Análise do Filme Daens Um grito de Justiça

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE

CENTRO DE ESTUDO SOCIAIS APLICADAS – CESA

SERVIÇO SOCIAL

 FUND. HIST. TEORICO METODOLOGICO I

LETICIA ALMEIDA DE OLIVEIRA

ANÁLISE DO FILME DAENS: UM GRITO DE JUSTIÇA

FORTALEZA

2017

O filme Deans: Um Grito de Justiça, passa-se no final do século XIX, em um contexto onde o poder está na mão da burguesia e a exploração de trabalho era frequente. O capitalismo industrial estava em pleno desenvolvimento e se consolidava na sociedade, a influência da Igreja Católica era presente, a exploração de mulheres e crianças nas fábricas eram evidentes, conforme o filme retrata e a Revolução Industrial era um marco histórico do período. Essa realidade é abordada na obra de Maria Lucia Martinelli em seu primeiro capítulo: o capitalismo e o seu desenvolvimento, a revolta dos operários com a exploração de trabalho e a ascensão do capitalismo industrial onde a divisão da pirâmide social e a exploração dos meios de produção eram constantes. Uma cena bem específica que evidencia essa realidade é a cena inicial do filme onde a divisão de classes, a exploração de crianças e mulheres em más condições de trabalho, o abuso de poder da classe dominante, da classe trabalhadora e a baixa remuneração por muitas horas trabalhadas.

O tema central do filme é justamente a desigualdade social, a riqueza nas mãos das classes dominante, a exploração da maioria pela minoria, a miséria e pobreza, as revoltas contra essas condições, o capitalismo monopolista, o avanço tecnológico com as máquinas e a ambição da burguesa em lucrar em cima de homens, mulheres e crianças.                  

A Revolução Industrial juntamente com outros fatores, foi essencial para o surgimento do Serviço Social como profissão. O filme Daens: Um Grito de Justiça aborda esta temática que contribuiu para a prática profissional, através das reivindicações da classe operária com a criação de sindicatos, greves, manifestações por melhores salários e condições de trabalho, entre outros.

O personagem central da trama é padre Daens que se torna ao longo do filme defensor da classe operária, esta oprimida e explorada pela classe dominante, como os burgueses, políticos e até mesmo a Igreja Católica. Outros personagens que contribuíram para a obra foi Nini uma criança grávida que acaba morrendo de frio em frente de uma das fábricas, Charles Woest presidente do partido católico e a favor da burguesia, Eugene Borremans dono da fábrica retratada no filme, Nette Schalliers  operária da fábrica de tecidos, explorada no trabalho e que não se calou quando um comitê investigava a presença de crianças nas fábricas, Peter irmão do padre, proprietário de uma gráfica. Todos esses personagens nos mostra a diferença de classes sociais existentes no período da Revolução Industrial conforme Martinelli apresenta no decorrer do livro Identidade e Alienação, que são duas classes predominantes: a burguesia e o proletariado.

Uma cena que logo chama a atenção no início do filme é uma criança chama Nini que trabalhava na fábrica de tecidos, porém fica grávida e não é amparada pela sua família, em vez disso é humilhada e largada, onde ela acaba sendo posta para fora do seu trabalho por não conseguir realizar a função necessária para a qual foi contratada e acaba morrendo de frio, qualificada como indigente, revoltado com essa situação padre Daens procura os pais da Nini e lhes dá alguns francos para a realização de um enterro decente da garotinha.  .Outra  cena impactante do filme é a morte de um garotinho que trabalhava na fábrica de tecidos apanhando lãs do chão e acaba falecendo por conta de um acidente com as máquinas que são perigosas. Neste momento a classe operária se revolta e abandonam seus postos de trabalho e procuram um comitê, mas infelizmente essa revolta dura poucos minutos, pois a polícia os impedes de manifestar suas indignações.