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A Alegoria do Patrimônio Cap III e IV

Por:   •  20/9/2018  •  Dissertação  •  1.527 Palavras (7 Páginas)  •  643 Visualizações

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Técnicas Retrospectivas

A Alegoria do Patrimônio - Françoise Choay

INTRODUÇÃO

No século XVIII ocorreu, na Europa, um declínio do Feudalismo e do Absolutismo que, mais tarde, irá resultar na ascensão do atual Capitalismo. Este foi consolidado através de eventos como: Revolução Francesa, Revoluções Industriais, entre outros.

Todas as transformações dessa época resultaram em alguns problemas: na política surgem os Estados-Nação, na economia há uma nova relação de produção (passa de artesanal para fabril), na sociedade há uma certa reordenação e ascensão de novas classes, além de uma mudança cultural. O crescimento desordenado urbano também trouxe alguns problemas, como questões sanitárias e sociais (prostituição, violência, criminalidade, etc).

Entretanto, nesta mesma época, o fortalecimento da burguesia resultou na formação de um “mercado de arte”,  e o surgimento dos Estados-Nação trouxe uma relevante preocupação com a proteção legal do patrimônio histórico-cultural.

CAPÍTULO III - A REVOLUÇÃO FRANCESA

A grande destruição causada nesta época (igrejas incendiadas, estátuas quebradas, castelos saqueados…) obrigou o Estado a intervir, criando leis e decretos para a proteção dos bens públicos. Entre os anos 1790 e 1795, Rucker conferiu um conjunto de documentos a fim de proteger os monumentos históricos e obras de arte. Nesse mesmo período, foram criadas comissões com o propósito de inventariar essas obras, estabelecer o estado em que cada um desses bens se encontra e, por fim, qual será sua destinação. A criação do termo “monumento histórico” possui um conceito mais amplo e elaborado em relação ao termo “antiguidades”. Em 2 de Outubro de 1789 os bens do clero foram colocados “à disposição da nação”, em seguida dos emigrados e da Coroa. Os patrimônios  históricos franceses, até os dias de hoje, são divididos em duas categorias: móveis (abertos ao público, em museus, servindo à instrução da nação) e imóveis.[pic 2]

Em 6 de Abril de 1791, a decisão de criar um museu com todos os monumentos esculpidos e pintados relacionados aos reis e suas famílias, em Saint-Denis, fracassou. Já em Paris, uma excessão: o museu de Louvre reune a maior parte das riquezas artísticas sob a Revolução. Em 8 de Abril de 1796, chamado “Musée des Monuments Français” abre-se ao público com uma coleção de fragmentos da arquitetura e escultura.

As primeiras medidas tomadas, desde o início da Revolução Francesa, para proteger o patrimônio nacional deriva de uma conservação primária ou preventiva. Por sua vez, a conservação secundária ou reacional é derivada de planos elaborados, metódicos e efetivos para enfrentar o vandalismo ideológico (fins puramente econômicos e não ideológicos, como roubos, pilhagens, depredações, etc).

Em 1792, foi promulgado um decreto que incentivava a eliminação dos monumentos residuais do período feudal, que deveriam ser convertidos em peças de artilharia ou destruídos. Essa medida foi tomada com uma face ideológica para destruir os chamados “deuses pagãos”. No ano seguinte, foi criada a Comissão das Artes, com um discurso que visava a proteção do patrimônio monumental  com uma maior maturidade política, superando a conservação “primária”.

No ano de 1838, a Comissão de Monumentos Históricos introduziu o conceito de “classement”, que impunha restrições a demolições e reformas. A Lei de “Classement” foi aprovada em 1887, e, alguns anos depois, seu conceito atingiu templos e igrejas. Em 1913, essa lei passa de facultativa a obrigatória.

As medidas de conservação do patrimônio foram inspiradas, numa primeira instância, pelo valor nacional. Os valores atribuídos ao patrimônio são revelados por decretos e relatórios. A partir do valor cognitivo subdivide-se uma série de ramificações relativas ao conhecimento (os monumentos nada mais são que testemunhas da História, política, arte, costumes, técnicas, etc). Após os valores cognitivos, vem os valores econômicos (exploração dos monumentos franceses pelo turismo). Por fim, está o valor artístico, uma vez que os conceitos de arte e beleza ainda são imprecisos.

Portanto, a partir do momento em que os monumentos históricos passam a ser considerados herança de todo o povo, os Comitês Revolucionários atribuíram-lhe novos usos: educativos, científicos e práticos. Nesta época, o conceito de história da arquitetura era praticamente inexistente, e ainda não havia critérios de análise que permitissem um tratamento sistemático dos edifícios a serem conservados. Finalmente, a partir da segunda metade do século XIX, os arquitetos dos Comitês afirmaram uma qualidade estética nos edifícios medievais, abrindo as portas para a valorização artística dos monumentos do passado.

CAPÍTULO IV - A CONSAGRAÇÃO DO MONUMENTO HISTÓRICO (1820 - 1960)

O monumento histórico tem sua fase de consagração por volta da década de 1960, e em 1964 a Carta de Veneza é redigida. Embora este recorte cronológico pareça muito grande, ele engloba diversos acontecimentos que contribuíram para a conservação do monumento histórico: descobertas de ciências físicas e químicas, valorização da arte, contribuição de outros países europeus para a preservação de monumentos e obras, entre outros.

Todo o processo de transformação do meio ambiente advindo da era industrial, junto com outros fatores, como o Romantismo, interviram  na hierarquia de valores atribuídos ao patrimônio histórico, privilegiando os valores de sensibilidade, principalmente estéticos.

Durante todo esse período, o valor cognitivo permaneceu intimamente ligado ao termo monumento histórico. No século XIX, ainda em fase de organização, a história da arte origina-se no mundo do saber, e, para os historiadores da arte, as criações da antiga arquitetura são objetos de uma pesquisa sistemática em relação a sua técnica, morfologia, cronologia, decoração, etc.

Mérimée e Viollet-le-Duc expressam a permanência e consolidação dos laços que unem o monumento histórico ao mundo do saber intelectual, o primeiro queria convencer os franceses a conservar a herança monumental que tinham e o segundo queria fundar uma nova arte de construir. O monumento histórico, portanto, pode se dirigir à sensibilidade e ao sentimento.

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