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PEDAGOGIA DA AUTONOMIA SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA

Por:   •  2/5/2015  •  Resenha  •  1.761 Palavras (8 Páginas)  •  368 Visualizações

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PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa/Paulo Freire, 25° Ed. – São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (coleção leitura).

O livro “Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa” de Paulo Freire é dividido em, 3 capítulos onde o autor convida o leitor a uma meditação sobre o ensino de uma forma objetiva. Ele sugere práticas e possibilidades para que os educadores estabeleçam novas relações e condições de educabilidade entre si e seus educandos, enfatizando a necessidade dos educadores trabalharem com ética, competência científica, amor e magnificência com seus educandos.

No primeiro capítulo, o autor menciona alguns itens que considera fundamental para a prática docente, ressalta que a análise sobre a técnica se torna uma condição no que se refere à teoria/prática sem a qual a teoria pode ir se transformando em algo sem fundamento e a prática, ativismo.

O autor deixa muito claro que seu interesse é alinhar e discutir alguns saberes fundamentais à prática educativo-crítica ou progressista e que, por isso mesmo, devem ser conteúdos obrigatórios à organização programática da formação docente. Conteúdos cuja compreensão, tão clara e tão lúcida quanto possível, deve ser elaborada na prática formadora.

Segundo o autor “ensinar não é transferir conhecimentos e conteúdos e tão pouco formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado (p.23)”. O professor não deve transferir o seu conhecimento como um dono absoluto das verdades, mas sim ajudar o educando a desenvolver esse seu pensamento. Alguns saberes, entretanto, são indispensáveis dentro da formação do futuro professor. É necessário, por exemplo, que ele tenha a consciência de que ensinar não é transferir conhecimentos e sim criar condições para a sua produção ou a sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Ensinar é algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Portanto, fica claro que o professor deve ser sempre um aprendiz, e deve estar aberto a apreender com a realidade de seus alunos e não ser “o falso sujeito da “formação” do futuro objeto do ato formador”.

Freire se refere o termo “pensar certo”, que deve ser compreendido como a ação de “vir a tornar-se um educador crítico”, que para Freire é dever do educador ensinar a pensar certo, não somente ensinar conteúdos.  Portanto, inexiste validade no ensino de que não resulta um aprendizado em que o aprendiz não se tornou capaz de refazer ou de desfazer o ensinado.

Além de destacar que não há docência sem dicência enfatiza-se que ensinar exige rigorosidade. Desta forma, entende-se que o professor democrático em sua prática docente, não pode se negar ao dever de fortalecer a capacidade crítica do educando, assim como seu interesse e sua independência. Ensinar não esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo, aparentemente feito, mas se contemporiza a produção das condições em que estudar e aprender criticamente é possível.

Para Freire:

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Pensar certo, do ponto de vista do professor, tanto implica no respeito ao senso comum no processo de sua necessidade quanto no respeito e estímulo à capacidade criadora do educando. O educador deve estar aberto à pesquisa em busca de novo conhecimento e estimular seu aluno a ser um pesquisador (FREIRE, 1996, p. 29).

O autor deixa claro que ensinar exige pesquisa, criticidade, estética, ética e respeito aos saberes dos educandos, e acima de tudo ensinar pelo exemplo. Não há pensar certo fora de uma prática testemunhal que o re-diz em lugar de desdizê-lo. Pensar certo implica na vivência de sujeitos que pensam mediados por objeto ou objetos sobre o que incide o próprio pensar dos sujeitos. Pesquisar, aprender e ensinar lidam com esses dois momentos da teoria do conhecimento. Porque, segundo Freire, memorizar conteúdos não é tudo, e talvez nem seja o principal.

O autor enfatiza que a tarefa coerente do educador que pensa certo é exercer como ser humano a irrecusável prática de comunicar-se, desafiando o educando com quem se comunica e a quem comunica, produzindo sua compreensão do que vem sendo comunicado. Não há Inteligibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funda na capacidade de dialogar.

A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer. O saber que a prática docente espontânea produz é um saber ingênuo, que falta a exatidão metódica que evidencia a curiosidade epistemológica do sujeito.

Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se.

Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do exercício da criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica, e de outro, sem o reconhecimento do valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação.

No capítulo 2  o autor  elenca de forma muito clara que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Pensar certo – e saber que ensinar não é transferir conhecimento é fundamentalmente pensar certo – é uma postura exigente, difícil, às vezes penosa, que temos de assumir diante ante nós mesmos.

O autor trabalha muito bem a idéia que ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando. O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros.

O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência.

A dialogicidade verdadeira, em que os sujeitos dialógicos aprendem  e crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela, é a forma  de estar sendo coerentemente exigida  por seres que, inacabados, assumindo-se como tais, se tornam radicalmente éticos. É preciso deixar claro que a transgressão da eticidade jamais pode ser vista ou entendida como virtude, mas como ruptura com a decência.

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