvolve. Com livre manipulação de materiais, ela passa a reconstruir e reinventar as coisas, o que  exige uma adaptação da criança. Essa adaptação é possível a partir do momento em que ela própria evolui internamente, transformando essas atividades lúdicas, que é o concreto da vida dela, em linguagem escrita, que é o abstrato. É muito importante considerar a inclusão das atividades lúdicas como papel fundamental dos métodos e procedimentos educativos do processo de letramento e alfabetização.

Com as atividades lúdicas a escola cria uma esfera de harmonia e prazer fundamentais tanto para aqueles que ensinam quanto para aqueles que aprendem, já que a sala de aula é um local de troca de conhecimento, de inclusão e somente assim poderá haver aprendizagem entre professor e aluno.

Vygotsky (1984, p.97), acrescenta que,

A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz.

As atividades lúdicas portanto, trarão para as crianças benefícios futuros. Além de auxiliar no processo de aprendizagem, ajudarão as crianças a serem independentes e a resolverem seus problemas sem a intervenção de um adulto.

Os jogos utilizados no processo de ensino e aprendizagem com o intuito de ensinar os alunos a raciocinarem as questões de uma maneira divertida e permitem que eles trabalhem com o emocional, com a linguagem e com o convívio com outras pessoas através da divisão de tarefas, mostrando à criança que ela vive em uma sociedade e que tem que compartilhar, repartir e dividir as responsabilidades, obrigações e direitos.

É uma maneira mais leve de ensinar e que torna aquele momento em sala de aula mais brando, as regras são obedecidas, mas são impostas aos alunos de uma forma que eles as obedecem sem se sentirem obrigados ou pressionados a isto.

A atividade lúdica se caracteriza por uma articulação muito frouxa entre o fim e os meios. Isso não quer dizer que as crianças não tem um objetivo quando jogam e que não executem certos meios para atingí-lo, mas é frequente que modifiquem seus objetivos durante o percurso para se adaptar a novos meios ou vice-versa [...],portanto, o jogo não é somente um meio de exploração, mas também de invenção (BRUNER, apud BROUGÈRE, 1998, p.193).

A atividade desenvolvida com ludicidade, desenvolve nos alunos a ideia de criar, de imaginar, de cooperar, ou seja, todo jogo, leva a criança a sair do real e ir para o imaginário.

O jogo é uma maneira do professor além de ensinar, poder interagir, aproximar-se mais do aluno e criar com ele um laço de afetividade e união. A metodologia lúdica faz com que a criança aprenda com prazer, alegria e entretenimento, sendo relevante ressaltar que a educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão.

As crianças nesta fase são marcadas pela lógica e pelo envolvimento da razão é capaz de resolver problemas concretos, classificar, seriar e compreender as leis de conservação e reversibilidade.

Facci (2004), ao falar sobre as ideias vigotskianas, afirma que o ensino possui um papel muito importante na vida da criança, cabendo ao docente contribuir para a humanização dos indivíduos. E, segundo a autora, a escola tem a função de possibilitar aos alunos a apropriação do conhecimento produzido historicamente, levando em consideração que todo o conhecimento produzido na prática social necessita ser novamente produzido em cada indivíduo singular. O professor precisa desenvolver métodos que levem ao conhecimento vinculado à prática social. Ele deve auxiliar a criança a expressar e a desenvolver por si mesma o que ainda não é capaz de realizar, provocando o seu desenvolvimento intelectual, físico e afetivo que culminará no desenvolvimento máximo de suas capacidades. Sendo assim, a ação educativa precisa englobar as objetivações produzidas ao longo da história e também a humanização das pessoas, pois o último fato faz com que este trabalho se diferencie de outras formas de educação.

De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998, p.23), educar é,

Propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

Diante disso, antes de iniciar o trabalho com os jogos, o educador deve planejar tanto o espaço de tempo, ou seja, definir o tempo diário que destinará aos jogos, quanto o espaço físico, isto é, se terá de desenvolver tais atividades na classe, no pátio, no parque ou em outros locais. Deverá selecionar, também, os materiais e/ou brinquedos que serão necessários para utilização durante os jogos.

Conclui-se, portanto, que os jogos e brincadeiras são importantes ferramentas para o trabalho com direitos humanos.

  1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil.Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997.

BROUGÈRE, Gilles. Jogo e educação. Tradução Patrícia Chittoni Ramos> Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

CARDIA, J. A. P. A importância da presença do lúdico e da brincadeira nas séries iniciais: um relato de pesquisa. Revista Eletrônica de Educação. Ano V. No . 09, jul./dez. 2011

DALLABONA, S. R. O lúdico na educação infantil: jogar, brincar, uma forma de educar. Disponível em: http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev04-16.pdf. Acesso em: 18 nov. 2017.

FACCI, M. G. D. Valorização ou esvaziamento do trabalhando professor? Um estudo crítico-comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vigotskiana. Campinas: Autores Associados, 2004.

FRIEDMANN, A. Brincar, crescer e aprender - o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996.

THIESEN, J. S. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem. Rev. Bras. Educ. vol.13 no.39 Rio de Janeiro Sept./Dec. 2008.

ROSAMILHA, N. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil. São Paulo: Pioneira, 1979

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

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