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ANTROPOLOGIA CULTURAL E EDUCAÇÃO

Por:   •  18/2/2017  •  Artigo  •  4.475 Palavras (18 Páginas)  •  951 Visualizações

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RESUMO

Este estudo tem como foco a Discriminação Racial para com Professoras na Rede de Ensino. Os sujeitos envolvidos no processo educacional - professores, professoras, alunos, alunas, pais e mães - constroem diferentes identidades ao longo da sua história de vida e profissional. Sabe-se que escola é um dos espaços que mais provocam interferências no processo de construção das identidades, pois é na escola que o indivíduo permanece um longo tempo de sua vida, e estas experiências deixam marcas profundas nos indivíduos que conseguem ter acesso à educação escolar. Lutar contra a discriminação racial e de gênero percebidas nas práticas pedagógicas não é tarefa fácil. A forma de preconceito racial mais vista, é no campo do discurso, da fala e dos valores. Percebe-se o preconceito, quando verifica-se a quantidade de professoras negras existentes em relação ao total geral de professoras atuando. Assim, o que se percebe é que a mulher negra mesmo portadora das competências e habilidades concretas exigidas para o exercício da profissão docente é, constantemente, questionada em relação à sua competência, em especial a sua capacidade intelectual, “devido aos estereótipos, social e culturalmente construídos, atribuídos ao negro, em particular à mulher negra”.

Palavras-chave: Preconceito racial; Professora Negra; Rede Estadual.

INTRODUÇÃO

Sabe-se que a escola é um dos espaços que mais provocam interferências no processo de construção das identidades, pois o indivíduo permanece um longo tempo de sua vida na escola, e estas experiências deixam marcas profundas nos indivíduos que conseguem ter acesso à educação escolar. Essas marcas podem influenciar positiva ou negativamente na vida dessas pessoas. Nesse estudo o que se pretende é estudar se a discriminação racial para com as professoras negras tem alguma relação com essas marcas, ou são fatores sociais, culturais ou econômicos, que influenciam em número tão baixo de professoras negras em nossas salas de aula.

Apesar de a população possuir grande parcela de mulheres negras o que se percebe é que temos bem poucas delas atuando em salas de aula. Segundo Silva (2008) o que se verifica, “é que mesmo qualificada, a professora negra tem sua competência profissional constantemente posta em xeque, tanto por alunos quanto por outros professores, coordenadores e diretores de escola”. Assim, o que se percebe é que a mulher negra mesmo portadora das competências e habilidades concretas exigidas para o exercício da profissão docente é, constantemente, questionada em relação a sua competência, em especial a sua capacidade intelectual, “devido aos estereótipos, social e culturalmente construídos, atribuídos ao negro, em particular à mulher negra”.

Percebemos que em nossa sociedade a mulher negra vive uma continuação da realidade existente na época da escravidão, com poucas mudanças, pois analisando a escala social, ela permanece em último lugar, carregando as desvantagens do sistema injusto e racista do país.

Segundo Silva (2003), a pobreza e a marginalidade a que é submetida a mulher negra só serve para reforçar o preconceito e a interiorização da condição de inferioridade a qual é submetida, essa situação é responsável por inibir a reação e luta contra a discriminação sofrida. “O ingresso do negro no mercado de trabalho, ainda criança, e a submissão a salários baixíssimos reforçam o estigma da inferioridade em que muitos negros vivem”. No entanto, apesar das barbáries do racismo ao qual são submetidas, “há uma parcela de mulheres negras que conseguiram vencer as adversidades e chegar à universidade, utilizando-a como ponte para o sucesso profissional”.

Apesar das dificuldades, algumas mulheres negras vivem as experiências de uma espécie de transição de grupo social, ou seja, mobilidade social, processada em “ritmo lento”, pois além do histórico da escravidão, ser negra no Brasil, na maioria dos casos, significa empecilho na trajetória da busca da cidadania e da ascensão social.

Segundo Gomes (2000) a democratização da educação tem contribuído no processo de rompimento histórico-social das mulheres negras na área da educação. “Esse processo é fruto de múltiplas lutas dos movimentos sociais e da classe trabalhadora por uma justa inserção na sociedade e, mais especificamente, na escola”. As mulheres negras têm presença constante nos movimento e lutas sociais e formam uma parcela significativa da classe trabalhadora. A expansão da escola pública é um movimento que afetou o e ainda afeta a classe trabalhadora, o que é preciso saber, é como esse movimento afeta o universo feminino, em especial ao universo das mulheres negras. “A luta pela escola e por melhores condições de vida, nessa perspectiva, sempre foi e será a luta das mulheres e da comunidade negra”.

Segundo Viana (2008), além da dificuldade para ascender profissionalmente, para que as mulheres negras conquistem melhores cargos no mercado de trabalho despendem muito mais força que outros setores da sociedade, em muitos casos pagando um preço alto demais pela conquista. Além de comprovar a competência, essas mulheres têm que lidar constantemente com o preconceito e a discriminação racial exigindo assim, maiores esforços para a conquista do ideal pretendido. O fato de ser mulher já é um complicador, mas, somando isso questão da raça, as dificuldades só fazem aumentar.

Paul Singer (1998) afirma que,

À medida que a mulher negra ascende, aumentam as dificuldades especialmente devido à concorrência em serviços domésticos que não representam prestígio não há concorrência e conseqüentemente as mulheres negras têm livre acesso e é nesse campo que se encontra o maior número delas. A população negra trabalha, geralmente, em posições menos qualificadas e recebe os mais baixos salários.

Como é possível perceber as dificuldades encontradas pela mulher para entrar no mercado de trabalho são muitas e essas dificuldades aumentam ainda mais quando essa mulher é negra.

Para realização deste estudo foram feitas pesquisas bibliográficas, e também uma pesquisa de campo com a aplicação de questionário às professoras.

A MULHER NEGRA CONQUISTANDO ESPAÇO NA SOCIEDADE

Segundo Viana (2008) o conceito de raças humanas permite supor que existe uma hierarquia em cujo topo permanece, evidentemente, o homem branco, superior e desenvolvido. E na parte inferior é possível encontrar os povos africanos e outros de pele escura, vistos como "incapazes", "preguiçosos",

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