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A Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.

Por:   •  27/10/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.318 Palavras (6 Páginas)  •  410 Visualizações

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FREIRE, P. Ensinar não é transferir conhecimento. In: ______. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. p. 27-55.

“Tão fingido quanto quem diz combater o racismo, mas, perguntando se conhece Madalena, diz: "Conheço-a é negra, mas é competente e decente." Jamais ouvi ninguém dizer que conhece Célia, que ela é loura, de olhos azuis, mas é competente e decente. No discurso perfilado de Madalena, negra, sabe a conjunção adversativa, mas, no que contorna Célia, loura de olhos azuis, a conjunção adversativa é um não-senso” (p. 27).

O autor toca num ponto importantíssimo, pois, muitas vezes apenas uma palavra mal colocada pode dar uma conotação preconceituosa ao que se está sendo dito, às vezes intencional ou não intencionalmente. E isto realmente deve ser combatido, pois é algo corriqueiro, porém com raízes preconceituosas.

“No momento em que os seres humanos, intervindo no suporte, foram criando o mundo, inventando a linguagem, com que passaram a dar nome às coisas que faziam com a ação sobre o mundo, na medida em que se foram habilitando a inteligir o mundo e criaram por consequência a necessária comunicabilidade do inteligido, já não foi possível existir a não ser disponível à tensão radical e profunda entre o bem e o mal, entre a dignidade e indignidade, decência e o despudor, entre boniteza e a feiúra do mundo” (p. 30)

É interessante pensar que, à medida que nós, humanos, fomos descobrindo a linguagem, incrementando nossa capacidade de comunicação, fomos ao mesmo tempo nos tornando capazes de compreender o mundo através de nossa racionalidade. Com isso, nos vimos obrigados a criar um senso de moral, de bem e mal, de certo e errado, criamos essas ideias através de códigos culturais, religiões etc, que nos davam explicações, ainda que sem evidências concretas, do mundo e do que é a vida.

“É na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação como processo permanente. Mulheres e homens se tornam educáveis na medida em que se reconheceram inacabados. Não foi educação que fez mulheres e homens educáveis, mas a consciência de sua de sua inconclusão é que gerou sua educabilidade” (p. 34).

Algo extremamente importante e que foi bem explicado pelo autor. O ser humano realmente precisa ter a consciência de que é incompleto, de que precisa aprender, que precisa buscar essa “conclusão”, ainda que jamais seremos completamente “acabados”. Só assim poderemos nos tornar educáveis, aptos a receber e absorver conhecimento.

“O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" ao mais tênue sinal de sua rebeldia legitima, tanto quanto o professor que se exige do cumprimento de seu dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência” (p. 35).

A função do professor não é a de apenas passar conhecimento ou de exigir que seus alunos sigam seu ritmo a todo e qualquer custo. É necessário que se tenha atenção individual a cada aluno e que o ritmo de cada um seja respeitado, e isso inclui não só a “velocidade” que cada um tem para absorver certo tipo de conteúdo, mas também a possibilidade de que cada um exponha sua visão, que realmente seja estimulada, instigada a capacidade de criticidade de cada um.

“É o meu bom senso que me adverte de exercer a minha autoridade de professor na classe, tomando decisões, orientando atividades, estabelecendo tarefas, cobrando a produção individual e coletiva do grupo não é sinal de autoritarismo de minha parte. É a minha autoridade cumprindo o seu dever. Não resolvemos bem, ainda, entre nós, a tensão que a contradição autoridade-liberdade nos coloca e confundimos quase sempre autoridade com autoritarismo, licença com liberdade” (p. 36).

É de extrema importância que o professor não confunda autoritarismo com a autoridade que ele deve representar aos seus alunos. É necessário, sim, estimular e instigar os alunos a serem críticos, fazer com que defendam seus pensamentos, porém é também necessário que exista uma presença que passe a imagem de autoridade, onde ditará prazos, regras, que são importantes para a construção de futuros cidadãos, pois regras em qualquer sociedade, e é também dever do professor fazer com que seus alunos saibam reconhecer a importância destas.

“Se há algo que os educandos brasileiros precisam saber, desde a mais tenra idade, é que a luta em favor do respeito aos educadores e à educação inclui que a briga por salários menos imorais é um dever irrecusável e não só um direito deles. A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática

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