Psicologia Institucional

Psicologia Institucional

Essa temática vai discutir a Psicologia Institucional e pra começarmos a entender isso teremos que discutir o que é instituição, depois iremos discutir o que tem haver instituição com Psicologia. A Psicologia Institucional é uma parte da Psicologia Social. Ainda que no senso comum, no dia a dia, nós usamos as palavras Instituição e Organização como sinônimos. Ao longo desse semestre e nesta temática vocês não irão usar instituição como sinônimo de organização, se você tem Psicologia Institucional e Psicologia Organizacional é porque elas não são a mesma coisa. O que é Instituição? Vamos tentar pensar de onde vem a instituição e parte dessa ideia vai ficar clara se relembrarmos algumas questões discutidas com vocês lá na Psicologia Social que diz que a vivência humana é uma vivência que se caracteriza pela interdependência, eu dizia muito pra vocês que o ser humano nasce inacabado, nasce incompleto e pra que esse ser humano se forme esse processo não se da dentro do útero mas nem fora do útero e nesse processo que se da fora do útero vai depender dessa interdependência do outro, vai depender do outro por um período de tempo muito grande daí a questão do vínculo entre mãe-bebê que vocês discutem como é que isso vai atravancando a vida do sujeito ao longo da existência dele, as questões edípicas, ele depende do outro pra que ele sobreviva, ele não só depende do outro para que ele sobreviva mas ele depende do outro inclusive pra se constituir enquanto sujeito, é nessa relação que ele vai se constituindo enquanto um ser existente, então é nessa relação que ele forma a ideia que ele tem de si. Outra coisa que discutíamos ali é que nessa relação de interdependência que vai caracterizar a vida humana o ser humano tem desejos amplos, desejos que são complexos e esses desejos sempre dependem do outro para a satisfação do seu desejo, então vai ser sempre uma relação de interdependência onde a partir inclusive da divisão do trabalho cada um vai fazer uma parte desse trabalho da nossa existência e vai garantir a existência de todos nós, então nós seres humanos para que nós existamos estamos sempre dependendo de alguém, por isso que na psicologia a gente vai discutir muito as relações, a nossa existência se caracteriza pela vida em grupo. Segunda questão, se eu dependo do outro e vivo com o outro para que essa vivência seja possível é preciso estabelecer regras (isso a gente também viu lá na Psicologia Social) então quando a gente começa a dividir um trabalho, tem o papel de cada um, quem vai fazer o que e as regras e como vai ser feito. E de onde vêm as regras? As regras são produtos da maneira que nós nos organizamos em grupo para dividir o trabalho e atender as nossas necessidades. Se há diferentes formas de dividir o trabalho, haverá diferentes regras, mas não há grupos sem regras, todos têm regras. Por que é preciso estabelecer regras? Nosso comportamento ele é aberto, ele pode ser qualquer coisa, nós não nascemos com uma determinação biológica então podemos ser qualquer coisa, se eu dependo do outro e eu posso ser qualquer coisa como é que eu posso confiar no outro e o outro pode confiar em mim? É uma pergunta clássica, então, o que vai determinar o meu comportamento são as regras, se o que vai determinar o meu comportamento são as regras, então eu posso dizer que através das regras o meu comportamento vai se regularizando, por exemplo, a gente sai aqui na rua a gente sabe que há um lugar para pedestres que a gente vai andar, o lugar que for para os carros a gente vai andar, são regras que estabelecem onde vamos andar, são as regras que estão regularizando o nosso comportamento, se eu estou a pé sei onde vou andar, se eu estou de carro sei onde vou andar. Então as regras vão estabelecendo regularidades no nosso comportamento, quais outras regras estabelecem nossa regularidade? Por exemplo, na nossa cultura ocidental existem regras que diz qual é a roupa de homem e qual é a roupa de mulher, inclusive a partir das vestimentas vocês conseguem distinguir se é um homem ou uma mulher, o que define isso? As regras. Se as regras são produtos de uma determinada forma de atitude onde eu trabalho, as regras também não são naturais, são produtos de uma criação humana, se foi feito pelo humano pode ser questionado pelo humano, pode ser inclusive transformado pelo humano, temos as regras para ter certas regularidades das coisas. Vocês já aprenderam que no atendimento psicológico uma das questões que vai existir vai se chamar enquadre, enquadre são certas regularidades, que dia vai ser o atendimento, que horas vai ser o atendimento, o local, quem vai atender quanto vai ser cobrado... Isso vai estabelecendo certas regularidades, essas regularidades vão permitindo inclusive que o sujeito se desorganize dentro daquele campo e se reorganize dentro daquele campo, ele vai te dar uma continência vai te dar um limite, a sessão acaba em 1h então você precisa se recompor para sair de lá, se você chegar lá ‘doidão’ é essas regularidades que vão permitindo que você vá se regularizando, reencontrando um determinado padrão sobre aquilo que você é, daí a importância dessas regras. Se observarmos as crianças, grande parte delas são inquietas, bagunçam, parecem o capeta, elas ainda não foram regularizadas e conforme esse comportamento vai se regularizando ele vai se tornando previsível. Então as regras existem para estabelecer regularidades e as regularidades servem para estabelecer previsibilidades, se eu tenho que conviver com o outro o outro tem que ser previsível, por exemplo, ninguém chega nessa faculdade com medo se vai ter ou não aula, é claro que vai ter, pois há uma regularidade, no semestre que vem não sabemos, mas nesse há uma regularidade estabelecida. Lá na escola pública hoje tem um professor que aparece umas duas ou três vezes depois ele desaparece e ai entra um eventual, esse eventual é um e amanhã é outro, dai não estabelece regularidade e se não estabelece regularidade não estabelece previsibilidade, se não há previsibilidade como é que essas adolescentes irão internalizar regras? Isso contribui para a violência devido a falta de regularidade, faz sentido? A previsibilidade possibilidade certo conhecimento, só é possível conhecer aquilo que é regular. Nós enquanto seremos humanos não nascemos regulares nós nos regularizamos enquanto humanos, então nesse processo de se regularizar nosso comportamento se torna minimamente conhecido dentro do grupo daí a nossa cultura que vai estabelecendo regras e normas que ao serem introduzidas na cultura vai se tornando um comportamento previsível. É por isso que tememos alguém ‘doido’, pois o comportamento dele é imprevisível, a gente não sabe, ele pode chegar e te abraçar ou ele pode chegar e te dar uma facada, ele não é previsível nem normalizado pelas regras, o que é desconhecido nos da medo.  Por que é difícil mudar regras? Elas estão ligadas a uma identidade daquilo que nós somos. Aquilo que tem previsibilidade permite que tenhamos uma certa segurança, aquilo que nos da segurança é o previsível. A previsão do tempo, a gente procura saber informações sobre isso e a partir disso decidimos que roupas iremos usar, se temos que usar guarda-chuvas ou não... Conforme eu faço isso eu tenho uma certeza segurança, conhecer é estabelecer previsibilidades, e previsibilidade gera segurança. Quando falamos da relação mãe-bebê, vínculo, por que aquilo é importante? É importante para a criança se sentir segura, conforme ela vai ganhando regularidades envolvendo a mãe ela se sente segura, a criança chora a mãe aparece e a pega no colo, alimenta etc... Conforme há previsibilidade a gente gera conhecimento sobre esse outro, mas eu também só posso conhecer quem eu sou na relação com o outro, mas pra que isso aconteça é necessário regularidade, previsibilidade. Na escola pública, como eles irão aprender se não há certa regularidade? Se não há previsibilidade e regras?

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