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O ARTIGO DE PSICOLOGIA

Por:   •  28/11/2017  •  Artigo  •  3.202 Palavras (13 Páginas)  •  358 Visualizações

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INTRODUÇÃO:

De que trata o estudo? O presente artigo trata-se do estudo sobre o desenvolvimento afetivo da criança e do adolescente, na perspectiva de Henri Wallon, visando um esclarecimento nas questões a respeito da relação estabelecida entre emoção e inteligência que Wallon propõe em suas teorias.

  1. A relação entre emoção e inteligência.

Para Wallon a inteligência é aflorada na criança através das emoções, que se torna resultante de um processo de “nascimento cognitivo”, onde o mesmo abre espaço aos primeiros resquícios de uma experiência e desenvolvimento intelectual, no consciente e subconsciente da criança. Wallon enxerga a emoção e a inteligência como uma relação de alternância, e observa que as primeiras emoções possibilitam a criação de estruturas cognitivas, sendo assim, as emoções permitem, no início da vida, a construção sobre como a criança vê o mundo e a construção da “personne”. (Termo traduzido para o português como “personalidade”, porém, o termo “pessoa” seria mais apropriado, pois, quando relacionado a teoria de Wallon, é remetido a ideia de construção do “eu”).

Esta ideia de construção do “eu”, faz referência ao que Wallon defende como “a passagem do ‘eu’ orgânico para o ‘eu’ psíquico”, que se caracteriza como uma via pela qual as emoções, em sua essência, são instrumento de interação com o outro, onde pode ser analisado como uma espécie de “consciência de si”, tendo em vista, que criança passa a se identificar como indivíduo, sendo capaz de identificar o seu “eu” como um ser singular e que difere das demais pessoas do seu convívio, e na relação que estabelece com os mesmos.

“A ideia essencial sobre a emoção na perspectiva de Wallon poderia ser resumida na frase: “a emoção se nutre do efeito que causa no outro” (Galvão, 2003, p. 77).

Etapas de construção da pessoa:

  1. Etapa caracterizada pela incapacidade de diferenciação entre o ‘eu’ e ‘outro’ ou “confucionismo” (na qual as primeiras emoções fazem a comunicação e expressão das necessidades orgânicas);
  2.  Diferenciação gradativa entre ‘eu’ e ‘outro’ com o despontar da ‘pessoa’ (inicialmente se opondo ao mundo, para depois afirmar seu ‘eu’ na fase do personalismo);
  3.  E finalmente à fase categorial (aproximadamente na idade escolar), na qual, já de posse de instrumentos cognitivos tais como a representação e o pensamento racional, utiliza-os para coordenar as emoções e para construir conhecimentos.

A formação da inteligência primordialmente é construída geneticamente, e organicamente se origina socialmente, ou seja, "o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar" (Dantas, 1992).

Essa ideia insere o indivíduo em um âmbito social, além de fazer com que os seus aspectos biológicos entrem em uma relação de reciprocidade e interdependência. Considerando que a criança se desenvolve através das suas interações com o meio, Wallon apresenta um estudo contextualizado das condutas infantis. Visto que, para compreender a criança e seu comportamento, é preciso levar em consideração aspectos de seu meio social, familiar e cultural. Pois, a partir das interações da criança em cada fase/estágio do seu desenvolvimento e as condições oferecidas pelo meio em que vive, as mesmas contribuirão na formação de sua personalidade e influenciará em sua conduta com o meio social.  

"[...] Pelo contrário, para quem não separa arbitrariamente comportamento e as condições de existência próprias a cada época do desenvolvimento, cada fase constitui, entre as possibilidades da criança e o meio, um sistema de relações que os faz especificarem-se reciprocamente. O meio não pode ser o mesmo em todas as idades. É composto por tudo aquilo que possibilita os procedimentos de que dispõe a criança para obter a satisfação das suas necessidades. Mas por isso mesmo é o conjunto dos estímulos sobre os quais exerce e se regula a sua atividade. Cada etapa é ao mesmo tempo um momento da evolução mental e um tipo de comportamento." (Wallon, 1995)

  1. Efeitos de conflito e relação.

Wallon não compactua com a noção de um desenvolvimento linear e estático, ele afirma que o ser humano, tanto na fase infantil como na idade adulta, se desenvolve imerso no conflito, sua construção é progressiva e se sucede por estágios assistemáticos e descontínuos. Os estágios de desenvolvimento essenciais para a formação do indivíduo enquanto ‘ser social’ não são demarcados pela idade cronológica, e sim por regressões, conflitos e contradições. Movimentações estas que instiguem, reformulem, ampliem visões, desenvolvam novos conceitos e novas funções para o mundo e para si.

Em cada estágio do desenvolvimento, há uma sobreposição de uma determinada atividade, que está vinculada aos recursos que a criança dispõe, no momento, para interagir com o ambiente. Com o decorrer dos estágios que compreendem o desenvolvimento da criança, surge de maneira descontínua, e com fortes contradições os conflitos resultantes das interações e das condições do meio, tendo em vista, que o conflito ocorre entre a atividade predominante de um estágio e a atividade predominante do estágio seguinte que podem se esbarrar de forma não harmoniosa, porém, uma necessita da outra para sua própria significação. Pois, a sucessão desses estágios se dá pela substituição de uma atividade por outra, eliminando umas e construindo outras, com novos mecanismos de relação.

A alteração de um estágio para o outro significa uma evolução mental, caracterizando-se como qualitativa por um tipo diferenciado de comportamento. A partir do momento que uma atividade de caráter predominante é substituída no estágio seguinte, além de promover ao ser humano novas formas de pensamento, de interação social e de emoções, ela direciona-se, ora para a construção do próprio sujeito, ora para a construção da realidade exterior.

“O meio é um complemento indispensável ao ser vivo. Ele deverá corresponder a suas necessidades e as suas aptidões sensório-motoras e, depois, psicomotoras...não é menos verdadeiro que a sociedade coloca o homem em presença de novos meios, novas necessidades e novos recursos que aumentam possibilidades de evolução e diferenciação individual. A constituição biológica da criança, ao nascer, não será a única lei de seu destino posterior. Seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstâncias de sua existência, da qual não se exclui sua possibilidade de escolha pessoal... Os meios em que vive a criança e aqueles com que ela sonha constituem a "forma" que amolda sua pessoa. Não se trata de uma marca aceita passivamente. (Wallon, 1975, pp. 164, 165, 167)

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