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A REPÚBLICA DAS BANANAS: filosofia e sociologia sem retorno econômico-social?

Por:   •  14/8/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.915 Palavras (8 Páginas)  •  123 Visualizações

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A REPÚBLICA DAS BANANAS: filosofia e sociologia sem retorno econômico-social?¹

Luis Fernando da Silva Maciel²

Winston Silva Cutrim Campos³

1 DESCRIÇÃO DO CASO

O presente trabalho tem por motivação discutir as recentes declarações dadas pelo atual governo brasileiro, em que põe em cheque as Ciências Humanas, em especial a filosofia e a sociologia, e dentro dessa perspectiva, fazemos o questionamento: qual a importância da filosofia e sociologia para a sociedade? Para tentar responder tal questionamento, iremos fazer a relação das medidas pensadas pelo atual governo brasileiro com “O mito da caverna”, uma passagem da obra “A República”, criada pelo filósofo grego Platão, que consiste na tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos, e o que seria necessário para atingir a verdade, baseada na razão acima dos sentidos.

Platão constrói o Mito da Caverna ao descrever um lugar onde os habitantes que ali se encontram não conhecem a realidade externa. E, eles se negam a conhecer outra realidade que não seja aquela a que estão habituados. Com esta metáfora Platão propõe que os humanos busquem a saída do mundo dos sentidos, das impressões, para chegar ao mundo das ideias por meio do conhecimento.

2 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO CASO

Aqui vamos discorrer sobre a importância da filosofia e sociologia, como base não somente para a formação de pensamento crítico, mas também da sua contribuição na montagem dos arranjos institucionais jurídicos e políticos que garantiram a integração e a coesão social das sociedades modernas.

Muito se fala da existência de um ‘doutrinação’ nas aulas dessas matérias, prejudicando o país e a educação, alegando que as disciplinas formam pessoas subversivas. Dentre os que defendem essa tese temos o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que estuda descentralizar investimentos para instituições de ensino superior, voltadas para Ciências Humanas, com a justificativa de que há a necessidade de aplicar as verbas em áreas que supostamente dariam retorno financeiro mais rapidamente, como engenharia e medicina, por exemplo.

Por outro lado, temos pessoas, entidades, instituições que se opuseram a esse tipo de declaração e a essa medida apresentada pelo governo, reiterando a importância dos estudos nas áreas da sociologia e filosofia, já que os conteúdos das áreas de Ciências Humanas são tão importantes quanto os de assuntos mais técnicos, pois podem ser vistos como auxiliadores da construção de uma sociedade crítica, moderna e solidário.

Em linhas gerais, o objeto da filosofia é a formação de base teórica e crítica que permita pensar, livremente o que é o ser humano. A construção do pensamento crítico tem resultados significativos, com repercussões práticas e diretas em todos os outros ramos do saber. A liberdade de pensamento está na base tanto da filosofia quanto da educação.

Segundo Carvalho (2011), a sociologia é uma ciência da modernidade relativamente nova em relação às outras, e em sua essência, ela se contrapõe à visão acrítica baseada no senso comum, que explica a sociedade apenas como uma soma de diferentes instituições sociais. Sendo assim,

A Sociologia é um assunto com implicações práticas importantes para nossa vida, visto que ela pode contribuir para uma crítica social, uma reforma da prática social, de diversas formas: melhora os conhecimentos relativos às circunstâncias sociais em que estamos envolvidos; permite a construção de políticas baseadas em valores culturais divergentes e, o mais importante, propicia uma explicação que permite a grupos e indivíduos compreenderem e alterarem suas próprias condições de vida, influenciando seu próprio futuro. (GIDDENS, 2005)

De acordo com Araújo e Lima (2015), a sociologia e a filosofia dão aos estudantes a oportunidade de terem contato com formas de conhecimento cujas dimensões políticas de seu ensino são capazes de desencadear uma leitura crítica, reflexiva e desnaturalizada sobre a realidade social, dessa forma podendo contribuir no estabelecimento da justiça social e para o desenvolvimento das competências humanas, e também para a manutenção da vida e da dignidade.

O mito da caverna de Platão é uma teoria desenvolvida a respeito da percepção humana, onde ele utilizou o mito para explicar que o conhecimento adquirido através das sensações não passa de uma opinião, e que para transformá-la em conhecimento real, é necessário fazer isso através da racionalização filosófica.

Uma das várias funções da educação é abrir um leque com opções e estimular cada pessoa a seguir o seu próprio caminho. O que a filosofia traz, como princípio de toda educação, é ensinar a pensar, e num sistema onde se enxerga certo autoritarismo, pensar diferente não é bom.

A saída da caverna se dá por meio da educação. Por isso é um processo gradual. Neste processo encontramos dificuldades que são as resistências àquilo que é novo, que é diferente, mas conseguiremos vencer por meio da crítica, para não aceitarmos passivamente as coisas. 

O autoritarismo permite que decisões, mesmo que erradas, sigam, e podendo ir muito longe, devido à falta do confronto de ideias, de outra ótica, de uma discussão/diálogo que permita às pessoas inseridas num determinado sistema tenham voz, e participem das decisões de forma mais direta o que permeia às próprias vidas.

Numa sociedade é preciso haver espaço para divergências, questionamentos, exposição de ideias, pois essa variedade é o que faz a sociedade culturalmente e socialmente rica. Ainda assim, com liberdade de pensamentos não se deve aceitar ideias que tentam justificar uma descentralização de investimento na filosofia e sociologia, pois assim extingue o pensamento crítico.

Esse apego à ignorância e ao que é obscuro, faz remeter aos prisioneiros da caverna da obra de Platão, que não viram o mundo lá fora, o real, e talvez isso justifique a rejeição pelo livre pensar e a falha percepção de que a filosofia e a sociologia são inúteis. Isso apenas exprime a intenção que a educação forme espírito crítico nas pessoas.

2.1 Descrição das possíveis soluções

O que fica apara análise de caso é o seguinte: “As medidas do governo brasileiro na pessoa do ministro Abraham Weintraub, da Educação, querendo dragar verbas dos cursos de filosofia e sociologia e investir firme em ofícios que gerem renda estão na contramão do pensamento filosófico de Platão em relação a política e educação.”

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