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A LICENCIATURA EM PEDAGOGIA TRAJETÓRIA DE LETRAMENTO

Por:   •  3/4/2022  •  Resenha  •  955 Palavras (4 Páginas)  •  84 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

TRAJETÓRIA DE LETRAMENTO

DOCENTE: ÂNGELA RAMALHO
DISCENTE: THOMAZ VIRGINIO JORDÃO

RECIFE, PE

2021

Recife, 28 de abril de 2021.

Olá professora Ângela, como vai?

Como solicitado, estou mandando as memórias que tenho sobre minha trajetória de letramento, mas em formato de carta. Confesso que tive um pouco de trabalho pra fazer essas memórias. Falar de si geralmente é complicado, né? Mas acredito que consegui pensar em momentos marcantes para mim.

Pelo que me lembro, tudo começou com o letramento escolar, por volta dos 6 anos... Sempre tive afinidade com as letras e a arte. Adorava caprichar bem em tudo que fazia, desde muito novo. Demorava bastante para escrever porque sempre apagava uma letra que achava feia e isso sempre me fazia ser o último a terminar todas as atividades. Lembro que meus colegas de turma sempre me zombavam: “vai ficar na sala escrevendo”, “nem vai brincar com a gente”, “também, ele escreve com o braço errado”. Ah, sim... Ainda tinha esse “problema” em minha época de escola. Eu sou canhoto e tinha muita vergonha disso porque muitas pessoas diziam que era diferente e eu não queria ser diferente!

Meus pais, que haviam desistido de estudar sempre me orientavam: “escreve com o outro braço menino”. Mas, por mais que eu tentasse minhas letras sempre saiam feias e eu odiava tudo aquilo. Até tentei, nas horas vagas, “treinar” minha escrita com o braço direito, mas era inútil. Eu teria que aprender a escrever do zero e a escola não esperaria...

Por muito tempo eu tentei esconder que era canhoto, mesmo sendo muito elogiado quanto a minha letra e escrita. Quando alguém mais velho me via escrevendo sempre vinha aquela típica pergunta que já sabiam a resposta: “Ooooolha, tu és canhoto, né?” Eu ficava vermelho de tão tímido. Alguns mudavam de assunto na hora e outros complementavam: “Ah, tu escreves com as duas mãos, né?” Eu timidamente concordava.

Mas o que minha história de ser canhoto tem a ver com o meu letramento? Simples! Porquê foi a partir disso que eu parei de tentar me encaixar nos padrões sociais e passei a me aceitar como eu de fato era. A autoaceitação me fez tão bem que comecei a escrever pequenos poemas para pessoas próximas a mim, isso com 12 anos de idade. Aos 15 eu já refletia em meus poemas quem eu era e o que sentia:

Feridas

O espelho que são meus olhos
Refletem quem eu sou
Triste e angustiado
Como alguém que já chorou
Lágrimas o suficiente
Que o rosto encharcou

E as marcas de luta
Que expressam emoção
Estampam hoje em meu coração
A trajetória sofrida do meu ser cidadão
Machucado, sofrido, mas nunca vencido
Pela sociedade ignorante
Que quer me ver ao chão

Thomaz Jordão

Minha trajetória de letramento foi marcada por muita dor, não por ter alguma dificuldade em escrever ou compreender o mundo, mas pelo fato de a sociedade estar sempre apontando o dedo pra mim, seja em minha infância, por eu ser canhoto, seja em minha adolescência, por minha sexualidade. Aos 20, através de meus poemas, também pude expressar meus sentimentos àqueles dos quais me apaixonei, mas não podia dizê-los.

Pensamentos

Seu jeito simples e diferente

Mexeu com meu coração

Que palpita alegremente

Sempre que ouve a canção

Do imaginar nós dois de frente

Olho no olho, que emoção

Thomaz Jordão

Precisei de tempo para superar esses traumas e uma coisa que me ajudou muito foi o RPG (jogo de interpretação de papéis) de mesa, por volta dos 22 anos. Tudo que você precisava era de um pedaço de papel, lápis, dados e a imaginação. Foi nesse momento que eu vi que poderia ser o que quiser! O RPG de mesa levou minha autoestima ao extremo e contribuiu bastante em minha trajetória de letramento. Eu escrevia e lia muito, sobre tudo. Isso me fazia pesquisar bastante e consequentemente aprimorar meu senso crítico. Passei a escrever sobre assuntos diversos, desde anime japonês à filmes norte-americanos. Refazendo-os como eu gostaria que fosse. Até cheguei a fazer parceria com um desenhista profissional, amigo meu, para juntos escrevemos um mangá (história em quadrinhos japonesa). Infelizmente nosso projeto não chegou a ser finalizado por problemas pessoais, mas a experiência foi incrível. Estudei bastante como se fazer roteiros e transferir isso para os balões de falas dos personagens.

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